
Alunos e professores da Universidade Yale, uma das mais importantes dos Estados Unidos e do mundo, deixaram a região metropolitana de Curitiba ontem com uma missão: ajudar na elaboração de um plano de negócios que sustente o Centro de Educação João Paulo II (CEJPII), em Piraquara. O local será inaugurado no dia 27 e, a partir de 5 de abril, oferecerá a 200 crianças a chance de estudar em uma escola que conta com carteiras novinhas, brinquedoteca, biblioteca, playground e até sala para dança.
A escola receberá 100 crianças com idade entre 3 e 5 anos, e outras 100 do ensino fundamental do Colégio Júlia Wanderley, em Piraquara. O centro, projetado para atender portadores de necessidades especiais e colocar os alunos em contato com a natureza, foi inteiramente construído com a ajuda de empresas e famílias, que doaram no total R$ 1,6 milhão para as obras. Com o início das aulas, o desafio será encontrar novos parceiros que se comprometam a ajudar na manutenção da escola é onde entra a turma que veio de Yale para conhecer o CEJPII.
Antes mesmo de as obras terminarem, o professor Belmiro Valverde Castor, idealizador do projeto, já havia inscrito o CEJPII em um programa da universidade norte-americana que tem por objetivo ajudar iniciativas sociais em países em desenvolvimento. "Quem me falou do projeto foi um amigo de São Paulo, ele sugeriu que nos candidatássemos. Mandei um relatório com informações sobre o centro e logo veio a resposta positiva", conta.
O programa, chamado Global Social Enterprise (em uma tradução livre em português, "Empresa Social Global"), escolhe a cada ano em torno de cinco projetos sociais que terão a assessoria de alunos e professores da escola de Administração da instituição, a Yale School of Management. Em atividade desde 2005, o GSE já esteve no Brasil (em 2007), em Madagascar, na África do Sul, na Colômbia e na Tailândia. Nesse ano, ajudarão o CEJPII e mais outras quatro iniciativas brasileiras a estruturar seus planos de negócios e captação de fundos para ajudar na manutenção e na sustentabilidade dos projetos.
Longo prazo
"O Centro possui todos os recursos para colocar a escola em funcionamento, mas nós queremos ajudá-lo a planejar sua estratégia de arrecadação de fundos para os próximos anos", explica uma das estudantes participantes, Julia Kennedy. Durante a estada do grupo, que passou cinco dias em Curitiba, foram realizados encontros com educadores, ONGs e financiadores. "Esses encontros não têm como objetivo pedir dinheiro, mas sim entender como essas empresas se sustentam, como começaram e o perfil dos projetos apoiados por eles. Com essas informações, podemos ajudar o centro a planejar estratégias futuras", observa outro estudante, Sid Ratnaswamy.
De volta aos Estados Unidos, os estudantes irão analisar todos os dados coletados e elaborar um modelo de financiamento para a escola. Com base nos encontros com fundações e empresas, também será criado um plano de fundos. Por fim, os estudantes devem apresentar suas conclusões aos professores. "Com base no retorno dado por deles, iremos concluir ambos os planos e mandá-los para o professor Belmiro", finaliza Julia.
O professor, que tinha a ideia de criar uma escola desde os tempos em que foi secretário de Educação (de 1987 a 1988) no governo de Alvaro Dias, conta que a manutenção da escola custará em torno de R$ 70 mil mensais. "Levando-se em conta que vamos atender 200 alunos, cada um deles custará cerca de R$ 350 por mês. É muito pouco, para o resultado positivo que teremos adiante", estima. Sobre os potenciais colaboradores, Valverde conta que está otimista. "Dizem que o brasileiro não tem o hábito de fazer filantropia, mas quando fomos atrás de voluntários para a construção da escola, eu me surpreendi com o retorno. Agora não será diferente", afirma.



