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O ex-presidente Lula durante discurso.
Ex-presidente Lula vai reforçar palanques no estados do Sul| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Na ofensiva de tentar vencer a disputa presidencial ainda no primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa nesta sexta-feira (16) uma viagem pelos estados do Sul. Na avaliação de aliados do PT, qualquer crescimento sobre o eleitorado do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina será decisivo para tentar derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A primeira parada do petista será em Porto Alegre (RS), onde na última pesquisa Ipec ele apareceu à frente de Bolsonaro. De acordo com o levantamento, divulgada no começo de setembro, Lula tem 42% das intenções de voto contra 34% do atual presidente. A preocupação da campanha do PT, no entanto, é em relação ao palanque de Lula no estado, já que o candidato ao governo gaúcho Edegar Pretto (PT) está em terceiro lugar na pesquisa do mesmo instituto.

A avaliação de integrantes do PT é de que um eventual segundo turno, Lula poderia ficar sem palanque no estado, o que pode favorecer Bolsonaro. Ainda de acordo com o Ipec, a corrida pelo governo gaúcho é liderada por Eduardo Leite (PSDB), com 38%, seguido por Onyx Lorenzoni (PL), que tem 24%. Na sequência, Pretto aparece com apenas 9% das intenções de voto.

Apesar do desempenho de Pretto, a campanha de Lula avalia que tem chances de levar a disputa pelo Senado com a candidatura de Olívio Dutra (PT). No último levantamento Ipec o candidato petista apareceu na liderança com 28% das intenções de votos. Dutra, no entanto, está tecnicamente empatado, dentro da margem de erro de três pontos percentuais, com a ex-senadora Ana Amélia (PSD), que somou 25%. Com isso, a expectativa dos aliados de Lula é de explorar a imagem de Dutra ao lado de Lula no intuito de tentar ampliar a vantagem no Rio Grande do Sul.

Paralelamente, é esperado que o ex-presidente faça acenos para eleitores com renda superior a cinco salários mínimos, os evangélicos, os homens – segmentos do eleitorado gaúcho em que Lula enfrenta maior rejeição. "Queremos consolidar o voto com o povo e dialogar com a classe média e o eleitor mais ao centro.  A opção de segundo turno beneficia Bolsonaro", diz o deputado gaúcho Bohn Gass (PT).

Lula tenta diminuir vantagem de Bolsonaro no Paraná e esvaziar candidatura de Moro

No sábado (17), Lula desembarca em Curitiba numa tentativa de ampliar seu eleitorado no Paraná. Petistas estão empolgados com o desempenho de Lula no estado, e avaliam que podem reverter o cenário da disputa de 2018, quando o atual presidente recebeu, no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), quase 70% dos votos válidos dos paranaenses.

Levantamento mais recente do Instituto Paraná Pesquisas, no entanto, mostrou uma vantagem de Bolsonaro sobre Lula no Paraná. De acordo com a pesquisa, o atual presidente tem 48,6% das intenções de voto no estado, ante 28% do petista.

Além de pedir votos para o ex-governador Roberto Requião (PT), candidato ao governo no estado, é esperado que petista suba o tom contra o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), candidato ao Senado. Na segunda-feira (12), durante sabatina da CNN Brasil, Lula deu o tom ao chamar Moro de “pilantra”.

Oficialmente, o palanque de Lula no estado é composto pela candidatura ao Senado de Roseane Ferreira (PV). Contudo, no levantamento do Paraná Pesquisas ela apareceu com 2,6% das intenções de voto. Ainda de acordo com a pesquisa, a corrida pelo Senado é liderada pelo senador Alvaro Dias (Podemos), que tem 31,7%, contra 27,2% de Moro. A margem de erro é de 2,7 pontos percentuais para mais ou para menos, o que configura empate técnico entre o senador e o ex-juiz.

Neste cenário, integrantes do PT admitem reservadamente uma campanha velada pela candidatura de Alvaro Dias para derrotar Moro. A expectativa é de que a militância petista trabalhe para o voto útil em Alvaro Dias na reta final da campanha.

