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terceira via
Ex-juiz Sergio Moro e o governador de São Paulo, João Doria, são pré-candidatos à Presidência na chamada terceira via.| Foto: Luis Blanco/Governo de SP

Na busca de uma unificação de candidaturas, ao menos três pré-candidatos da chamada terceira via não descartam uma união em torno do nome mais viável para a disputa ao Palácio do Planalto: o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos); o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); e a senadora Simone Tebet (MDB). A expectativa, segundo aliados dessas pré-candidaturas, é de que um acordo possa ser fechado até meados de junho. Até lá, as conversas entre os três serão aprofundadas.

Mais bem posicionado segundo a última pesquisa do Instituto Quaest, Moro tenta ampliar seu grupo político e recentemente passou a discutir a possibilidade de deixar o Podemos e migrar para o União Brasil. No levantamento do Quaest, o ex-juiz apareceu em terceiro lugar com 9% das intenções de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 45%, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%.

Apesar disso, aliados de Moro já sinalizam preocupação com a estrutura de campanha que o ex-ministro terá caso se mantenha filiado ao Podemos. Para os entusiastas da candidatura do ex-juiz, palanques estaduais e tempo de propaganda no rádio e na TV serão primordiais para que o nome de Moro fure a polarização entre Lula e Bolsonaro, e chegue ao segundo turno.

"Queremos fazer valer a terceira via porque, com Moro no União Brasil, você consegue trazer o Podemos e criar uma estrutura que consiga atrair outros partidos", diz o deputado Júnio Bozzella (PSL-SP).

Fruto da fusão entre o DEM e o PSL, o União Brasil terá cerca de R$ 1 bilhão do fundo eleitoral em 2022, além de pelo menos 12 candidatos aos governos estaduais. Enquanto isso, o Podemos vem sofrendo com baixas em seus quadros e dificuldades de construir palanques para Moro nos estados. Parlamentares da sigla avaliam que o fundo eleitoral do Podemos, de cerca de R$ 230 milhões, é insuficiente para bancar a renovação de mandatos da Câmara e uma candidatura presidencial.

Para que Moro consiga atrair o apoio de outros nomes da terceira via, aliados do ex-juiz tentam acertar a troca de partido até meados de fevereiro. Esse é o prazo definido para que a homologação do União Brasil seja feita pela Justiça Eleitoral. Paralelamente, integrantes do União Brasil pretendem usar a volta da propaganda partidária na TV fora do período eleitoral para ampliar a exposição de Moro antes da campanha.

Ao contrário da propaganda eleitoral, veiculada em blocos de 10 minutos ou mais com candidatos de vários partidos em sequência, a propaganda partidária aparecerá nos intervalos comerciais das emissoras. A exibição vai ocorrer em horário nobre (das 19h30 às 22h30), com uma inserção de 30 segundos por vez e vai até o fim de junho deste ano.

Doria busca acordos com outros partidos para se viabilizar na terceira via

Com o desempenho ainda baixo segundo a pesquisa da Quaest, o governador de São Paulo, João Doria, busca construir acordos com outros partidos no intuito de se viabilizar na terceira via. De acordo com o último levantamento do Quaest, o tucano tem 3% das intenções de voto.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Doria admitiu que busca "convergência" com Moro e Simone Tebet e não descartou uma unificação de candidaturas entre eles. Apesar disso, o governador paulista já sinalizou que a pontuação em pesquisas não será o fator determinante para a escolha do candidato do grupo.

Para ampliar o apoio em torno do seu nome, Doria tem avançado em acordo com outros partidos e atraído lideranças descontentes com as pré-candidaturas de Moro e Tebet. Recentemente, por exemplo, o governador comemorou a filiação do ex-presidente do Podemos do Paraná César Silvestri Filho ao PSDB. A adesão de Silvestri ao PSDB no principal reduto eleitoral de Sergio Moro foi comemorada pelos aliados de Doria. O grupo tucano entende que a adesão fortalece o palanque de Doria no Paraná, já que o estado é "símbolo da operação Lava Jato".

Doria tenta ainda atrair para o PSDB lideranças do Podemos e do MDB em outros estados do Sudeste e do Nordeste. Os tucanos discutem ainda uma federação com o Cidadania, que tem como pré-candidato à Presidência o senador Alessandro Vieira (SE). Presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire, já sinalizou que deve apoiar Doria caso a federação seja estabelecida.

Em outro campo, Doria também pretende usar as inserções da propaganda partidária para se apresentar como articulador pela vacina contra a Covid-19 no Brasil. Além disso, o tucano recorrerá aos números da economia de São Paulo para se contrapor ao governo do presidente Bolsonaro. “Houve um aumento de 7,5% na atividade econômica em São Paulo em três anos, contra 1,5% no Brasil neste mesmo período”, disse Doria recentemente.

Com essa estratégia, aliados de Doria acreditam que o governador terá mais viabilidade entre os nomes da terceira via. Portanto, o grupo espera que haja uma união em torno do nome do governador até meados de junho.

Simone Tebet avança dentro do MDB e sobre o território de Doria 

Com 1% das intenções de voto, segundo a última pesquisa do Instituto Quaest, a senadora Simone Tebet conquistou nas últimas semanas a adesão de vários diretórios estaduais do MDB a sua pré-candidatura. Até o momento, 20 dos 27 diretórios do partido já teriam sinalizado apoio a ela.

Agora, Tebet pretende rodar o país se apresentando como nome da terceira via e tentar, com isso, alavancar seu desempenho nas pesquisas eleitorais. Recentemente, por exemplo, a emedebista esteve ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), visitando projetos sociais. Administrando mais de 700 prefeituras pelo país, o MDB aposta nessa estratégia para ampliar visibilidade da senadora pelo interior do país.

Outro ponto comemorado pelos apoiadores de Simone Tebet são as conversas fora do MDB, além de manifestações públicas como a do senador tucano Tasso Jereissati (CE), que disse em entrevistas ver maior potencial de crescimento na pré-candidatura da parlamentar em comparação à do correligionário João Doria. Tebet também conta com o apoio do senador José Aníbal (SP), outro adversário de Doria que trabalha para que os aliados do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), venham a se engajar na candidatura da senadora. Leite disputou com Doria as prévias do PSDB para indicar o candidato tucano à Presidência e perdeu.

Contudo, a cúpula do MDB também tem mantido conversas de Simone Tebet com Sergio Moro e João Doria, no intuito de negociar uma eventual composição de chapa. A expectativa, segundo entusiastas da senadora, é de neutralizar a candidatura dos demais nomes da terceira via até meados de maio.

Metodologia da pesquisa citada na reportagem 

A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.

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