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O ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República, Sergio Moro (Podemos).
O ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República, Sergio Moro (Podemos).| Foto: Isaac Amorim/Ministério da Justiça.

O ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) repudiou na noite desta sexta-feira (4) áudios atribuídos ao deputado estadual e pré-candidato a governador de São Paulo, Arthur do Val (Podemos), sobre refugiadas ucranianas. Em viagem à Europa para acompanhar o conflito entre Rússia e Ucrânia, o parlamentar, também conhecido como "Mamãe Falei", teria enviado a amigos áudios dizendo que as ucranianas são "fáceis porque são pobres".

Em nota, Moro afirmou que o "tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto". Os áudios foram divulgados nesta tarde pela coluna de Igor Gadelha, no portal Metrópoles. Por cerca de três minutos, o membro do MBL faz comentários sobre refugiadas que ele encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia.

"Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteia a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de 'mina' bonita. A fila das refugiadas… Imagina uma fila sei lá, de 200 metros, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui", diz o áudio atribuído ao deputado estadual.

Moro havia demonstrado apoio nesta quarta-feira (2) à viagem de Arthur do Val. "O Dep. Arthur do Val e Renan Santos, do MBL, decidiram reportar in loco o conflito na fronteira da Ucrânia. Também angariaram ajuda financeira para amparar refugiados. É sempre louvável quando saímos do discurso e partimos para a prática", afirmou Moro no Twitter.

Integrantes do MBL se filiaram ao Podemos no fim de janeiro para fortalecer a candidatura do ex-juiz da Lava Jato e lançar candidatos do movimento. "Jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime", ressaltou Moro sobre o áudio.

Moro cobra manifestação do Podemos sobre o caso

O pré-candidato à Presidência também cobrou um posicionamento do Podemos sobre o caso. "Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas quem têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige", disse o ex-ministro da Justiça.

Moro não foi o único a cobrar o partido, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) cobrou uma "posição vigorosa" da legenda sobre o caso. "Inacreditável. Espero posição vigorosa da executiva do partido", afirmou o senador. Em resposta, a presidente da legenda, a deputada federal Renata Abreu (SP), afirmou que o "Podemos repudia com veemência as declarações e, com base nelas, instaura de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos".

"Gravíssimas e inaceitáveis são as declarações do deputado estadual Arthur do Val, que foram divulgadas na imprensa. Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra", afirmou a deputada em nota. Até o momento, Arthur do Val não se manifestou sobre o episódio.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos um milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa. A maioria dos refugiados procura abrigo em países como Polônia, Hungria e Eslováquia.

Confira a íntegra da nota divulgada pela assessoria de Moro:

"Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. As declarações são incompatíveis com qualquer homem público. Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos – tanto no campo público quanto na vida privada.

Portanto, jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime. Meu respeito incondicional às mulheres em geral e às ucranianas, em especial, porque além de todos os problemas diários enfrentados, precisam conviver com os horrores da guerra. Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas quem têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige".

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