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Senado senadores
Plenário do Senado: eleição irá renovar um terço das cadeiras do Senado, mas candidaturas ao Executivo nos estados podem aumentar essa proporção.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

As eleições de outubro podem mudar de modo significativo a composição do Senado. Não apenas porque 27 das 81 cadeiras da Casa estarão em disputa nas urnas, mas também pelo grande número de senadores em meio de mandato que concorrerão aos governos de seus estados. São 17 os senadores eleitos em 2018 que são pré-candidatos a governador neste ano:

  • Alessandro Vieira (PSDB-SE)
  • Carlos Viana (PL-MG)
  • Eduardo Braga (MDB-AM)
  • Esperidião Amin (PP-SC)
  • Fabiano Contarato (PT-ES)
  • Izalci Lucas (PSDB-DF)
  • Jorginho Mello (PL-SC)
  • Leila Barros (PDT-DF)
  • Luís Carlos Heinze (PP-RS)
  • Marcos Rogério (PL-RO)
  • Rodrigo Cunha (União Brasil-AL)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Sérgio Petecão (PSD-AC)
  • Styvenson Valentim (Podemos-RN)
  • Veneziano Vital do Rego (MDB-PB)
  • Weverton Rocha (PDT-MA)
  • Zequinha Marinho (PL-PA)

A relação inclui veteranos da política e do Congresso, como Amin, Petecão e Heinze. Mas também senadores que disputaram uma eleição pela primeira vez em 2018, como Contarato, Alessandro Vieira e Leila Barros.

Se vencerem as eleições para o governo estadual, esses senadores deixarão na metade os mandatos de oito anos para os quais foram eleitos em 2018. Com isso, os quatro anos restantes da legislatura serão exercidos pelos seus primeiros suplentes – que, em muitas ocasiões, não pertencem aos mesmos partidos dos titulares. Caso sejam derrotados, os parlamentares poderão retomar os mandatos no Senado, sem prejuízos.

Diferentemente do que ocorre com governadores e prefeitos, os senadores não são obrigados pela legislação a renunciarem a seus mandatos para se candidatar a outros postos. Eles não são nem sequer obrigados a se licenciar do Legislativo durante o período eleitoral. Podem participar das eleições mantendo o assento no Senado.

DF e SC podem ter toda a bancada em campanha

O quadro das pré-candidaturas faz com que seja possível ter, em outubro, a totalidade das bancadas no Senado de Santa Catarina e Distrito Federal na disputa pelo governo dos respectivos estados.

Em Santa Catarina, os senadores Dario Berger (PSB), Jorginho Mello (PL) e Esperidião Amin (PP) são pré-candidatos. E, no Distrito Federal, Reguffe (União Brasil) ainda não confirmou se estará nas urnas, mas é cotado como pré-candidato ao governo local, ao lado de Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT).

Três outros senadores que foram eleitos em 2018 também foram citados como pré-candidatos para 2022, mas retiraram seus nomes das disputas. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se lançou para o governo de seu estado, mas desisti de seu projeto para auxiliar na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Jaques Wagner (PT-BA) foi considerado pelo seu partido para tentar novamente retornar ao governo da Bahia, mas optou por continuar no Senado. E o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teve seu nome considerado pelo partido para disputar a sucessão de Jair Bolsonaro (PL), o que acabou não se concretizando.

Senadores citam apoio popular para justificar candidatura em meio de mandato

Os eleitos em 2018 que concorrerão em 2022 alegam que não têm recebido críticas da população por causa de um eventual "abandono" do mandato quatro anos antes do fim. "No diálogo com o eleitor, tenho sentido interesse pela candidatura", afirmou Sérgio Petecão. O parlamentar disse que se licenciará do cargo para disputar a eleição.

Rodrigo Cunha, que também se afastará do mandato para disputar as eleições, disse que tem "recebido agradecimentos" dos cidadãos por causa da decisão de concorrer ao governo de Alagoas. "Os eleitores, agora, entendem a minha opção pela candidatura ao governo de estado porque estão frustrados pela má gestão da atual administração", afirmou.

Abordagem semelhante é a de Leila Barros. "Por meio de minhas redes sociais e, principalmente, pelo contato direto com a população, tenho recebido muito carinho e o reconhecimento das pessoas", afirmou.

