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Candidatos ao Senado Paulo Martins (PL) e Sergio Moro (União), durante debate da Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (26)
Candidatos ao Senado Paulo Martins (PL) e Sergio Moro (União), durante debate da Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (26)| Foto: Gazeta do Povo

Dos dez candidatos que disputam a vaga do Paraná no Senado, sete participaram de uma debate inédito realizado pela Gazeta do Povo na noite desta segunda-feira (26). Em um formato mais livre do que o tradicional, os concorrentes elevaram o tom das discussões. O debate foi transmitido ao vivo (veja o vídeo) e durou pouco mais de uma hora e meia.

Todos os oito candidatos filiados a partidos políticos com representação no Congresso Nacional foram convidados, mas Alvaro Dias (PODE) não compareceu. A ausência foi lembrada e criticada por adversários ao longo do debate. Participaram do encontro os seguintes nomes: Aline Sleutjes (Pros), Desiree Salgado (PDT), Laerson Matias (Psol), Orlando Pessuti (MDB), Paulo Martins (PL), Rosane Ferreira (PV) e Sergio Moro (União).

“Muitos dos que aqui estão lamentaram a ausência de Alvaro Dias. Eu, particularmente, achei realmente que ele não viria. Porque ele sempre foi omisso dentro dos enfrentamentos dos grandes problemas do Paraná”, alfinetou Rosane. “O senador ausente tem uma estratégia perfeita. Nesta eleição, ele não quer perder voto de ninguém. Não quer dizer que apoia o Bolsonaro, não quer dizer que apoia o Lula, não quer criticar o Bolsonaro, não quer criticar o Lula. Uma pessoa que não faz nada, não traz benefício nenhum”, continuou Laerson.

Confronto direto

Logo no primeiro bloco de confrontos, Paulo Martins questionou Sergio Moro sobre a saída do ex-juiz federal do governo Bolsonaro e o aceno, agora, ao eleitorado do presidente da República. “O senhor teve uma relação bastante controversa com o presidente Bolsonaro. Julgo até ser uma traição a forma como saiu do governo. E agora o senhor, como candidato, tenta buscar os votos de quem deve votar no presidente Bolsonaro, faz acenos a este eleitorado. Mas, o senhor, quando saiu do governo, fez diversas acusações ao presidente. Desestabilizou o país, criou uma crise, inclusive acusando o presidente de tentar aparelhar e intervir na Polícia Federal para proteger os seus familiares de supostos crimes. O senhor, agora, que quer o voto do eleitor do Bolsonaro, sustenta estas acusações que o senhor fez contra o presidente?”, perguntou o candidato do PL.

Moro afirmou que “não traí ninguém”, mas se esquivou sobre a questão da PF. “Eu sempre fui fiel à Lava Jato e ao combate à corrupção e eu deixei o governo por conta deste princípios e valores. Hoje nós temos um adversário comum, que é o projeto do Lula e do PT. Quando você me ataca, você está fazendo o trabalho do PT”, respondeu ele. “Não, não é verdade. Quem fez o trabalho do PT foi o senhor, quando acusou o presidente. Naquele momento, o PT sempre trabalhava para desestabilizar o governo e você foi elemento desestabilizador, fazendo uma acusação irresponsável, que o senhor não consegue comprovar. Nada se provou. Presidente tem a prerrogativa legal de indicar o chefe da PF”, devolveu Paulo Martins.

“A Gleisi [Hoffmann, presidente nacional do PT] já falou que a prioridade do PT é derrotar o Moro no Estado do Paraná. O Brasil vai precisar de mim no segundo turno, para combatermos o projeto de corrupção do PT. Está na hora de parar de fazer o jogo do PT para gente trabalhar em conjunto para derrotar o Lula”, insistiu Moro. “Eu não sei qual é a prioridade do PT, mas fazer o jogo do PT é o que o senhor fez”, continuou Paulo Martins.

