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Partidos escolhem apostam na força do interior para escolher candidatos aos governos estaduais
O ex-prefeito Felício Ramuth (PSD-SP), a ex-prefeita Raquel Lyra (PSDB-PE) e o senador Luís Carlos Heinze (PP), todos pré-candidatos do interior aos governos estaduais.| Foto: Divulgação

Partidos grandes lançaram pré-candidatos a governador que não são originários das capitais em estados como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Alagoas. O movimento foge do habitual das legendas, que têm como costume apostar em nomes de políticos das capitais.

O movimento é empreendido em São Paulo por PDT e PSD, que apresentaram como pré-candidatos respectivamente Elvis Cezar, ex-prefeito de Santana de Parnaíba, e Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos.

No Paraná, o PSDB terá César Silvestri Filho, ex-prefeito de Guarapuava, como candidato ao governo. O senador Luís Carlos Heinze, ex-prefeito de São Borja, é pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PP.

Em Pernambuco, o PSDB terá como candidata a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra; e o União Brasil lançou Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina. E em Alagoas, o pré-candidato apoiado pelo agora ex-governador Renan Filho é o deputado estadual Paulo Dantas (MDB), ex-prefeito de Batalha, município localizado a cerca de 180 km da capital Maceió.

Dantas poderá disputar a eleição de outubro já na condição de governador – ele é candidato nas eleições indiretas que a Assembleia Legislativa local fará neste mês para escolher o novo gestor do estado. Alagoas está sem governador definitivo desde que Renan Filho renunciou ao cargo no início de abril. Luciano Barbosa (MDB), que foi eleito vice-governador em 2018, já havia deixado a função em 2020, para disputar as eleições municipais. Hoje, ele é prefeito de Arapiraca.

Para os candidatos de fora das capitais, a escolha de nomes do interior é vista como uma oportunidade de renovação durante o período eleitoral. “Avalio como muito positivo e um indicativo de que há uma renovação não apenas de quadros estaduais, como acontece com nossa pré-candidatura em Pernambuco, mas também da representatividade regional, do peso político e econômico das regiões que estão mais afastadas do centro”, afirmou a ex-prefeita e candidata Raquel Lyra.

Pré-candidato ao governo em São Paulo, Ramuth endossou essa avaliação: “Isso pode ser uma feliz coincidência, mas mostra que existem talentos não só nas grandes capitais, mas também nas cidades do interior”. “O povo não aguenta mais votar nos mesmos”, diz Elvis Cezar, do PDT. Tanto Ramuth quanto Elvis Cezar eram filiados ao PSDB e deixaram o partido em 2022.

No discurso, os pré-candidatos “interioranos” têm como perfil enfatizar suas ações no comando das cidades e alegar que estão qualificados para expandir as experiências positivas no nível estadual. Raquel Lyra, por exemplo, diz que as conquistas de sua gestão em Caruaru (PE) motivaram uma “convocação” para que ela disputasse o governo do estado.

Já Ramuth vê uma identificação entre eleitores de cidades de pequeno e médio porte, o que poderia impulsionar os projetos dos candidatos do interior. “As diferentes cidades têm demandas que em muitos casos são parecidas. A mobilidade urbana, por exemplo, é um problema cada vez mais significativo”, disse.

Histórico recente é desfavorável a candidatos do interior

Os candidatos de interior enfrentam, além dos adversários, um histórico eleitoral que registra triunfos habituais de lideranças formadas nas capitais – ou politicamente vinculadas a elas. Nas eleições de 2018, por exemplo, dos cinco estados mais populosos do país – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná – quatro deram a vitória a candidatos ligados às capitais. A exceção foi Minas Gerais, que elegeu Romeu Zema (Novo), nascido em Araxá e ainda hoje eleitor na cidade.

O quadro de momento também é pouco promissor para os “interioranos”. Em São Paulo, a liderança é de Fernando Haddad (PT) e o segundo lugar está com Márcio França (PSB), segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado em abril. O petista é ex-prefeito da capital e França, embora seja ex-prefeito de São Vicente, uma cidade do litoral do estado, mudou para a capital, onde se candidatou ao cargo de prefeito em 2020.

No Rio de Janeiro, o ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil), que é de Campos dos Goytacazes, no norte do estado, ficou apenas em terceiro lugar na pesquisa Datafolha divulgada em abril. Ele perde em intenções de voto para o deputado Marcelo Freixo (PSB) e o atual governador Cláudio Castro (PL), ambos com histórico político na capital fluminense.

Para os candidatos do interior, no entanto, a disputa eleitoral ainda está no início e, portanto, há espaço para crescimento deles. “50% da eleição ainda está em aberto. Muita gente ainda não tem candidato. E a gente vai para cima para tentar conquistar”, declarou Elvis Cezar, pré-candidato a governador de São Paulo.

Metodologia das pesquisas citadas

São Paulo: o Instituto Paraná Pesquisas entrevistou 1.820 eleitores do estado de São Paulo de maneira presencial em 78 municípios entre os dias 27 e 31 de março de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. O levantamento foi encomendado pela BGC Liquidez Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo SP-07095/2022.

Rio de Janeiro: o Datafolha entrevistou 1.218 eleitores em 31 municípios do estado do Rio de Janeiro entre os dias 5 e 7 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi encomendada pela Folha de S. Paulo e está registrada na Justiça Eleitoral com o número RJ-05998/2022.


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