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O jornalista José Luiz Datena, pré-candidato ao Senado em São Paulo
O jornalista José Luiz Datena, pré-candidato ao Senado em São Paulo| Foto: Isac Nobrega

O jornalista e apresentador José Luiz Datena (PSC) lidera a corrida eleitoral para o Senado em São Paulo. Levantamento do Paraná Pesquisas divulgado no último dia 30 identificou a dianteira de Datena nos três cenários considerados, com seu percentual de intenções de voto variando entre 22,3% e 32,4%. A pré-candidatura do apresentador ganhou corpo após ele divulgar, no último sábado (4), um vídeo em que dizia manter seu projeto político. Horas antes, ele havia veiculado outro vídeo em que indicava uma retirada do seu nome da disputa.

As movimentações de Datena têm peso no jogo eleitoral paulista não apenas pelos números positivos colhidos pelo apresentador. A confirmação de sua candidatura poderá contribuir para alavancar o nome do ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas, pré-candidato ao governo estadual pelo Republicanos, partido que se aliará ao PSC em São Paulo.

Também influenciará em eventuais candidaturas de adversários – seja de nomes já apresentados à disputa, como o do ex-senador José Aníbal (PSDB) e da deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB), seja o de políticos que ainda não confirmaram seu interesse em disputar a vaga, como o ex-governador Márcio França (PSB), que é pré-candidato na disputa pelo Palácio Bandeirantes, mas ainda negocia um eventual apoio a Fernando Haddad (PT).

Um elemento que joga contra o apresentador, porém, é seu histórico de desistências em períodos eleitorais. Nas eleições de 2016, 2018 e 2020, Datena se apresentou como pré-candidato mas acabou retirando o seu nome. As alegações nos três episódios variaram entre fidelidade à Band, emissora para a qual trabalha, e desgosto com a classe política. Em 2018, seu projeto era também a vaga de senador, mesmo posto que pleiteia atualmente. Ele, na ocasião, estava filiado ao hoje extinto DEM e teve uma cerimônia de pré-candidatura realizada pelo partido.

Presidente do PSC em São Paulo, o deputado federal Gilberto Nascimento descarta uma nova desistência de Datena. Segundo ele, os recuos em outros anos foram motivados por impasses partidários, o que não ocorrerá no PSC. "Ele vai ter a legenda aqui", assegurou o parlamentar. O deputado considera Datena "um nome nacional", o que facilita o trabalho de campanha. "Vamos vincular os outros candidatos do partido a ele, reforçar a coligação e tocar o barco", declarou.

As convenções partidárias, atos em que as agremiações formalizam seus candidatos, acontecerão entre 20 de julho e 5 de agosto. Mas Datena precisará se posicionar antes deste intervalo. Isso porque a legislação eleitoral determina que pré-candidatos não podem apresentar ou comentar programas de rádio e TV a partir de 30 de junho. Em 2018, Datena oficializou sua saída da disputa justamente ao apresentar um programa na Band após o início do prazo-limite.

Contra o "fogo amigo"

O jornalista precisará superar resistências dentro dos grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) para ter mais apoio à sua candidatura. Apesar de ser um dos expoentes da chapa "oficial" dos governistas, que é encabeçada pelo ex-ministro Tarcísio, Datena ainda é visto com desconfiança por parte dos apoiadores do governo.

Um dos motivos é a vida política pregressa do apresentador, que foi filiado ao PT entre 1992 e 2015 e, em mais de uma ocasião, mostrou posicionamentos que não se encaixam com as diretrizes de Bolsonaro e seus aliados mais fiéis. Uma prova da imagem variada de Datena é que ele foi convidado pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a ser candidato a vice de Ciro Gomes na disputa presidencial atual.

A deputada estadual Janaína Paschoal e a médica Nise Yamaguchi (PROS) são também pré-candidatas ao Senado e buscarão roubar de Datena o "carimbo" de candidato oficial de Bolsonaro. Paschoal tem um histórico de críticas e aproximações ao presidente da República, mas o momento atual é de aproximação entre as duas partes. Já Yamaguchi ganhou notoriedade por defender o tratamento precoce contra a Covid-19 e ser citada como integrante de um suposto "gabinete paralelo" que Bolsonaro manteria de modo informal para o aconselhar no combate à pandemia de coronavírus.

Paschoal chegou a criticar publicamente Datena pelo fato de o jornalista se posicionar como pré-candidato e, ainda assim, manter sua rotina de apresentador na Band. Segundo ela, o cenário cria uma disputa desigual. Em resposta, Datena ironizou a deputada, ao dizer que ela preferia uma vitória de Lula na corrida presidencial.

Moro sai da disputa pelo Senado em SP

O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) se viu obrigado a mudar os rumos de sua carreira na política após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), desta terça-feira (7), de anular a transferência do seu domicílio eleitoral de Curitiba para São Paulo. A corte entendeu que Moro não tem vínculo efetivo com a capital paulista e, portanto, a alteração de domicílio seria uma fraude.

O ex-ministro não recorreu da decisão e deve voltar ao Paraná. Na terça-feira (14), em Curitiba, ele vai fazer um pronunciamento sobre seu futuro na política, ao lado de lideranças do União Brasil, como o presidenciável Luciano Bivar, o presidente interino da sigla, Antônio Rueda, e o deputado federal Felipe Francischini.

Ainda antes da medida do TRE-SP, Moro já tinha sua pré-candidatura ao Senado pouco sólida. Seu partido, o União Brasil, ainda não definiu seu posicionamento na eleição paulista. A tendência da agremiação é de apoio à reeleição do governador Rodrigo Garcia (PSDB), mas o lançamento de Luciano Bivar como concorrente ao Palácio do Planalto criou empecilhos à adesão.

O vice-presidente do diretório paulista do União Brasil, o deputado federal Júnior Bozzella disse que estava "aconselhando" Moro a considerar uma candidatura à Câmara dos Deputados. Sobre Datena, Bozzella disse considerar o apresentador "um adversário competitivo", mas não fez mais comentários sobre sua eventual candidatura.

A análise é similar à do ex-senador José Aníbal, que busca apoio dentro do PSDB para ser o nome do partido ao Senado. "As candidaturas estão se delineando ainda. Mas deixo a avaliação sobre o Datena para o próprio Datena decidir", ressaltou.

No levantamento do Paraná Pesquisas de maio, Moro aparecia em segundo lugar, com 16,5% das intenções de voto. No cenário sem o ex-juiz, Datena era quem mais se beneficiava: subia de 22% para 26%.

Metodologia da pesquisa citada

O Paraná Pesquisas entrevistou 1.880 eleitores do estado de São Paulo entre os dias 22 e 26 de maio. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. O levantamento foi encomendado pela corretora BGC Liquidez e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo SP-01735/2022.

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