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Ricardo Gomyde, do PDT
Ricardo Gomyde (PDT) durante sabatina da Gazeta do Povo. Participam os jornalistas Luciana Cristo, Roger Pereira e Elvira Fantin| Foto: Marcelo Andrade/Especial para a Gazeta do Povo

Candidato ao governo do Paraná pelo PDT, o ex-deputado federal Ricardo Gomyde coloca o tema do pedágio como “central” entre suas propostas, sugere uma tarifa de R$ 5,00 para manutenção e conservação das estradas, e critica a condução do assunto pelos adversários nas urnas de outubro. “O atual governador podia ter resolvido e se omitiu e o ex-governador prometeu resolver e não resolveu”, declarou o pedetista, em referência a Ratinho Junior (PSD) e Roberto Requião (PT). Ele concedeu uma entrevista à Gazeta do Povo (assista ao vídeo) nesta quinta-feira (22), dentro da série de sabatinas com concorrentes ao Palácio Iguaçu. “Esse tema do pedágio é central: um pedágio caro encarece nosso produto e nos torna menos competitivos, além de ser um impeditivo para que as pessoas possam transitar no estado”, resumiu ele.

Gomyde é o segundo candidato a participar da série de sabatinas da Gazeta do Povo. O primeiro foi Requião, na quarta-feira (21). Nesta sexta-feira (23) será a vez da candidata do Psol, Professora Ângela. Candidato à reeleição, Ratinho Junior dará entrevista no próximo dia 28. Cada sabatina é transmitida ao vivo e tem duração de uma hora.

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Ao falar de pedágio, Gomyde comparou os governos de Ratinho Junior e Requião e fez críticas a ambos. Negou, contudo, que se trate de ataque pessoal. “Eu faço política discutindo ideais. Diferente de outros candidatos, eu não faço ataque pessoal. Mas evidente que a gente aponta contradições. Governo de Ratinho pouco inova, um governo de mesmice, não está à altura do que o Paraná precisa, um Estado pujante. É um governo no ponto morto”, iniciou ele.

“Um exemplo prático disso é a questão do pedágio: a inércia absoluta do governador causa um prejuízo monumental ao Paraná. No entanto, gosto dele, tenho uma relação cordial. Da mesma forma, o Requião. Fui secretário do Requião. Tenho com ele uma relação carinhosa, pelo menos de minha parte. Agora, não vou me furtar a apontar as contradições. Está aí o pedágio de novo, para mostrar a contradição do abaixa ou acaba. Depois não baixa, nem acaba. E aí culpa terceiros. Mas, quando falou que ia fazer, não avisou que dependia de terceiros”, afirmou ele.

Embora tenha participado da gestão Requião, o pedetista se apresenta como uma alternativa - “minha candidatura está aí colocada para mostrar que é possível fazer diferente, nem a paralisia e a mesmice do momento, nem a demagogia do passado” – e avalia que o aliado de outrora não tem mais musculatura para a disputa. “O Requião, se representou avanços em algum momento da vida política do Paraná e tinha ideias e reunia um grupo político adequado, hoje ele já não tem mais esta condição. Requião participa do processo eleitoral sem apresentar uma proposta sequer. É só uma crítica, muitas vezes acima do tom, e falando de coisas do passado”, apontou Gomyde, que, sem querer, ainda falou da sigla antiga. “Eu sou candidato para defender o programa do PCdoB e para defender minhas ideias”, tropeçou ele, que se filiou à legenda de Ciro Gomes somente neste ano, após uma longa trajetória no PCdoB, entre 1993 e 2017.

Pedágio

Gomyde explicou que uma das propostas é segurar uma tarifa de pedágio de apenas R$ 5,00, para manutenção e conservação das vias. “Nós não podemos regredir à fase anterior, das estradas esburacadas. Então eu acho que tem que ter pedágio. Mas ele [Ratinho Junior] não licitou no momento que tinha que licitar. Varreu para debaixo do tapete. Hoje [o processo de licitação] está na ANTT, no TCU, e vai ser feito em março de 2023, longe dos holofotes das eleições e do controle do povo. Fora isso, hoje nossas rodovias estão sem manutenção adequada, e as praças de pedágio degradadas, que já causaram acidentes. Ficam como um monumento à inércia do governo do Paraná”, reforçou ele.

