As provas de matemática costumam ser extremamente temidas pelos vestibulandos, principalmente por aqueles que não levam muito jeito para a área de ciências exatas. A boa novidade é que aquela avaliação de "decoreba" de fórmulas e alta concentração de números está sumindo. A tendência das questões é explorar mais o raciocínio do aluno, serem mais contextualizadas e até interdisciplinares.
Segundo o professor Neusarth Moraes, do curso Dom Bosco, as provas tem textos, relativamente extensos, que explicam problemas, principalmente do cotidiano. O vestibulando deve saber tirar do enuciado as informações necessárias para responder as perguntas. "São questões que levam em conta a interpretação de texto. Português, para resolver uma prova de matemática, é fundamental", afirma.
Esse fato abre espaço para a ação da interdisciplinaridade em algumas questões, que cobram, por exemplo, relações de probabilidade e genética. "O cruzamento de disciplinas também é enfatizado pela diminuição de questões para abranger todo o conteúdo do programa. É a tendência lógica", completa Moraes, deixando a dica: "estatística é o assunto da moda. Na federal é líquido e certo".
Segundo o professor Emerson Marcos Furtado, do curso Positivo, mesmo os assuntos variando entre as universidades, a tendência da contextualização é resultado da sintonia das equipes que elaboram as provas com o que está sendo feito nos vestibulares pelo Brasil. "É uma matemática viva, ligada ao cotidiano, que explora a situação e raciocínio. Por exemplo, uma das questões pode pedir para analisar um tanque de carro e calcular quantos litros de gasolina cabem nele", explica Furtado.
No entanto, não é de hoje que isso vem acontecendo. Segundo o professor Edegart Pedroso, do curso Decisivo, a mudança é gradual, mas ganha força desde que o Enem começou a ter mais destaque. "Não basta o aluno saber matemática o aluno tem que saber interpretar", afirma.
De acordo com Marco Aurélio Kalinke, professor do Curso Expoente, as questões de raciocínio lógico, dedutivo, sem formulas são maioria. No entanto há vestibulares que ainda são mais tradicionais. É o caso da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), o antigo Cefet. "É uma exceção. Eles ainda cobram a maior quantidade de matemática pura", afirma.
No que diz respeito ao conteúdo, para o professor Jacir Venturi, diretor do curso Unificado, não deve haver surpresas neste vestibular de inverno. Os tópicos da matemática são basicamente os mesmos. Há, sim, uma diferenciação de exigência. "A UTFPR exige mais em todas as disciplinas, inclusive na matemática. É uma prova muito bem distribuída e bem elaborada. Não seria responsável dizer que um tópico é mais importante que outro", afirma Venturi.



