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Lula e Haddad
Lula vai ampliar agendas ao lado de Haddad em São Paulo.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acendeu o alerta para a disputa no estado de São Paulo diante do crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados na região. Com mais de 30 milhões de eleitores, o estado representa 22,16% do eleitorado brasileiro, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para integrantes do núcleo de articulação do PT, a melhora nos índices econômicos pode acabar levando o eleitorado paulista a optar por Bolsonaro na reta final da campanha. Por isso, Lula se reuniu na última semana com integrantes da campanha de Fernanda Haddad (PT), candidato ao governo paulista, no intuito de afinar a estratégia para as próximas semanas. Vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) também participou do encontro e reforçou sua estratégia com prefeitos do interior paulista.

A avaliação de membros da campanha de Lula é que eles precisam manter a disputa em estabilidade, para que Bolsonaro não vença com uma grande vantagem no estado de São Paulo. Articuladores da campanha lembram que o partido venceu as eleições nacionais em 2006, 2010 e 2014 sem ganhar nas urnas paulistas. Portanto, mesmo se empatar com Bolsonaro, o resultado seria comemorado pelo PT.

Levantamento do instituto Quaest divulgado na última quinta-feira (8) mostrou Bolsonaro numericamente à frente de Lula em São Paulo. De acordo com o levantamento, o atual presidente tem 37% das intenções de votos, ante 36% do petista. Ambos estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os petistas avaliam que Bolsonaro vem crescendo no estado, enquanto Lula se manteve estável na disputa. Ainda de acordo com a Quaest, em julho, Bolsonaro tinha 32%. Em agosto, registrou 35%. E agora, 37%. Já o petista registrou 37% em julho e em agosto, e agora oscilou para 36%.

Crescimento de Tarcísio de Freitas acende alerta na campanha de Haddad  

Além do crescimento de Bolsonaro entre os paulistas, o avanço da candidatura do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo também acendeu um alerta no núcleo do PT. No levantamento mais recente da Quaest, o ex-ministro somou 20% das intenções voto, atrás de Fernando Haddad, que lidera com 33%.

O candidato do presidente Bolsonaro, no entanto, cresceu 6 pontos em um mês de campanha. Em agosto, de acordo com a Quaest, Freitas tinha 14% das intenções de voto. Na contramão, Haddad oscilou de 34% para os atuais 33% de setembro.

Além disso, 53% dos eleitores de Haddad sinalizaram que "podem mudar" de voto até o dia do primeiro turno. Já entre os eleitores de Freitas, esse percentual é de apenas 29%. Outro ponto que tem sido alvo de preocupação diz respeito à rejeição do candidato petista no estado. Ao todo, 49% dos eleitores afirmam conhecer e não votar em Haddad, enquanto o ex-ministro de Bolsonaro tem 21% de rejeição, segundo a Quaest.

Lula e Haddad vão ampliar acenos para classe média em São Paulo 

Na avaliação das campanhas do PT, o crescimento de Bolsonaro e de Freitas no estado de São Paulo se deu por conta da redução da conta de energia elétrica e do preço do litro da gasolina. Por isso, os articuladores do PT pretendem que Lula e Haddad ampliem os acenos para os eleitores da classe média, principais beneficiados por essas reduções.

Além do comício no último sábado (10) na capital paulista, Lula deve intensificar as agendas em São Paulo pelos próximos 15 dias. A expectativa é de que o petista deixes as críticas à "ostentação" e foque em temas como a atualização da tabela do Imposto de Renda.

Em abril, na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em São Paulo, Lula declarou que a classe média “ostenta um padrão de vida que nenhum lugar do mundo ostenta”. A crítica não repercutiu bem entre os eleitores desse grupo, o que levou o petista a ampliar os acenos a esse segmento social.

Uma das propostas centrais para a classe média será a sinalização de aumentos salariais ao funcionalismo público. Ainda está na agenda de Lula diversificar a atuação do BNDES, ampliando o financiamento a pequenos e médios empreendedores.

Alckmin intensifica agendas por Lula com prefeitos do interior de São Paulo 

Em outra frente, Geraldo Alckmin vai intensificar nas próximas semanas as agendas com prefeitos do interior de São Paulo na busca por apoio para Lula e Haddad. Governador de São Paulo por 16 anos, Alckmin vai usar sua influência juntos aos prefeitos para tentar atrair os eleitores do interior do estado na reta final da campanha.

Ao lado de Márcio França, ex-governador do estado e candidato ao Senado na chapa de Lula, Alckmin tem conversado com prefeitos do PSDB, seu antigo partido, e com nomes do PSD, que apoia a candidatura de Tarcísio de Freitas. Reservadamente, petistas se dizem entusiasmados com as conversas e o que o "prestígio" de Alckmin no interior paulista será determinante na estratégia para as candidaturas de Lula e Haddad. 
Entre os acenos, Alckmin repete a defesa das reformas tributária e do pacto federativo, caso Lula seja eleito. Além disso, o ex-governador afirma que ao lado do ex-presidente vai defender a diminuição do custo Brasil, incentivar investimentos da iniciativa privada e aumentar a competitividade com investimentos em infraestrutura.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem 

A pesquisa Quaest, encomendada pelo banco Genial, ouviu 2 mil eleitores de São Paulo, entre os dias 2 e 5 de setembro de 2022. A margem de erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os protocolos BR -05452/2022 e SP-04685/2022.

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