Em Santa Catarina Lula e Alckmin vão fazer aceno para o agronegócio 

A visita de Lula pela região Sul será encerrada no domingo (18), em Santa Catarina. O ex-presidente estará ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa. Assim como nos demais estados, são esperados acenos ao agronegócio e para o eleitorado de centro da região.

Santa Catarina é considerado pela campanha de Lula o estado mais estratégico da região Sul. De acordo com o último levantamento Ipec, divulgado no final de agosto, Bolsonaro tem 50% e Lula 25% entre os eleitores do estado.

Além disso, o candidato de Lula ao governo catarinense apareceu em quarto lugar no mesmo levantamento Ipec, com apenas 6% das intenções de voto. A disputa é liderada pelo atual governador, Carlos Moisés (Republicanos), com 23%, seguido por Jorginho Mello (PL), com 16%. Na sequência, aparecem Esperidião Amin (PP), que somou 15%, e Gean Loureiro (União Brasil), com 8%. O quarteto disputa o apoio do presidente Bolsonaro na região.

A aposta do PT, no entanto, é de que a imagem de Alckmin atrelada aos acenos para o agronegócio irão reduzir a vantagem de Bolsonaro em Santa Catarina. "Nós temos um compromisso com o agro. O crédito rural hoje está muito caro. Então, acredito que precisamos investir na indústria para a agricultura. Eu sou um defensor do agro, que gera emprego no campo e na cidade”, disse Alckmin nesta semana à rádio T, que abrange regiões agrícolas do Sul.

Viagem de Lula aos estados do Sul terá segurança reforçada 

A campanha do ex-presidente Lula vai reforçar o esquema de segurança durante a viagem ao Sul. A equipe da Polícia Federal (PF) que acompanha o ex-presidente prepara um esquema amplo de proteção, com membros da unidade de elite da corporação treinada para situações de alto risco, o chamado Comando de Operações Táticas (COT). Todos os candidatos a presidente tem direito a escolta da PF.

O esquema vai incluir ainda o uso de drones para detectar ameaças e atiradores de de elite (snipers) em pontos estratégicos. Além disso, estarão presentes os policiais que integram a equipe fixa de segurança e o reforço da Polícia Militar de todos os estados.

O reforço ocorre dias depois de um atentado ao carro de uma vereadora do PT que terminou com a morte de um produtor rural em Salto do Jacuí, na região central do Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Ottoni, de 46 anos, morreu ao se acidentar fugindo do local.

Conforme a vereadora Cleres Relevante (PT), o atentado ocorreu na terça-feira (13), quando ela se deslocava para casa acompanhada de uma assessora em um veículo com adesivos do PT. O veículo teria sido atingido por uma caminhonete. Durante a fuga, Ottoni foi ejetado do veículo e morreu na hora.  
Em 2018, dois ônibus que faziam parte de uma caravana da pré-campanha de Lula foram atingidos por tiros quando passavam pelo Paraná. Recentemente, um militante do PT foi assassinado em Foz do Iguaçu (PR), durante uma festa com a temática do Lula.

Metodologia das pesquisas citadas na reportagem 

A pesquisa Ipec, contratada pela RBS Participações S.A., ouviu 1.200 pessoas entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro em 62 municípios do Rio Grande do Sul. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, considerando nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os protocolos BR-02047/2022 e RS-07668/2022.

A pesquisa eleitoral feita com recursos próprios pelo Paraná Pesquisas entrevistou 1.410 mil eleitores paranaenses, entre os dias 31 de agosto e 5 de setembro. A margem de erro do levantamento é de 2,7 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral com os protocolos BR-03754/2022 e PR-09990/2022.

A pesquisa Ipec, contratada pela NSC Comunicação, ouviu 800 pessoas entre os dias 20 e 23 de agosto em 39 municípios catarinenses. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. O levantamento foi registrado no TSE sob os protocolos SC-01218/2022 e BR-02226/2022.

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