Uma série de mudanças nas regras de estágio para estudantes de Comunicação Social da UFPR preocupa universitários de Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Relações Públicas. Estudantes ouvidos pelo Vestibular discordam de pelo menos duas normas: a diminuição do número máximo de horas diárias de estágio, de seis para cinco; e a obrigatoriedade de que o estagiário tenha concluído pelo menos 50% do curso. O novo regulamento foi aprovado pelo colegiado de Comunicação no início de dezembro, durante as férias escolares.
Como a maioria das empresas oferece estágios de seis horas, os alunos temem perder oportunidades. Aluna do 3.º ano de RP, Thatiana Coimbra Bergantin, 21 anos, diz que passou pela seleção nacional de uma empresa de telecomunicações depois de deixar para trás 15.500 candidatos, mas a coordenação do curso se negou a liberar o contrato. "Iniciei as atividades em fevereiro e estou à deriva, esperando um resultado. Se eu não puder fazer o estágio de seis horas, as outras 15 mil pessoas poderão."
Enquanto Thatiana conseguiu manter temporariamente o acordo com a empresa, sua colega Luíza Lass, 21 anos, precisou alterar a jornada para cinco horas. Por causa da mudança, a bolsa paga pela empresa foi reduzida em R$ 114. "Esse valor vai fazer falta", diz. Azar maior teve a estudante Fernanda Conceição, 19 anos. Ela não conseguiu renovar o estágio que fazia no setor de cerimoniais da Reitoria da UFPR. "O meu cargo provavelmente será ocupado por um estudante de universidade particular", reclama.
Justificativa
Segundo a aluna de Jornalismo Patrícia Herman, 21 anos, representante do Centro Acadêmico de Comunicação Social, a universidade alega que um estágio com mais de cinco horas prejudicaria a participação nas aulas, realizadas de manhã e à noite. Os estudantes rebatem a afirmação. De acordo com eles, há poucas aulas noturnas e elas não ocorrem durante todos os semestres.
Além de as aulas serem em período integral, o coordenador em exercício do curso de Comunicação Social da UFPR, Itanel Bastos de Quadros Junior, explica que os estudantes precisam cumprir 720 horas de optativas. "Tivemos casos de alunos que por causa do estágio alongaram a permanência na universidade. Em vez de concluir o curso em quatro anos, eles ficaram seis, ocupando uma vaga pública", afirma. Quanto à proibição para quem ainda não chegou à metade da graduação, ele diz que nos primeiros anos os estudantes têm poucas disciplinas de formação específica, fundamentais para a atividade. "Talvez numa instituição privada não exista essa preocupação, porque a bolsa ajuda a subsidiar o pagamento da mensalidade."
O professor ressalta que os estudantes têm duas vagas no colegiado e tiveram a oportunidade de participar das discussões do órgão. Mesmo assim, ele diz que as reclamações serão avaliadas na próxima reunião ordinária do colegiado, agendada para a primeira semana de abril.
Interatividade
Seu curso também está com problemas?Escreva para: vidauniversitaria@gazetadopovo.com.br.



