
Provas, trabalhos em grupo e outras variações de atividades valendo nota são elementos bastante claros na vida de qualquer universitário. Mas quando se fala em horas complementares surgem algumas incertezas. Perguntas sobre a quantidade de horas necessárias e sobre o que vale ou não vale estão entre as mais comuns.O objetivo oficial das horas complementares é a flexibilização curricular, permitindo ao aluno ter experiências relacionadas à sua área fora da sala de aula.
Embora o nome possa soar como algo opcional, as horas complementares, também chamadas de atividades complementares ou de formação, são obrigatórias em toda instituição de ensino superior e tratam-se de prática regida por diretrizes nacionais. Sem cumpri-las, o aluno não pode se formar.
Autonomia
A coordenadora de Políticas de Ensino da Universidade Fede-ral do Paraná (UFPR), professora Maria Lúcia Accioly Pinto, explica que cada instituição ou curso tem autonomia para definir a quantidade de horas que exigirá e as regras sobre o aproveitamento das várias atividades possíveis, mas há um conjunto de práticas que geralmente são sempre aceitas. Participação em congressos, simpósios, palestras, cursos de extensão e trabalhos voluntários são as mais comuns.
Oportunidades
Mais do que uma exigência burocrática, as horas complementares podem ser uma boa oportunidade para adquirir vivência profissional ou participar das principais discussões da comunidade acadêmica de cada área, como nos casos dos congressos e simpósios.
Para o professor João Henrique Faryniuk, diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), merece destaque o espaço dado para as ações de cidadania. "A formação precisa ser comprometida com a realidade social. Por meio dessas atividades um aluno de Medicina, por exemplo, fica sabendo de linhas de trabalho social que pode desenvolver", diz o professor.
O aluno do curso de Biomedicina da UTP, Rodrigo de Brito Gonçalves, 26 anos, é um exemplo de quem soube aproveitar as atividades fora de classe. Estudante do oitavo período, ele completou as 170 horas exigidas há um ano, mas não se contentou em cumprir a obrigação e foi além. "Já participei de ações na Pró-Renal, na Cruz Vermelha, de palestras. É um contato que eu dificilmente teria se estivesse fora da universidade, então até hoje faço tudo o que aparece", conta Rodrigo, que deixa a dica de sempre se lembrar de pedir certificados. "Não adianta dizer que fez, tem de provar".
Conversão
Um aspecto das horas complementares que costuma confundir os alunos são os sistemas de conversão do tempo empenhado em determinada atividade para a quantidade de horas complementares que serão consideradas. "Sendo pertinente ao curso nós validamos a carga horária total, mas não consideramos a totalidade se entendermos que a atividade é parcialmente conexa", explica a professora Maria Carolina Kenap, da Supervisão de Atividade Complementares do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba).
Algumas universidades adotam tabelas que orientam quanto vale em horas cada atividade. É o que fazem os departamentos da UFPR, que trabalham com valores fechados definidos pela coordenação para transformar um curso de extensão de 120 horas, por exemplo, em 40 ou 80 horas complementares.



