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Candidato ao Senado pelo União Brasil, Sergio Moro foi entrevistado nesta quinta-feira (22) pela RPC
Candidato ao Senado pelo União Brasil, Sergio Moro foi entrevistado nesta quinta-feira (22) pela RPC| Foto: Reprodução/RPC

Candidato ao Senado nas eleições de 2022, Sergio Moro (União Brasil) foi o entrevistado desta quinta-feira (22) no Meio Dia Paraná, da RPC. Aos jornalistas, o ex-juiz federal foi questionado sobre a tentativa de mudança do domicílio eleitoral para São Paulo, sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e sobre propostas capitaneadas por ele no Congresso Nacional, quando estava na cadeira de ministro da Justiça. Ao longo da entrevista, Moro insistiu na sua bandeira anti-PT, tentou associar a legenda de Luiz Inácio Lula da Silva ao seu adversário nas urnas Alvaro Dias (PODE), apresentou uma nova versão sobre sua saída do Podemos e se esquivou quando questionado sobre interferência indevida na Polícia Federal pela gestão Bolsonaro, motivo alegado por ele para deixar o governo federal, em abril de 2020. “Eu tenho divergências importantes com Bolsonaro. Mas tenho mais convergências”, declarou o ex-juiz federal.

Cinco candidatos ao Senado pelo Paraná – entre dez inscritos na disputa – participam de uma série de entrevistas à RPC. O critério de escolha dos candidatos foi a posição deles na pesquisa de intenção de votos feita pelo Ipec (*), encomendada pela RPC, e divulgada em 23 de agosto último. Os cinco melhores colocados no levantamento – além de Moro, Rosane Ferreira (PV), Orlando Pessuti (MDB), Paulo Martins (PL) e Alvaro Dias (PODE) - serão entrevistados por jornalistas da RPC. A ordem da transmissão, com 20 minutos para cada candidato, foi definida por sorteio. Paulo Martins foi o primeiro entrevistado, na segunda-feira (19). Pessuti falou na terça-feira (20) e Rosane na quarta-feira (21). Também disputam a cadeira do Paraná no Senado os seguintes nomes: Aline Sleutjes (Pros), Desiree (PDT), Laerson Matias (Psol), Roberto França (PCO) e Dr Saboia (PMN).

Nova versão sobre saída do PODE

“O senhor nasceu em Maringá e projetou-se nacionalmente a partir da sua carreira como magistrado aqui no Paraná. No entanto, só não saiu candidato por São Paulo porque a Justiça Eleitoral não permitiu. E tem dito que a candidatura por São Paulo teria sido uma exigência do seu partido. Sua obediência ao partido é maior do que seu compromisso com o Paraná?”, perguntaram os jornalistas. Moro ponderou que “nem sempre a gente consegue fazer o que gostaria dentro de uma campanha eleitoral” e acrescentou que seu domicílio eleitoral em São Paulo se relacionava com a ideia do União Brasil de derrotar o PT de Fernando Haddad.

O candidato reforçou, contudo, que, quando houve a decisão desfavorável do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, preferiu não recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde acredita que conseguiria modificar a decisão do segundo grau. “Foi a minha orientação [não recorrer ao TSE]. Eu preferi seguir no Paraná”, repetiu ele.

Ao falar da tentativa de mudança de domicílio eleitoral, Moro também sugeriu uma nova versão para a sua saída do Podemos, legenda de Alvaro Dias. Na entrevista à RPC, ele afirmou que a mudança para o União Brasil ocorreu porque o Podemos teria retirado o apoio para a sua candidatura ao Planalto. “Eu tive que me transferir para este partido [União] na última semana da transferência eleitoral porque o partido anterior [PODE], no qual eu estava em pré-campanha presidencial, me retirou o apoio na última hora”, disse ele. Na época, contudo, Moro admitia que a migração era uma busca por uma estrutura partidária mais robusta. Dentro do Podemos, houve surpresa, e, depois da troca, Moro não conseguiu espaço no União Brasil para se lançar candidato à presidência da República. Em agosto, já em campanha eleitoral, Moro também afirmou que suspeitava de irregularidades na cúpula do Podemos.

