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Amaggi comprou 100 caminhões movidos a biodiesel da marca Scania.
Amaggi comprou 100 caminhões movidos a biodiesel da marca Scania.| Foto: Divulgação/Amaggi

O mercado dos biocombustíveis – gerados a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais – vem ganhando musculatura no Brasil. A estimativa é que a produção nacional salte de 6,3 bilhões de litros para mais de 10 bilhões de litros até 2026.

A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de antecipar em um ano o calendário de mistura do biodiesel ao diesel corrobora essa expansão.

A mistura, que hoje é de 12%, subiria para 13% no ano que vem e chegaria a 15% somente em 2026. Mas, segundo o anúncio da última quarta-feira (20), a fração de biodiesel será de 14% já em março do ano que vem e de 15% em 2025.

As mudanças são consideradas vitórias do agronegócio, que se beneficia com o aumento da demanda por matérias-primas e pelo próprio biodiesel. Por outro lado, petroleiras, distribuidoras, transportadoras e setores da indústria demonstram preocupação com os custos, para a cadeia e o consumidor, dessa antecipação de cronograma.

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) calcula que o preço do litro do diesel via subir R$ 0,35. Transportadores também relatam preocupação com os impactos da nova mistura sobre o desempenho dos motores.

Silveira, por sua vez, preferiu enfatizar que a medida vai estimular a agricultura nacional e que a produção de matérias-primas do biodiesel não vai competir com a de alimentos.

Grandes companhias com braços no agro, fabricantes de biodiesel, aproveitam a onda para investir em novas frotas de caminhões movidas por esse combustível.

A gigante da agropecuária Amaggi comprou 100 caminhões da Scania e vai abastecê-los com o combustível à base de soja que começou a produzir neste ano em Lucas do Rio Verde (MT). Nessa unidade a empresa já possui uma indústria esmagadora de grãos, de onde sai a matéria-prima para a fabricação do biocombustível.

A companhia comercializa para outras empresas. A ideia é expandir tanto a frota quanto a venda do combustível. No caso dos veículos, hoje a empresa tem 700 caminhões, devendo fechar o ano de 2024 com 1,1 mil unidades, sem contar os novos 100 que só chegam em maio. Gradualmente, vai realizar a troca pelos caminhões movidos a biodiesel até chegar a sua totalidade.

“Olhamos para o futuro, com a ampliação não só da frota rodoviária movida a biodiesel, mas também com a extensão do uso desse combustível para frota fluvial, de tratores e outros maquinários agrícolas que há anos já vêm sendo testados pela Amaggi”, diz Judiney Carvalho, CEO da empresa.

Colocar caminhões na rua com seu próprio combustível também é a estratégia da JBS – eles levam o adesivo “100% movido a biodiesel”. Além disso, a empresa vai "envelopar" o posto de abastecimento na sua planta em Lins, cidade no interior de São Paulo onde está a fábrica de biodiesel do grupo.

A JBS Biodiesel começou a testar em outubro o uso de biodiesel à base de sebo bovino em alguns dos semirreboques contêineres de outra empresa do grupo, a JBS Transportadora. O projeto tem como objetivo comprovar a qualidade do biodiesel como substituto ao diesel na matriz de logística rodoviária brasileira.

Os caminhões da JBS rodam, somados, uma média de 1,2 mil quilômetros por dia na rota entre Lins e o Porto de Santos. Além de Lins, a companhia tem plantas para a produção de biodiesel em Mafra (SC) e Campo Verde (MT). Juntas, somam capacidade instalada de produzir cerca de 720 milhões de litros de biodiesel por ano.

Alexandre Pereira, diretor comercial da JBS Biodiesel, diz que a introdução do biodiesel frota de caminhões da JBS é uma sinalização importante para o mercado brasileiro, demonstrando confiança na qualidade do biocombustível.

“Os dados iniciais já mostram que o desempenho do veículo, que está sendo testado rota logística entre Lins e o Porto de Santos, é bastante similar ao que roda com diesel, demonstrando uma performance muito positiva”, conta.

L’Oréal investe em biometano para frota e em posto próprio

A fabricante de cosméticos L’Oréal está apostando em outro tipo de biocombustível: o biometano. A empresa migrou o abastecimento de toda a sua frota de caminhões, até então feito com gás natural (GNV) ao fechar contrato com a fornecedora Gás Verde.

O biometano é um combustível renovável, produzido a partir da purificação do biogás que é gerado na decomposição do lixo orgânico. No caso da Gás Verde, os resíduos vêm do aterro de Seropédica, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina.

As duas empresas também firmaram um acordo para lançar o primeiro posto de abastecimento de biometano na América Latina. Ficará ao lado do Centro de Distribuição Gaia, que é o segundo maior da L’Oréal na América Latina.

A Gás Verde já fornece biometano para 40 postos de combustível no Rio, que abastecem frotas leves e pesadas. Porém, esse será o primeiro ponto de abastecimento totalmente dedicado ao abastecimento de biometano para uma empresa.

“Cada vez mais, as indústrias estão utilizando o biometano em seus processos produtivos e em suas frotas. E agora iremos disponibilizar um posto de abastecimento de biometano inédito, dedicado às frotas pesadas”, afirma o CEO da Gás Verde, Marcel Jorand.

Segundo L’Oréal, ao trocar o GNV pelo biometano haverá uma redução de 94% nas emissões de gases de efeito estufa na operação em comparação a 2021, e eles são os primeiros do segmento de cosméticos a utilizar um biocombustível 100% renovável em toda a frota dedicada.

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