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exceção

Você pode estudar de graça nessa faculdade americana. Com uma condição: trabalhar pesado

No College of Ozarks, não há qualquer cobrança de mensalidade. Em troca, alunos precisam trabalhar duro 15 horas por semana

Aluna trabalha no caixa de restaurante no College of Ozarks:  modelo único | Divulgação / College of Ozarks
Aluna trabalha no caixa de restaurante no College of Ozarks:  modelo único (Foto: Divulgação / College of Ozarks)

A crise no financiamento do ensino superior é um problema grave nos Estados Unidos: 44 milhões de estudantes ou ex-estudantes têm dívidas relacionadas à faculdade. Inflados pela garantia de verbas federais, os preços das mensalidades não param de subir. Num país onde mesmo as universidades públicas custam caro, e onde más decisões do governo pioraram o cenário, o assunto se tornou um tema central na pauta nacional. Mas, para os alunos de uma faculdade, isso não é problema. 

O College of Ozarks, no interior do Missouri, tem uma política que parece irreal, mas têm se mostrado eficiente há mais de um século: ensino gratuito em troca de algumas horas de trabalho pesado. Quinze horas por semana, para ser preciso, além de uma semana de 40 horas a cada semestre, geralmente durante feriados. 

Muito mais do que uma forma de poupar dinheiro, a exigência de trabalho é uma filosofia quase espiritual da instituição, que se define como cristã interdenominacional e tem perfil conservador. “Estamos fazendo com que os estudantes sejam parte de algo, que eles conquistem a própria educação. É diferente de emprestar dinheiro”, disse Valorie Coleman, diretora de relações públicas da instituição, à Gazeta do Povo

A faculdade é dona de uma propriedade rural completa que vende produtos para estabelecimentos na região. Trabalhar ordenhando vacas (às 5 da manhã), cuidando do plantio ou operando as máquinas de processamento de carne são algumas das opções disponíveis aos alunos, que precisam passar por entrevistas antes de conseguir os “empregos” e são tratados como trabalhadores, não estagiários. 

Também existem serviços mais leves: a faculdade é dona de um hotel com 15 suítes, um espaço para reuniões e um restaurante muito concorrido, todos abertos ao público geral (e bem recomendados na internet). Nesses locais, é possível arranjar um trabalho cozinhando, lavando pratos ou atendendo o público. 

Ao todo, o College of Ozarks tem cerca de 1.500 alunos de 18 países – alguns brasileiros já passaram por lá, mas nenhum está matriculado no momento. A faculdade costuma aparecer entre as primeiras colocadas nos rankings regionais.

Por causa da gratuidade, o College of Ozarks tem alta procura. A taxa de aceitação gira em torno dos 12%, menor do que universidades conceituadas como Berkeley. Não é por acaso: por ano, o custo médio das mensalidades nos Estudos Unidos é de 35 mil dólares (cerca de 110 mil reais). Nas universidades de elite, o valor pode até dobrar. 

O College of Ozarks tem por política oferecer 90% de suas vagas a alunos de baixa renda. Mesmo para os outros 10%, não há cobrança de mensalidades. “Muitas faculdades nos ligam todo ano para perguntar sobre o nosso modelo”, diz Valorie. 

Mas, apesar dos empreendimentos comerciais e dos recursos poupados com a força de trabalho estudantil, a faculdade – que recusa qualquer auxílio federal – não conseguiria pagar suas contas sem um grupo de doadores regulares que contribui para manter a instituição de portas abertas. 

“É simples de fazer? Não. Mas é possível? Com certeza”, diz Valerie.

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