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Líderes do PSB e do PT descartaram federação depois de encontro em Brasília
Líderes do PSB e do PT descartaram federação depois de encontro em Brasília| Foto: PSB/Divulgação

Depois de diversas idas e vindas, o PSB encerrou as negociações com o PT para a formação de uma federação entre as legendas. Agora, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende manter as tratativas apenas com o PV e o PCdoB.

“São partidos com culturas diferentes que não estão preparados para andar juntos neste momento”, justificou o presidente do PSB, Carlos Siqueira. O principal entrave para que o acordo avançasse, segundo líderes do partido, foi que o PT não aceitou as exigências do PSB para a construção do estatuto da federação.

O PSB pretendia rediscutir o número de vagas de cada legenda na assembleia que seria criada em caso de formalização da união. A composição leva em consideração a proporcionalidade da Câmara dos Deputados. Nesta configuração, o PT ficaria com 27 vagas e o PSB com 15. O PCdoB e o PV teriam quatro cada.

"Em resposta ao atual momento político, o PT, o PCdoB e PV decidem caminhar para constituir a federação e continuará dialogando com o PSB em busca de sua participação, bem como, o envolvimento de outras do nosso campo”, afirmaram os partidos em nota.

A federação foi um mecanismo aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado e permite que dois ou mais partidos se unam por um período de quatro anos, tendo inclusive candidatura única em disputas majoritárias. O prazo para a formalização dessas alianças se esgota em maio.

Além do impasse sobre o regimento da federação, os dois partidos divergiram sobre a candidatura ao governo de São Paulo, onde o PT pretende concorrer com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o PSB com Márcio França, ex-vice-governador do estado. "[A federação] criou uma série de problemas e que empacotou tudo numa coisa só. A federação tem outros problemas que são mais difíceis de resolver do que a eleição de governador”, disse França na semana passada depois de um encontro com o ex-presidente Lula em São Paulo.

Sem federação com o PT, PSB deve perder parte da bancada no Congresso

A principal articulação para que o PSB formasse uma federação com o PT vinha de parte da bancada da sigla na Câmara dos Deputados. A expectativa é de que ao menos 15 dos 32 parlamentares migrem para o PT e o PV diante do fim das negociações entre os partidos.

Para esses deputados, a federação deve favorecer a reeleição de seus mandatos, diante do favoritismo de Lula nas pesquisas eleitorais. No PSB, eles temem maiores dificuldades para atingir o quociente eleitoral em seus estados.

Entre as baixas, o deputado Felipe Carreras (PE) deve aproveitar a janela partidária para se filiar ao PV. O período, que permite a troca de partido sem a perda de mandato, termina em 1º de abril. A debandada também deve atingir as bancadas estaduais do PSB. No Paraná, por exemplo, ao menos cinco deputados estaduais pretendem deixar a sigla.

Mesmo sem federação, PSB pretende manter apoio a Lula na corrida presidencial

Na contramão da federação, o PSB sinalizou que estará ao lado do PT na corrida presidencial deste ano. A sigla pretende filiar o ex-governador Geraldo Alckmin e lança-lo como vice na chapa do ex-presidente Lula.

"As quatro agremiações, PT, PSB, PCdoB e PV, têm unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente", informaram os quatro partidos em nota.

No começo desta semana, Alckmin chegou a se reunir com Carlos Siqueira para acertar os detalhes de sua filiação. O presidente do PSB chegou a confirmar o acordo, mas o ex-governador paulista sinalizou que ainda conversava com outras legendas, como PV e Solidariedade. De acordo com aliados de Alckmin, ele aguardava uma solução para o impasse da federação antes de assinar sua filiação.

Agora, a expectativa é que Alckmin participe, neste sábado (12), do encontro estadual do PSB em São Paulo. O anúncio formal da entrada de Alckmin no partido acontecerá na próxima semana em um evento na capital paulista.

Com a filiação acertada, o ex-presidente Lula pretende oficializar sua candidatura ao Palácio do Planalto no próximo mês, logo depois do fim da janela partidária. Segundo líderes do PT, Alckmin deve participar do ato como indicado oficial do PSB para o posto de vice.

Lula e Alckmin devem estar em palanques diferentes em São Paulo 

Com o impasse sobre as candidaturas ao governo de São Paulo, líderes do PT e do PSB admitem que Lula e Geraldo Alckmin podem estar em palanques diferentes no estado. Enquanto o ex-presidente petista pretende apoiar Fernando Haddad, Alckmin deve estar ao lado de Márcio França.

O entorno dos dois políticos descarta qualquer tipo de constrangimento e sinaliza que a divisão não deve impactar na disputa presidencial. A candidatura de França, no entanto, ainda é cercada de incertezas dentro do PSB.

No começo deste mês, França admitiu que o PSB e o PT poderão estar juntos na disputa pelo Palácio do Bandeirantes. De acordo com o pré-candidato, pesquisas de intenção de voto serão levadas em consideração no momento de definir qual será o nome da disputa.

“Se o ele [Haddad] estiver na frente, eu não tenho nenhum problema em tirar a minha candidatura. O Haddad também não tem que ter nenhum problema", admitiu França.

Segundo o último levantamento Ipespe, divulgado em fevereiro, Haddad tem 28% das intenções de voto, no cenário em que disputa diretamente com França, que aparece em segundo com 18%. A sinalização de França veio depois de um encontro com Lula em São Paulo. Os dois temem que uma divisão de candidaturas no campo da esquerda possa favorecer o ministro Tarcísio Freitas (sem partido), pré-candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Não ter a federação não afasta as alianças estaduais. É um patamar de coligação, que é diferente. Mas achamos que é importante", afirmou a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

O levantamento Ipespe, encomendado pela XP Investimentos, ouviu 1 mil eleitores do estado de São Paulo entre os dias 14 e 16 de fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-03574/2022.

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