• Carregando...
Lula classe média
Ex-presidente Lula busca crescer entre os eleitores que ganham mais de dois salários mínimos.| Foto: Fernando Bizerra/EFE

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou nessa reta final do primeiro turno os acenos para os eleitores da classe média. A avaliação dos articuladores petistas é de que um crescimento de Lula nesse segmento do eleitorado, principalmente entre os que ganham de dois a dez salários mínimos, poderia ser suficiente para vencer a disputa presidencial sem a necessidade de um segundo turno, já no dia 2 de outubro.

Os aliados de Lula comemoraram os números da última pesquisa Datafolha, em que o candidato petista apareceu numericamente à frente de Jair Bolsonaro (PL), por apenas um ponto percentual, entre os que ganham de dois a cinco salários, considerados eleitores de classe média baixa. De acordo com o levantamento, o ex-presidente tem 42%, ante 41% de Bolsonaro. Em comparação com o levantamento anterior, divulgado em 9 de setembro, o atual presidente tinha 44%, enquanto o petista aparecia com 39%.

Paralelamente, a pesquisa também apontou uma vantagem de Bolsonaro entre os eleitores que ganham de cinco a dez salários mínimos, considerados de classe média alta. No levantamento mais recente, o atual presidente apareceu com 43%, ante 36% de Lula. Contudo, os petistas comemoraram a queda de Bolsonaro nesse segmento em relação ao levantamento anterior, onde ele somava 50% e Lula tinha 35%.

Ainda de acordo com o Datafolha, Ciro Gomes (PDT) subiu de 7% para 12% no segmento de cinco a dez salários mínimos. Simone Tebet (MDB) passou de 5% para 6%, e Soraya Thronicke (União Brasil) teve 1% nos dois levantamentos. Na avaliação de aliados do PT, o candidato pedetista herdou os votos perdidos por Bolsonaro entre um levantamento e outro.

O que Lula tem feito para atrair eleitor da classe média 

Na estratégia de atrair o voto do eleitor de classe média, Lula ampliou os acenos para esse segmento da população. Em passagem por Minas Gerais na semana passada, ele afirmou que, quando era presidente, governou para todos.

"Duvido que algum segmento deixava de ganhar dinheiro quando eu governava o país. Eu governava para todos, mas os mais necessitados seriam os mais beneficiados. Por isso que aumentamos salário mínimo em 77%. Pela primeira vez os 20% mais pobres tiveram 84% de aumento, enquanto os ricos tiveram 20%", disse Lula.

O petista deve reforçar propostas que beneficiam a classe média, como a atualização da tabela do Imposto de Renda. Lula já sinalizou que, se eleito, pretende elevar para R$ 5 mil a faixa de isenção para pessoas físicas. O ex-presidente se compromete ainda a corrigir a tabela do IR anualmente, de acordo com o crescimento do salário.

Nas contas da campanha do PT, Lula pode se beneficiar desta proposta, tendo em vista que foi uma promessa de campanha não cumprida pelo presidente Bolsonaro. Em 2021, o governo chegou a propor a correção dentro de um projeto de reforma do IR que acabou travado no Congresso Nacional e não saiu do papel. A última atualização da tabela ocorreu em 2015.

Nesta terça-feira (20), em encontro com representantes do setor de turismo, Lula fez outro aceno ao reclamar do preço das passagens aéreas, verbalizando um sentimento recorrente na classe média. “Queremos fazer com que as pessoas voltem a viajar. As pessoas precisam conhecer esse país. Precisamos criar condições. O papel do Estado é o de abrir portas, facilitar e não criar problemas”, disse, citando o papel importante do turismo na geração de empregos.

Na avaliação dos articuladores da campanha, os principais membros desse segmento são pequenos empresários de todo o país. Por isso, há uma expectativa de que Lula também reforce suas propostas para essa área, como a renegociação de dívidas, a reserva de uma parte das compras governamentais para micro e pequenas empresas, e crédito facilitado em bancos públicos como o BNDES e o Banco do Brasil.

"Vamos fazer uma grande política de financiamento para micro e pequenos empreendedores. Essas pessoas têm que lembrar que a lei geral da pequena e média empresa foi criada no nosso governo. O Simples também foi criado no nosso governo. O que nós queremos é fazer com que esse país volte a gerar oportunidades não apenas para carteira assinada, mas milhões de oportunidades para que os empreendedores coloquem a sua criatividade a serviço da sua família e do seu país", afirmou Lula em Minas Gerais.

A estratégia de Lula para tentar avançar sobre o eleitorado de classe média diverge do tom adotado durante a pré-campanha. Em abril, durante evento na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, o petista chegou a afirmar que a classe média brasileira "ostentava um padrão de vida acima do necessário".

Alckmin facilita diálogo com a classe média 

A campanha de Lula quer aproveitar a imagem do candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para falar com os eleitores da classe média. A avaliação dos articuladores é de que o ex-governador paulista consegue dialogar diretamente com esse eleitorado.

Em uma das peças da propaganda eleitoral do rádio e da TV, Alckmin reforçou que sua união com Lula tem como foco a recuperação do país. “Mesmo que a gente não pense igual, nesse momento algo muito mais importante nos une: o desejo de reconstruir o Brasil e melhorar a vida das pessoas”, disse o ex-governador. Ambos reúnem experiências que “ninguém pode dizer que não vai dar certo”, afirmou o vice de Lula.

Em agenda solo em Minas Gerais, Alckmin aproveitou para se reunir com pequenos e grandes empresários do setor do turismo. Na agenda, o vice de Lula aproveitou para defender a simplificação do sistema tributário brasileiro e investimentos em infraestrutura e logística para favorecer o desenvolvimento econômico.

"Precisamos simplificar o sistema tributário e de um crescimento inclusivo, com geração de emprego e renda, de um crescimento da estabilidade econômica e da sustentabilidade ambiental", disse o candidato a vice-presidente durante um evento em Poços de Caldas.

Metodologia das pesquisas citadas

O Datafolha entrevistou 5.296 eleitores entre os dias 13 e 15 de setembro. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e pela TV Globo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-04099/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

O Datafolha entrevistou 2.676 eleitores entre os dias 8 e 9 de setembro em 191 municípios brasileiros. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e pela TV Globo e está registrado no TSE com o protocolo BR-07422/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]