Possível adversário da ex-atleta nas urnas, Izalci disse que "não ouvi uma queixa sequer de qualquer eleitor". "Só recebi estímulos dos eleitores para que eu dispute e ganhe a eleição para mudar Brasília", acrescentou. Os dois senadores do Distrito Federal declararam que não pretendem se licenciar durante o mandato. Leila justificou a decisão pelo fato de residir na própria capital do Brasil, o que elimina o tempo gasto em deslocamentos.

Nas eleições de 2018, a questão do "abandono" do mandato foi um dos temas centrais na disputa pelo governo de São Paulo, onde o segundo turno teve o confronto entre Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB). França criticava Doria pelo fato de o tucano ter sido eleito prefeito de São Paulo dois anos antes e ter renunciado ao mandato para se candidatar ao governo.

Doria rebatia com a alegação de que a população apoiava sua decisão, o que se refletia em sua liderança nas pesquisas de então. Ele venceu aquela eleição, embora na cidade de São Paulo tenha recebido menos votos do que França.

Suplentes podem dar nova cara ao Senado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que não se candidatará em 2022, tem como primeiro suplente o empresário Paulo Marinho. Ambos se aproximaram durante o período eleitoral de 2018. Hoje, porém, Marinho e Flávio estão rompidos, e uma eventual licença de Flávio colocaria um opositor do presidente Jair Bolsonaro no Congresso.

O quadro de divergências ideológicas entre titular e primeiro suplente também se verifica no caso de alguns senadores pré-candidatos de 2022. Weverton (PDT-MA) tem como primeiro suplente o ex-prefeito Roberth Bringel, filiado ao União Brasil. Weverton é crítico da gestão Bolsonaro e Bringel é tio do deputado Juscelino Filho (União Brasil-MA), que não se opõe ao governo.

Em Sergipe, o primeiro suplente de Alessandro Vieira (PSDB) é Jorge Mitidieri, tio de Fábio Mitidieri (PSD), também pré-candidato ao governo e, portanto, adversário de Vieira. Já Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) também é adversário de Bolsonaro e tem como primeiro suplente o ex-senador Ney Suassuna, que é filiado ao Republicanos, um dos partidos da base do governo.

O primeiro suplente de Izalci Lucas, que foi vice-líder do governo, mas depois se afastou de Bolsonaro, é o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte. Ele foi um dos principais articuladores do Aliança Pelo Brasil, o partido que Bolsonaro tentou fundar quando rompeu com o PSL, ainda em 2019.

"Eu sendo eleito governador, o mandato de senador é dele, que responderá perante aos brasilienses sobre suas decisões parlamentares. Espero que ele, como senador, contribua para a melhoria da qualidade de vida da população", disse Izalci.

Na mão oposta, a senadora Leila disse que o perfil de sua primeira suplente foi um fator que a estimulou a apresentar a pré-candidatura ao governo de Brasília. A suplente é a técnica legislativa Leany Lemos, que foi secretária do governo de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul. "Tenho certeza de que, caso eu seja eleita, ela desempenhará suas funções com dignidade e dedicação", disse.

Em 2018, 14 senadores em meio de mandato foram candidatos a governador

O panorama de 2022 repete um cenário habitual no Congresso. Em 2018, 14 senadores que haviam sido eleitos em 2014 foram candidatos aos governos estaduais:

  • Antonio Anastasia (PSD-MG)
  • Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)
  • Gladson Cameli (PP-AC)
  • Elmano Ferrer (PP-PI)
  • Fátima Bezerra (PT-RN)
  • José Maranhão (MDB-PB)
  • Omar Aziz (PSD-AM)
  • Paulo Rocha (PT-PA)
  • Roberto Rocha (PTB-MA)
  • Romário (PL-RJ)
  • Ronaldo Caiado (União Brasil-GO)
  • Rose de Freitas (MDB-ES)
  • Telmário Mota (Pros-RR)
  • Wellington Fagundes (PL-MT)

Destes, apenas Cameli, Caiado e Bezerra viraram governadores, abrindo caminho para que seus suplentes ocupassem em definitivo uma cadeira no Senado.

Outro senador eleito em 2014 que disputou um cargo diferente em 2018 foi Alvaro Dias (Podemos-PR). Ele tentou, sem sucesso, a Presidência da República.

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