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Ciro Gomes (PDT) lançou sua pré-candidatura com críticas a Bolsonaro, Lula e Moro| Foto: YouTube/Reprodução

O PDT lançou nesta sexta-feira (21) a pré-candidatura do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes. Em um longo discurso, ele não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (Podemos). Os três aparecem na frente dele nas mais diferentes pesquisas eleitorais.

Entre críticas ponderadas e outras mais "rebeldes" — fazendo jus ao slogan da chapa pedetista, a "Rebeldia da Esperança" —, Ciro chamou Bolsonaro de "verdadeiro boçal" e Moro de "lambe botas" do presidente da República. Já contra Lula, o pedetista foi menos agressivo, mas criticou a política econômica nas gestões petistas, que, para ele, teriam "corrompido" o termo "esquerda".

O pedetista destacou que, entre 2010 e 2020, o crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de 0%. Ciro atribuiu isso a um "desmonte e repetição" de um modelo que, segundo ele, vem de "muito tempo". "[Fernando] Collor escancarou a porteira, Fernando Henrique Cardoso preparou a mesa do banquete e Lula condimentou os pratos", declarou. Mesmo atrás do pedetista nas pesquisas eleitorais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também foi criticado. "Doria é uma viúva do Bolsonaro", disse.

O "desmonte" do Brasil referido por ele é apontado como fruto de uma política econômica "elitista" que atende aos "mais ricos". Ciro anunciou em seu discurso que, para mudar isso, vai propor a taxação de grandes fortunas e de lucros e dividendos caso seja eleito. Além disso, disse que modificaria a estrutura tributária, que acabaria com o que chamou de "festival de desonerações", e também falou em revogar a reforma trabalhista e o teto de gastos propostos na gestão de Michel Temer.

Ciro rechaça aliança com PT, chama Bolsonaro de ladrão e Moro de inimigo da República

O pré-candidato do PDT deixou claro que sua candidatura é irrevogável. Em coletiva de imprensa após seu discurso, Ciro Gomes rechaçou uma possível coligação com o PT e voltou a criticar Lula, Bolsonaro e Moro. Também falou sobre a possibilidade de construir alianças e sobre a possibilidade de a ex-ministra Marina Silva (Rede) ser candidata a vice em sua chapa.

Sobre a possibilidade de uma aliança com o PT, Ciro citou casos em que, desde as eleições indiretas de 1985, expõem o que ele considera como um "projeto eterno de poder" de Lula. Relembrou que, em 2018, as pesquisas eleitorais apontavam que ele era o único candidato que poderia derrotar Bolsonaro no segundo turno, mas foi preterido pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT).

"Eu não posso ficar, de novo, sustentando as irresponsabilidades do Lula", comentou. "Lula mentiu que era candidato, travou a disputa e lançou não um candidato petista vitorioso como Camilo Santana [governador do Ceará] ou Jaques Wagner [senador e atual pré-candidato ao governo da Bahia]. Lançou um cara que tinha sido derrotado no primeiro turno [na reeleição à prefeitura paulistana] tirando 16% dos votos e perdendo para os nulos e brancos", disse.

Ciro reforçou que "nunca mais" cederá "capricho do lulopetismo". Sobre Moro, o pedetista disse que não o vê como candidato, mas como um "inimigo da República". "É como tentei fazer com o Bolsonaro lá atrás, só quem atacava o Bolsonaro era eu, tentando dizer sobre o discurso moralista, que ele é o homem da 'rachadinha'. Bolsonaro é ladrão, me processou", disse. "Sérgio Moro é um inimigo da República, não estou vendo nem ele candidato. Espera um pouquinho para você ver", comentou.

Em seu discurso, o presidenciável criticou o "lavajatismo" e se defendeu de um inquérito da Polícia Federal (PF) aberto contra ele e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), para apurar suspeitas de propina na reforma do estádio Castelão, em 2010. "Produziram uma ação injusta e criminosa contra mim", criticou.

"Essa ação foi imediatamente rechaçada por amplos setores da sociedade, estão eles redondamente enganados se pensam que vão me intimidar com esse tipo de abuso e prepotência. Eu sou um homem honesto, meu atestado são meus 40 anos de vida pública sem nunca ter respondido a qualquer processo de corrupção", sustentou.

Ciro sinalizou despreocupação em relação à formação de coligações e disse que construirá aliança com "quem estiver comprometido com a mudança do modelo econômico e do modelo de governança político". Nesse contexto, ele lembrou que Bolsonaro é filiado, hoje, ao PL, partido presidido nacionalmente por Valdemar Costa Neto, que, em suas palavras, "foi condenado como ladrão" no escândalo do mensalão. "Porque o Lula deu o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] para o Valdemar roubar", acusou.

O PDT mantém diálogos com a Rede Sustentabilidade sobre uma possível coalizão, mas Ciro não bancou Marina como sua vice na chapa. "No meu arco de alianças idealizado, não sei se vou conseguir, a Rede, da Marina, faz parte, mas vice não sou eu que diz isso neste momento porque é muito precoce ainda", disse. "Ela tem todos os dotes para ser uma presidente do Brasil, portanto, não é justo que eu mencione a Marina Silva como vice", justificou.

Economia permeia o discurso de pré-candidatura

Em claro ritmo de campanha, Ciro Gomes carregou seu discurso com promessas de governo em caso de vitória nas urnas. O foco foi a economia. Disse que desmontaria o tripé macroeconômico vigente — de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário — e prometeu uma "economia moderna sem déficits fiscais".

