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Terceira via sudeste
Grandes cidades do Sudeste são o alvo dos candidatos da terceira via na última semana de campanha eleitoral.| Foto: Sebastião Moreira/EFE

Os três maiores colégios eleitorais do país serão o alvo da campanha dos candidatos da terceira via nesta última semana da eleição, antes da votação que ocorrerá neste domingo (2). As maiores cidades de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro terão a visita de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon Luís (PTB), que buscam votos para tentar levar o pleito ao segundo turno.

A região Sudeste do país é considerada a mais importante e estratégica pelas campanhas, por reunir 42,64% de todo o eleitorado nacional. É lá, também, onde está localizado o estado considerado por analistas de política como o “termômetro” da corrida eleitoral: desde 1989, ano da primeira eleição direta após a redemocratização, quem vence no estado conquista o Palácio do Planalto.

Nesta última semana de eleição, Ciro Gomes fará campanha principalmente entre São Paulo e Rio de Janeiro, de acordo com sua assessoria, por conta da participação em entrevistas e no último debate televisionado antes do primeiro turno – organizado pela TV Globo, na quinta-feira (29), no Rio de Janeiro. No fim da semana, ele viaja ao Ceará para votar no domingo (2).

Simone Tebet também segue na mesma estratégia, em especial por conta de pesquisas eleitorais que mostram um melhor desempenho dela em alguns estratos sociais, segundo a coordenação de campanha. No levantamento do BTG/FSB, divulgado nesta semana, a emedebista aparece com 12% das intenções de voto em cidades do interior e 9% entre os eleitores com renda familiar acima de dois salários mínimos (veja metodologia mais abaixo).

Já Felipe d’Avila passará a semana entre São Paulo e Rio também se preparando para o debate da TV Globo, enquanto que seu vice, Tiago Mitraud (Novo) se divide entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais fazendo campanha.

Parte da agenda de Tiago vai coincidir com a de Soraya Thronicke, que irá ao Rio de Janeiro, também para o debate, mas deve passar por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará e Belém até encerrar a campanha no Mato Grosso do Sul, onde votará no domingo (2). Já o Padre Kelmon Luís ainda está fechando a estratégia desta última semana, mas passa esta segunda-feira em Juiz de Fora (MG).

De olho no voto do Sudeste

No entanto, a estratégia de focar a campanha no Sudeste pode não render o resultado esperado pelos candidatos. Na opinião de Juliana Fratini, cientista política e mestre em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é muito difícil para estes candidatos "virarem voto", como se diz no meio político, em menos de uma semana.

“As eleições começam antes das próprias eleições, e esses candidatos não conseguiram se articular o suficiente. Pra convencer o eleitor neste curto período, não há mais tempo. Eles perderam tempo, não conseguiram estabelecer uma sustentação melhor”, opina.

Ciro e Simone, terceiro e quarto colocados na pesquisa BTG/FSB desta segunda-feira, tentam combater a estratégia do voto útil, encampada principalmente pela campanha de Lula para tentar vencer a eleição presidencial no primeiro turno. A pesquisa BTG/FSB mostrou que 13% dos eleitores podem mudar de candidato quando chegar para votar na urna eletrônica.

Achiles Batista Ferreira Junior, professor doutor de pós-graduação e especialista em marketing político, acredita que a estratégia dos dois, neste momento, serve para marcar território entre o eleitorado, já que, segundo ele, a eleição está praticamente consolidada.

“Esta eleição de agora é muito diferente de todas as outras que já tivemos, só mesmo algum fato muito grave pode mudar as intenções de voto dos eleitores. Mas, qualquer dois ou três pontos porcentuais a mais de votos que o Ciro e a Simone consigam já pode segurar a eleição de Lula em primeiro turno e levar a disputa para o segundo”, analisa.

Por que MG tem fama de "termômetro" da eleição presidencial

Além de ser o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com 16,2 milhões de eleitores, Minas Gerais tem uma condição peculiar: é um estado que reúne características semelhantes às das diferentes regiões do país. O norte de Minas, por exemplo, tem características socioculturais e econômicas mais semelhantes às do Nordeste, enquanto o sul do estado é mais parecido com o Centro-Sul do país.

E alguns fatos históricos também ajudam a criar esta teoria de “termômetro”. Em algumas eleições passadas, no tempo do voto impresso, ocorreram problemas logísticos que fizeram as urnas dos eleitores mineiros serem as últimas a serem contabilizadas. Assim, explica Achiles, Minas se tornou o “fiel da balança” da eleição.

Na eleição deste ano, segundo a pesquisa Datafolha com eleitores mineiros, divulgada na última quinta (22), Lula tinha 46% das intenções de voto; Jair Bolsonaro (PL), 33%; Ciro, 6%; Simone Tebet, 5%; e Soraya Thronicke, 1%. Os outros candidatos não pontuaram no estado (veja a metodologia no fim da matéria).

Metodologias das pesquisas citadas

BTG/FSB
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 23 e 25 de setembro de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-08123/2022.

Datafolha
Foram entrevistadas 6.754 pessoas entre 20 e 22 de setembro em 343 municípios. A amostra base é de 2.556 entrevistas e foram realizadas expansões para leitura detalhada de três estados (SP, RJ e MG). A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada no TSE com o número BR-04180/2022.

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