O comitê de campanha de Jair Bolsonaro (PL) iniciou contatos com movimentos de rua conservadores para alinhar as manifestações convocadas pelo presidente para o dia 7 de setembro. Em Brasília, integrantes da coordenação eleitoral se reuniram com alguns organizadores nos últimos dois dias para discutir pauta, estratégias de mobilização da população e a participação do chefe do Executivo.
As reuniões definiram a presença de Bolsonaro às 10h no tradicional desfile militar do feriado de independência em Brasília, que voltará a ser realizado após dois anos de hiato causado pela pandemia da Covid-19. Após o desfile, existe a previsão de ele comparecer ao ato marcado no gramado central da Esplanada dos Ministérios, que contará com trios elétricos alugados pelos movimentos de rua locais.
Após a participação em Brasília, Bolsonaro irá a São Paulo, onde discursará na Avenida Paulista. A concentração no local se iniciará às 14h, mas não está definido o horário de chegada do presidente. A expectativa da campanha e de organizadores é lotar a área de apoiadores do presidente e assegurar o maior público já registrado em um ato marcado na avenida a fim de demonstrar força política e eleitoral à candidatura presidencial.
Também está em análise a possibilidade de Bolsonaro comparecer ao ato previsto no Rio de Janeiro. A concentração é tradicionalmente marcada no Posto 5, em Copacabana. A hipótese de o presidente ir à capital fluminense ainda é dialogada e, caso se confirme, a expectativa é de que compareça antes de ir à Avenida Paulista.
As estratégias para engajar apoiadores nos atos de 7 de setembro
A presença de Bolsonaro nas manifestações é uma das formas traçadas entre a campanha e organizadores para garantir o engajamento de apoiadores no 7 de setembro, principalmente por se tratar de um período inferior a um mês para o primeiro turno, em 2 de outubro.
A fim de intensificar as estratégias, a ideia é concentrar a maioria das manifestações pelo país no período da tarde, de modo que apoiadores possam acompanhar a fala do presidente em Brasília. O objetivo é iniciar a maioria das manifestações a partir das 14h, mas organizadores também estudam a possibilidade de transmissão ao vivo do discurso de Bolsonaro pela manhã nas 100 cidades mais populosas por meio de telões espalhados pelo país.
Como a data das manifestações cairá durante o período permitido para a veiculação das propagandas eleitorais, o comitê da campanha de Bolsonaro também estuda a hipótese de usar o espaço na TV e nas rádios para promover os atos. Lideranças do PL entendem que isso é uma estratégia que deve ser estudada.
O presidente não é o único que pode ajudar a engajar apoiadores. A expectativa da campanha e de organizadores é que importantes aliados políticos compareçam aos atos em todo o país, principalmente candidatos a cargos eletivos. O empresário Paulo Generoso, criador e coadministrador da página República de Curitiba, prevê muitos convites e aliados presentes, especialmente na Avenida Paulista, a exemplo do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputa o governo de São Paulo.
Além das estratégias envolvendo o presidente, os organizadores pretendem usar as redes sociais para mobilizar a população para os atos de 7 de setembro. "O resto é trabalhar a organização e orientação aos movimentos das cidades, com algumas reuniões online com movimentos de todo o Brasil", afirma Generoso.
A celebração dos 200 anos da Independência do Brasil também vai ser usada como inspiração. O empresário Tomé Abduch, fundador e coordenador do Nas Ruas, entende que é possível explorar a data para engajar os brasileiros. "É uma comemoração muito emblemática, principalmente em um momento em que a grande maioria dos 58 milhões que votaram no presidente estarão indo para as ruas lutar por nossa liberdade. Tem representatividade muito significativa ", destaca.
Organizadores, cidades e pauta: como serão as manifestações de 7 de setembro
O Nas Ruas trabalha para organizar manifestações em mais de 300 cidades. "Teremos atos na grande maioria das capitais e em muitas outras cidades. Hoje, já tem inúmeras cidades entrando em contato conosco dizendo que querem apoiar e participar", diz Abduch.
O coordenador do Nas Ruas analisa que os vários contatos recebidos são parte do termômetro social que o leva a projetar um ato com ainda maior engajamento em relação ao 7 de setembro do ano passado. Outro fator destacado por ele é o mapeamento de redes feito pelo movimento nas mídias sociais.
"A manifestação vai ser uma das maiores da história do Brasil, nunca tivemos um engajamento tão forte e nós estamos vendo que, além das pessoas que sempre estão nas ruas, notamos grandes mobilizações também de agricultores, caminhoneiros e líderes das 'motociatas' em todo o Brasil", sustenta Abduch.