O candidato do PDT reconhece, contudo, que o valor de R$ 5,00 não consegue contemplar as melhorias nas estradas, e que estão previstas na licitação futura. “Os estudos das novas concessões rodoviárias já indicam valores entre R$ 12 e R$ 14 a cada 100 quilômetros rodados. Valores que consideram as obras necessárias, como duplicações, terceiras faixas, viadutos, contornos”, pontuaram os jornalistas. Gomyde justifica que as melhorias serão feitas “fora da tarifa”: ele cita o próprio orçamento estadual como fonte de recursos, mas admite que será necessário “atrair investimentos”.

“A missão de governador é institucional. Você não se elege governador atrelado a um candidato a presidente da República. O paranaense espera que o nosso governador, qualquer que seja o presidente, vá lá e exija respeito ao Paraná, faça as parcerias necessárias. Para isso, tem que ter civilidade também. Eu tenho uma história no movimento social, no parlamento, acho que consigo fazer isso, atrair investimento”, disse ele, em referência a um recente anúncio da campanha petista, no qual Requião sustenta que já fez um acordo com o presidenciável Lula para garantir apenas a tarifa de manutenção, interrompendo o processo em andamento na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e no TCU (Tribunal de Contas da União).

“Não acho que renúncia fiscal seja um erro, mas Paraná faz muito e faz errado”

Ainda sobre o orçamento, Gomyde alega que acredita na melhoria da arrecadação, a partir de medidas como, por exemplo, a revisão de renúncias fiscais concedidas, hoje em torno de R$ 17 bilhões/ano. Para ele, trata-se de um valor “escandaloso”: “Estão abrindo mão de receita dos paranaenses, sem transparência e aos montes. Não acho que renúncia fiscal seja um erro, mas Paraná faz muito e faz errado. Eu acho que ela tem que ser bem trabalhada. Renúncia fiscal para micro e pequena empresa é salutar, porque você troca imposto por emprego. E outra: estas empresas não podem vir para cá, deixar de pagar imposto, sem dar uma contrapartida social para o estado. Quer ter acesso ao benefício fiscal? Vai ter que se comprometer com o salário mínimo regional”.

Estão abrindo mão de receita dos paranaenses, sem transparência e aos montes. Não acho que renúncia fiscal seja um erro, mas Paraná faz muito e faz errado

Ricardo Gomyde (PDT), candidato ao governo do Paraná

Infraestrutura

Gomyde também falou sobre a área de infraestrutura. Reforçou a necessidade de tirar a obra da Ferroeste do papel – “eu quero a Ferroeste funcionando, não me importa se ela é pública ou privada” – e defendeu que o Porto de Paranaguá faça investimentos no Litoral, ao comparar a atuação da Itaipu em relação a Foz do Iguaçu e municípios da região.

Também defendeu a ampliação do subsídio estadual ao transporte coletivo, hoje restrito à capital e região. “O transporte coletivo da região de Curitiba é subsidiado para que a tarifa não exploda, mas como justificar a falta de subsídio para região de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz? Tem que expandir”, propôs ele.

“Um governo de homens; um dado constrangedor”

Ao falar sobre o quadro de violência contra a mulher, Gomyde aproveitou para destacar que não há mulheres no primeiro escalão do governo Ratinho e que, se eleito, a ideia é nomear mulheres para ao menos 50% dos principais cargos da estrutura administrativa. “Um dado constrangedor para o Paraná, chocante, é o fato de o governo do estado não ter mulheres. É um governo de homens. Será mesmo que, entre todas as secretarias, não havia uma mulher qualificada para preencher um cargo de primeiro escalão? Mesmo se considerar a PGE [Procuradoria-Geral do Estado], ainda assim, uma mulher apenas?”, criticou o candidato do PDT. “Pega a foto da reunião do secretariado. Não tem paralelo em nenhuma unidade da federação. Não tem paralelo em nenhuma prefeitura de capital. Acho que não tem paralelo no mundo. É um quadro que envergonha o Paraná”, reforçou ele.

“STF não pode atuar como se fosse Casa revisora”

Gomyde também aproveitou o gancho do piso nacional da enfermagem, barrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para criticar a atuação da Corte. Segundo ele, o STF agiu de maneira errada e não pode se tornar uma “Casa revisora” dos demais Poderes. “Há muita gente na esquerda, por exemplo, que comemora quando o STF extrapola suas funções para constranger alguém que está no outro campo. Mas não vê que isso, na verdade, agride as instituições. E quando agride as instituições, não me interessa se ela é a meu favor ou contra, a regra é uma só. E não acho que o STF tenha que fazer o papel revisor da Câmara ou do Executivo. No caso do piso nacional da categoria, foi um erro crasso. Vamos esperar que isso se resolva logo para eles receberem o piso tal qual foi aprovado no Congresso”, defendeu ele.

Veja como foi a sabatina:

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