"Quem está prometendo isso sou eu, que já foi prefeito, governador, ministro da Fazenda e que não teve um dia sequer de déficit e trabalhou com inflação controlada e proporcionou grandes obras e projetos. Sei da importância de um país viver sem inflação e com equilíbrio nas contas, sei como fazê-lo, sei da importância do equilíbrio fiscal", declarou.

Entre as propostas apresentadas, Ciro destacou seu Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O presidenciável prometeu abrir espaço para o financiamento do crescimento do país sem "sacrificar os mais pobres", sem "levar o Brasil à estagnação" e sem "especulação". "Precisamos fazê-lo não para agradar banqueiros, mas para não ficarmos às entregas", ponderou.

O pedetista prometeu que, se eleito, sua proposta do PND não seguiria um projeto nacional de desenvolvimento estatizante como nas décadas anteriores à redemocratização. "Mentem descaradamente os que dizem que nosso projeto nacional de desenvolvimento é baseado em velhas políticas estatizantes", afirmou.

O presidenciável do PDT disse que sua proposta desenvolvimentista seguiria um pacto entre os setores público e privado capaz de orientar "metas traçadas e pactuadas" entre ambos os setores, em um desenvolvimento científico e tecnológico. Ciro defendeu um setor público "dinâmico e moderno" monitorado com cobranças de resultados e premiações de "bom desempenho".

Embora tenha rejeitado comparações com programas desenvolvimentistas keynesianos empregados no Brasil e no mundo após a Segunda Guerra Mundial, Ciro defendeu um Estado que "saiba investir em setores estratégicos" e que possa atender ao "interesse imediato". Acusou de "balelas do neoliberalismo" o que chamou de "farsante discussão" sobre Estado mínimo e Estado máximo.

"O que interessa é o Estado inteligente, que atue junto ao setor privado e abra com ele as portas do conhecimento", disse Ciro. "Eu sou, talvez, o pré-candidato que mais fala de macroeconomia e o único que tem plano delinear publicado em livro para discutir com a sociedade. Quero ser o candidato que anuncia com transparência e coragem atos práticos e concretos para melhorar a vida da população e do país", comentou.

Educação, emprego, segurança, moradia, corrupção: quais as promessas de Ciro

Ao longo do discurso, Ciro Gomes voltou a defender seu projeto para quitar débitos de consumidores no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e no Serasa, apresentado na campanha presidencial de 2018 sob o nome de Nome Limpo. O presidenciável disse que os milhares de "privilegiados" poderiam começar a "tremer de medo".

"Vou resolver, sim, o endividamento de mais de 63 milhões humilhados no SPC e Serasa. Podem tremer de medo as cinco ou seis famílias de banqueiros e especuladores que lucram com a humilhação do povo e vibrem de esperança os milhões de pais de família que vão se beneficiar com a recuperação do poder de compra", declarou.

O pedetista também falou em mudar a "criminosa" política de preços da Petrobras, a fim de reduzir o preço dos combustíveis. Disse que corrigiria os "desvios macroeconômicos" e transformaria seus resultados em "obras e projetos". Prometeu lançar um plano emergencial de "pleno emprego" que abriria 5 milhões de postos de trabalho nos dois primeiros anos.

O presidenciável falou em facilitar o acesso dos mais pobres à internet com wi-fi "gratuito" em bairros mias pobres e se comprometeu a financiar smartphones em até 36 meses sem juros. Segundo ele, faria disso uma "ferramenta de política industrial".

Para a educação, ele falou em lançar um curso de capacitação e cursos profissionalizantes. "Vamos implementar o modelo minha escola, meu emprego, meu negócio, unindo ensino, trabalho e assistência profissional garantindo estágios remunerados para a juventude", avisou. "Construirei escolas de tempo integral nos bairros mais pobres", complementou.

Na área da moradia, Ciro falou em implementar um programa de reforma urbana e de regularização fundiária para regularizar a posse do terreno  da casa e outras ações. Também disse que refinanciaria as moradias populares com a contratação de mão de obra "preferencial" de famílias das próprias comunidades.

Na pauta social, Ciro falou em englobar o Auxílio Brasil, o auxílio desemprego e a aposentadoria rural a fim de acabar com o que chamou de "verdadeira manipulação" do povo mais pobre. Também disse que voltaria a criar estoques reguladores de arroz, feijão e outros cereais para reduzir o preço dos alimentos, além de prometer um programa que asseguraria gás de cozinha para famílias de até três salários mínimos.

Na pauta ambiental, falou de incentivar outras fontes de energia e propor alterações na forma de produção de carnes e outros alimentos a fim de estimular a preservação do meio ambiente. "Vamos mostrar que a floresta em pé vale, incomparavelmente, mais do que ela derrubada", afirmou.

O pedetista também falou em enfrentar a corrupção como uma "tarefa de Estado" e prometeu fortalecer o trabalho dos órgãos de controle. "Não haverá espaço para estrelismos e nem para espetáculo de conquistas de plateia e eleitores". Ciro prometeu modernizar a Polícia Federal (PF) e um "rigoroso combate ao crime" através de um "moderno plano de segurança pública antiviolência" que teria a mesma filosofia de divisão de tarefas do Sistema Único de Saúde (SUS), com integração de esforços federais, estaduais e municipais.

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