O fundador do movimento República de Curitiba acredita que a data superará até mesmo outras manifestações de rua. "Pelo que percebemos nas redes sociais, telefonemas e nas ruas em geral é que será o maior movimento patriótico democrático da história do Brasil. Vai ser gigante e vamos superar qualquer outra manifestação já vista no nosso país", analisa.
O Nas Ruas e o República de Curitiba são alguns dos principais organizadores dos atos de 7 de setembro. Outros movimentos também estão engajados, a exemplo do Endireita Brasil e do Avança Brasil. Abduch assegura, porém, que não há nenhum tipo de envolvimento de políticos na organização e coordenação.
"São muitos movimentos que organizam de maneira independente. O que tentamos alinhar são só as pautas que a gente entende que são comuns a todos os movimentos", afirma.
Existe a expectativa de os movimentos defenderem ações que destaquem o legado do governo em diversas áreas, como a conclusão de obras inacabadas, a compra de vacinas na pandemia e a retomada do lucro das estatais. "Independentemente da forma como o presidente se expressa, quer isso agrade alguns ou não, as ações importantes puderam ser tomadas", diz.
A defesa da democracia e da liberdade serão, porém, as pautas centrais dos atos, afirma Generoso. Abduch diz que os movimentos defenderão pautas alinhadas com a Constituição. "Nada vai ser feito fora disso", garante. O objetivo é defender os mesmos valores pregados por Bolsonaro em seu discurso na convenção do PL, que falou em "paz, tranquilidade, respeito à Constituição, às leis e interdependência entre os poderes".
Organizadores pregam defesa à democracia com respeito às instituições
Apesar de críticas de Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na mesma fala em que convocou seus apoiadores para ir às ruas em 7 de setembro, os organizadores dos atos dizem que o objetivo das manifestações não é tensionar as relações com as instituições ou mesmo com ministros da Suprema Corte.
"O nosso objetivo é celebrar a democracia em uma grande manifestação patriótica, cívica e pacífica. Nosso objetivo é realmente demonstrar nosso apoio ao governo e todo o nosso amor à nação. Não temos objetivo de fomentar nenhuma manifestação mais violenta contra nenhuma instituição ou ministros", afirma Paulo Generoso. "Nosso foco não é nenhum ministro, mas sim manifestar em prol da nossa democracia e de nosso desejo e esperança de continuar lutando por um país melhor", acrescenta.
O coordenador do Nas Ruas endossa a fala de Generoso e afirma que todas as pautas organizadas pelo movimento retratam o sentimento da sociedade. "Não temos e nem nunca tivemos pautas passadas por Brasília, até porque somos movimentos totalmente independentes e defendemos pautas que entendemos como propositivas", destaca Abduch.
"Agora, é importante que todos escutem os anseios da nossa sociedade, pois já estivemos nas ruas várias vezes e temos a impressão que a voz das ruas, o povo, que, na verdade, são os senhores da nossa Constituição, muitas vezes não é ouvida em Brasília", complementa o fundador do Nas Ruas.
Como será a programação e a organização dos atos de 7 de setembro
Cada cidade terá sua programação própria. Na Avenida Paulista, o evento está previsto para começar às 14h e terminar às 17h. O Nas Ruas já adotou os trâmites burocráticos junto às autoridades responsáveis para assegurar o espaço para a manifestação.
"Todos os trâmites já foram enviados, temos o 'ok' legal para que a manifestação se realize e somos sempre muito bem atendidos pela Polícia Militar, pela Guarda Civil Metropolitana, pela Polícia Civil e pelo Detran. E a gente faz questão de respeitá-los e seguir à risca tudo que pedem", afirma Abduch.
O coordenador do Nas Ruas diz que a maior preocupação dos organizadores é assegurar uma manifestação pacífica e segura a todos.
Os horários e locais da concentração serão definidos e divulgados posteriormente nas principais cidades nas redes sociais do Nas Ruas e de outros movimentos responsáveis pela organização das manifestações em 7 de setembro.
O coordenador do República de Curitiba incentiva, porém, que os apoiadores vão a Brasília ou a São Paulo. O objetivo é concentrar ao máximo o número de pessoas nos eventos onde é certa a presença de Bolsonaro. "Recomendamos que haja nesses locais uma grande aglomeração de pessoas e gente que vem de todo o Brasil, inclusive em caravanas. Para o pessoal que não pode participar nas grandes cidades e capitais, terão outras cidades", diz Generoso.
O caminhoneiro Janderson Maçaneiro, o "Patrola", líder autônomo em Itajaí (SC), é um dos que considera participar do evento na Avenida Paulista a convite do ex-ministro Tarcísio de Freitas. Por esse motivo, ele não garante sua presença no ato previsto em Florianópolis. "Vai acontecer um movimento grande em 'Floripa', mas tem alguns que querem ir para onde o presidente estará", explica.
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