O debate ocorreu mais livremente porque os candidatos, em duplas, ganhavam 3 minutos para dialogarem entre eles, com possibilidade de interrupções e novos questionamentos dentro deste tempo, sem mediação. Paulo Martins e Moro voltaram a trocar farpas em outro momento do debate, quando o primeiro levantou temas como aborto e armamento.

O tema da corrupção no governo Bolsonaro apareceu também em outros blocos. “Toda sociedade sabe quanto ganha um parlamentar e um presidente da República porque isso está no portal da transparência. Como nós podemos compreender, então, a compra de mais de uma centena de imóveis, sendo 51 deles em dinheiro vivo, por essa família?”, questionou Desiree a Paulo Martins. “A compra compreende 30 anos”, disse o candidato do PL. “30 anos de gente que está na política, ganhando aquele salário”, devolveu Desiree.

“Compreende a família inteira, não é só o presidente. Compreende irmãos, até a mãe, diversos parentes, e nem sabemos a relação deles, se são próximos ou não”, continuou o aliado de Bolsonaro. “Então vamos falar só do filho do presidente, que comprou uma mansão de R$ 6 milhões”, devolveu Desiree. “Ele tem uma profissão, ele é empresário, senador”, defendeu Martins.

A discussão continuou entre eles: “Moeda corrente não é dinheiro vivo, moeda corrente é a moeda vigente no Brasil”, disse Paulo Martins. “O senhor já viu uma certidão de compra e venda? Quando se compra um bem e há uma transferência bancária, até o número do cheque é colocado na certidão”, respondeu a pedetista.

Outra integrante da base bolsonarista na Câmara Federal, Aline Sleutjes também acabou fazendo a defesa do candidato à reeleição ao Palácio do Planalto. “O governo federal tem uma prática que não respeita o espírito republicano, uma prática do regime militar: quando há uma denúncia de corrupção no governo, ele decreta sigilo de 100 anos. Fez isso para proteger aquele general que estava tentando comprar vacina faturada e faz isso para proteger o filho querido, o Flavinho, como ele diz. E, no Senado, qual vai ser a sua postura, já que o Legislativo tem o papel de fiscalizar os atos do Executivo e zelar pelo interesse público?”, provocou o candidato do Psol, Laerson Matias.

“Eu fico surpresa sempre com os posicionamentos do candidato Laerson, porque acho que ele não morou no Brasil nos últimos 20 anos. Corrupção, desmandos, lavagem de dinheiro, dinheiro na cueca, Lava Jato, mensalão. Eu não sei porque vocês insistem em falar em corrupção no governo Bolsonaro, que até hoje não teve um centavo desviado de lugar algum, onde tem um presidente honesto, cristão, trabalhador, que tem feito a diferença. Mas pode ter certeza que eu serei no Senado como eu sou hoje, uma deputada que cobra, fiscaliza, estou sempre atuando, participando das audiências, reivindicando e levando sugestões”, respondeu Aline.

A discussão entre eles continuou. “Lula já prometeu que, quando ganhar, vai quebrar o sigilo de 100 anos. E essa quadrilha vai para a cadeia: quem compra imóvel, com dinheiro vivo, ou é do crime organizado ou tem uma fábrica de fazer dinheiro. E outra coisa: o Bolsonaro criou orçamento secreto para comprar deputado e senador para não votarem o impeachment. A senhora pegou emenda lá também”. “Orçamento secreto não foi criado pelo presidente”, disse ela.

A presença recorrente da disputa nacional nos diálogos foi criticada pelo candidato do MDB, Orlando Pessuti. Com foco na bandeira da agricultura - "o Senado não tem um representante do agronegócio há 12 anos" -, Pessuti afirmou durante o debate que lamentava uma discussão que não estaria voltada aos interesses do Paraná. “Está virando um bate-boca a respeito da posição ideológica deste ou daquele e estamos praticamente só na eleição nacional”, reclamou ele.

Assista ao vídeo completo do debate:

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