Adversários

Em mais de uma vez, Moro afirmou que sua candidatura é de “centro-direita, de combate à corrupção e de defesa da Lava Jato” e que o senador Alvaro Dias (PODE), candidato à reeleição, se “aliou ao PT e ao Partido Socialista Brasileiro”. “Hoje a gente tem um quadro muito claro aqui no Paraná. A eleição está polarizada. Temos a minha candidatura, de centro-direita, de combate à corrupção e de defesa da Lava Jato, que defende o desenvolvimento econômico não fundado na corrupção ou em uma burocracia estatizante. Do outro lado, temos a candidatura do senador Alvaro Dias, que, temos que falar a verdade, se aliou aqui no estado ao PT e ao PSB. O PSB está aliado em todo país ao PT. A batalha está sendo aqui no Paraná”, afirmou ele. “Alvaro já afirmou que vai colaborar com Lula se ele for eleito. De mim, vocês podem esperar oposição”, continuou Moro.

Interferência na PF

Questionado se havia algum arrependimento por deixar a carreira na magistratura para seguir na política, Moro afirmou que saiu do cargo de juiz federal “por um ideal” e que não ficou na cadeira de ministro da Justiça porque “não consegui fortalecer a política de combate à corrupção”. Mais tarde, contudo, Moro se esquivou ao ser questionado sobre a acusação que fez contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), de interferência indevida na Polícia Federal. “Não existe nenhuma corrupção comparável ao governo do PT. Corrupção aliado a um projeto de poder. Eu tenho divergências importantes com Bolsonaro. Mas tenho mais convergências”, afirmou ele.

Também não respondeu quando questionado se estava à vontade em associar agora a sua imagem ao do candidato Bolsonaro, diante dos motivos que alegou para o rompimento no passado. “Nosso adversário é comum. É Lula, o PT e o projeto de poder que a Lava Jato desmantelou lá atrás”, respondeu ele.

Moro ainda defendeu sua gestão à frente do Ministério da Justiça, ao citar redução de indicadores criminais em 2019 e ações contra o PCC em presídios federais. Sobre o projeto que ampliava o número de situações, em ações policiais, que poderiam ser consideradas como legítima defesa, Moro considerou “página virada”. “Havia uma demanda ali do presidente na época. Nós colocamos no projeto de lei anticrime e para discussão dentro do Congresso, que rejeitou. Não tinha um compromisso absoluto com esta proposta. Mas, ainda assim, precisamos fortalecer as polícias, valorizar as guardas municipais”, respondeu ele.

Mudanças no STF

O candidato do União também foi perguntado como avaliava a atuação do STF e se defendia mudanças na forma de escolha dos ministros da Corte. Moro alegou que tem sido um “crítico do STF, mas respeitoso”, e propôs debates. “No ano que vem, nós temos um desafio, com a abertura de duas vagas no STF. Precisam ter senadores independentes que tenham coragem de dizer não, se as indicações forem ruins. Mas, podemos discutir, sim, reformas no STF, ter mandato para ministro, um tempo fixo, sem aplicar retroativamente, para não mudar as regras do jogo”, afirmou ele. O ex-magistrado também defende discutir a possibilidade de "limitar decisões monocráticas" e citou a recente suspensão do piso nacional dos enfermeiros: “É uma matéria controversa, mas acho que tem que ser resolvida pelo Congresso, e não pelo STF”.

(*) A pesquisa eleitoral encomendada pela RPC TV para o Ipec entrevistou 1,2 mil pessoas, entre os dias 19 e 21 de agosto, em 57 municípios paranaenses. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR‐05619/2022; e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código PR‐07859/2022.

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