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Bolsonaro e lula
Os candidatos a presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: EFE/Joédson Alves; Sérgio Dutti/PSB

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais no próximo dia 30 de outubro. Com 100% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula ficou 48,43% dos votos válidos contra 43,20% de Bolsonaro. Confira os resultados finais do primeiro turno da eleição presidencial de 2022:

  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 48,43% dos votos válidos (57,2 milhões de votos)
  • Jair Bolsonaro (PL): 43,20% dos votos válidos (51,0 milhões de votos)
  • Simone Tebet (MDB): 4,16% dos votos válidos (4,9 milhões de votos)
  • Ciro Gomes (PDT): 3,04% dos votos válidos (3,5 milhões de votos)
  • Soraya Thronicke (União Brasil): 0,51% dos votos válidos ( 600,9 mil votos)
  • Felipe d'Avila (Novo): 0,47% dos votos válidos (559,7 mil votos)
  • Padre Kelmon (PTB): 0,07% dos votos válidos (81,1 mil votos)
  • Leonardo Péricles (UP): 0,05% dos votos válidos (53,5 mil votos)
  • Sofia Manzano (PCB): 0,04% dos votos válidos (45,6 mil votos)
  • Vera Lúcia (PSTU): 0,02% dos votos válidos (25,6 mil votos)
  • Eymael (DC): 0,01% dos votos válidos (16,6 mil votos)
  • Nulos: 2,82% dos votos (3,4 milhões)
  • Brancos: 1,59% dos votos (1,9 milhão)
  • Abstenções: 20,95% dos eleitores

A apuração dos votos confirma uma polarização entre Lula e Bolsonaro que os demais candidatos não conseguiram romper. O resultado também coloca no segundo turno duas forças políticas que já haviam decidido a eleição de 2018, quando o atual presidente venceu outro petista, Fernando Haddad – que substituiu Lula porque ele havia sido barrado pela Justiça Eleitoral por ter uma condenação em segunda instância judicial, condição de inegibilidade.

Dentro da campanha do PT havia a expectativa de tentar vencer a eleição ainda no primeiro turno, depois de uma intensificação pela busca do chamado "voto útil". Nos últimos dias da campanha, Lula e aliados trabalharam para atrair eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet que optariam pelo petista no segundo turno. Agora, existe a expectativa do PT de atrair o apoio do PDT de Ciro Gomes e do MDB de Simone Tebet no segundo turno.

Já Bolsonaro tende a manter a estratégia de investir no antipetismo para derrotar Lula no segundo turno, buscando desgastar a imagem do petista por meio da lembrança de casos de corrupção envolvendo o PT, numa tentativa de aumentar a rejeição do ex-presidente. Bolsonaro também tende buscar diminuir sua rejeição do eleitorado feminino e a ampliar sua base entre os eleitores evangélicos. A campanha também aposta na melhoria da economia neste mês e nos programas de transferência de renda para conquistar mais votos.

Como foi a campanha de Bolsonaro

Durante a campanha do primeiro turno, Bolsonaro já focou no antipetismo e nas denúncias de corrupção contra o PT. Também alertava sobre o que entende ser riscos da volta da esquerda ao poder.

Em diversos eventos com pastores e em outros discursos, dizia que a eleição seria a luta do bem contra o mal. "Temos pela frente uma luta do bem contra o mal, mal que perdurou por 14 anos no nosso país, que quase quebrou nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão", disse o presidente.

Outro destaque da campanha de Bolsonaro foram as manifestações do 7 de setembro. Em uma demonstração de força, milhares de apoiadores do presidente saíram às ruas de todo o país. No Rio de Janeiro, por exemplo, Bolsonaro defendeu os números do seu governo e focou na economia.

Ele também deu destaque a realizações de seu governo. Principal aposta de Bolsonaro para conquistar o voto dos eleitores mais pobres, o Auxílio Brasil ganhou importância na estratégia eleitoral. O valor do benefício aumentou de R$ 400 para R$ 600 até o mês de dezembro. Bolsonaro também criou o voucher caminhoneiro e o voucher taxista com valores de R$ 1 mil por mês, beneficiando dois segmentos profissionais que costumam apoiá-lo.

Além disso, Bolsonaro também apostou na redução do ICMS dos combustíveis (que resultou na diminuição do preço da gasolina) e na queda da inflação para tentar conquistar votos. "O povo sabe o que eu estou fazendo. Repito pra vocês: gasolina já é uma das mais baratas do mundo", disse Bolsonaro durante a campanha. "O Brasil hoje, os seus números da economia invejam o mundo todo. Teremos inflação nesse ano sim. Mas muito menor do que a Europa e do que até mesmo os Estados Unidos. Isso é comprometimento, é trabalho, é dedicação, é honestidade acima de tudo", disse.

Com a avaliação dos articuladores de que Bolsonaro precisava conquistar mais votos de mulheres, a campanha do presidente investiu na imagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em um dos vídeos do programa eleitoral, por exemplo, Michelle falou sobre a "mulher sertaneja", em um aceno também ao eleitorado do Nordeste, onde Bolsonaro também enfrentava resistências. "A água chegou ao sertão. Trouxe vida, alegria e esperança. A mulher sertaneja, que carregava lata d'água na cabeça, agora pode usar a sua força para voltar à escola ou para tirar o alimento que está brotando na terra. Tem mais tempo para ficar com a família, com os filhos e viver uma nova vida", disse a primeira-dama.

Como foi a campanha de Lula  

Lula buscou explorar a insatisfação de parte do eleitorado com Bolsonaro – especialmente na economia. Aostou na estratégia de passar a imagem de que nos seus governos a população tinha uma vida melhor do que agora. Também prometeu "reconstruir" o país com foco nos mais pobres e no direito dos trabalhadores ao sinalizar que pretende promover mudanças na reforma trabalhista aprovada pelo governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

O PT também fez críticas a outras políticas do atual governo e ao comportamento do presidente em relação, por exemplo, a mulheres e minorias.

Com o apoio formal de 10 partidos, a candidatura de Lula também foi marcada pela tentativa do petista em ampliar sua base eleitoral para fora da esquerda. Com a formação de chapa com um antigo adversário, o ex-tucano e ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), o petista fez acenos ao eleitor de centro e ao empresariado.

Para tentar conter as críticas do mercado financeiro a propostas como a de acabar com o teto de gastos, aliados de Lula chegaram a sinalizar que todas as mudanças serão negociadas com empresários, trabalhadores e governo. Além disso, o petista chegou a afirmar que pretende promover reformas tributária e administrativa.

Mais recentemente, Lula indicou que não pretende rever privatizações já feitas – embora anteriormente tenha afirmado que iria rever. Ainda assim, ele diz que não irá privatizar estatais como Petrobras e Correios. "Não falo em rever privatizações, minha missão é reduzir a miséria. Preciso ganhar a eleição antes e tomar pé da situação", disse o petista durante entrevista à CNN Brasil.

Lula também foi criticado durante a disputa sobre os diversos escândalos de corrupção nos governos do PT, especialmente por Jair Bolsonaro. O petista, no entanto, reiterou a narrativa de que ele foi "inocentado" das acusações da Lava Jato – na verdade, ele não foi declarado inocente; seus processos apenas foram anulados e retornaram para a primeira instância judicial. Lula também afirmou que os desvios só foram apurados porque, à época, as gestões do PT criaram estruturas de investigação e não protegeram ninguém.

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