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Fernando Haddad (PT) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos),
Fernando Haddad (PT) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que disputam o segundo turno em São Paulo.| Foto: Ricardo Stuckert e Antonio Cruz/Agência Brasil

A eleição para o governo de São Paulo repetirá, no segundo turno, a polarização da disputa para presidente da República. Seguem no páreo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), e Fernando Haddad (PT), aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No domingo (2), quando ocorreu o primeiro turno da eleição, Tarcísio largou em vantagem. O candidato de Bolsonaro obteve 42,32% dos votos, contra 35,70% de Haddad.

Rodrigo Garcia (PSDB), que disputava a reeleição, ficou em terceiro lugar, com 18,40% dos votos. Foi a primeira vez desde 1994 que um tucano não vence a eleição para o governo de São Paulo.

Nesta terça-feira (4), Garcia anunciou “apoio incondicional” a Bolsonaro e Tarcísio. O candidato do Republicanos, porém, disse em coletiva de imprensa que não levará o tucano a palanques. “Eu preguei mudança o tempo todo. Não faz sentido agora estar com eles [tucanos] no palanque”, afirmou.

Tarcísio pode conseguir, ainda, o apoio do MDB em São Paulo, mesmo que a legenda de Simone Tebet sinalize que, nacionalmente, irá apoiar Lula. Quem defende a aliança é Ricardo Nunes (MDB), prefeito da capital paulista.

De outro lado, Haddad já fez as alianças possíveis durante o primeiro turno. Ele e Lula conseguiram, por exemplo, atrair a ex-ministra Marina Silva (Rede), que foi eleita deputada federal por São Paulo.

A Gazeta do Povo procurou as campanhas de Tarcísio e Haddad, questionando ambas a respeito de estratégias para o segundo turno, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

Tarcísio atingiu o teto?

A aliança com Garcia é importante para que Tarcísio consiga manter a liderança na disputa. O atual governador tem grande capilaridade no estado, com aliados em prefeituras, por exemplo, o que pode ajudar o ex-ministro.

Parte dos analistas, porém, considera que o candidato de Bolsonaro pode ter atingido um “teto” de votos. A hipótese é de que já tenha ocorrido um fenômeno de voto útil para Tarcísio no primeiro turno, o que deixa pouca margem de manobra ao candidato.

“A gente teve, na esquerda, um esforço de unificação de candidaturas. Do lado da direita não houve essa unidade, ficou tudo mais pulverizado. Agora é difícil dizer se essas pessoas [que votaram em Garcia] vão migrar [para Tarcísio] ou se vão engrossar a abstenção, brancos e nulos”, diz Vitor Barletta, cientista político e professor da PUC-Campinas.

Busca pelos indecisos

De outro lado, Haddad terá um cenário muito mais duro pela frente. O mapa da votação do primeiro turno mostra que Tarcísio ganhou na maior parte dos municípios, especialmente no interior. O petista, por outro lado, venceu na capital, onde já foi prefeito, com 44% dos votos.

Na avaliação de Maria Teresa Kerbauy, professora da Unesp (Universidade Estadual Paulista) no campus de Araraquara, a estratégia do PT no primeiro turno foi equivocada. “O Haddad deveria ter feito uma campanha contra o Tarcísio, mas optou por criticar o Garcia. O resultado do primeiro turno tem a ver com a estratégia que o PT utilizou”, afirma.

Para ela, Haddad deve tentar converter votos entre os indecisos, que votaram em branco ou nulo ou nem mesmo compareceram à eleição. Uma das estratégias pode ser reforçar propostas para a área da Educação, já que Haddad é professor e foi ministro da área nos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT). Com isso, Haddad pode tentar atrair votos não só de quem não tem candidato, mas também de Garcia.

No total, 7,92% dos eleitores paulistas anularam o voto; 6,06% votaram em branco; e 21,63% não compareceram às urnas. Historicamente, porém, a abstenção no segundo turno é maior do que no primeiro, porque os eleitores acabam se desmobilizando.

Aliados de Haddad que foram bem nas urnas também devem ajudar a reforçar a campanha. Na segunda-feira (3), Guilherme Boulos (Psol) – candidato a deputado federal mais votado em São Paulo, com mais de um milhão de votos  – deu entrevistas defendendo o petista e criticando Tarcísio.

No Roda Viva, da TV Cultura, Boulos disse que “se soltar o Tarcísio por aí, ele não chega nem na Praça da Sé”. “O Haddad é um candidato muito competitivo e tem total condição de ganhar em São Paulo”, completou.

Durante a campanha, o candidato de Bolsonaro se viu envolvido em uma polêmica por não saber onde é sua seção eleitoral. Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio é natural do Rio de Janeiro, e transferiu seu título para São Paulo para concorrer ao governo.

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