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violência no trânsito

Acusados de morte em racha vão a júri

Julgamento ocorre seis anos depois de acidente que matou a adolescente Fabíula Coalio, mas réus poderão recorrer caso sejam condenados

Júri popular inclui argumentação da promotoria e da defesa, além de depoimentos | Ricardo Lopes/O Diário de Maringá
Júri popular inclui argumentação da promotoria e da defesa, além de depoimentos (Foto: Ricardo Lopes/O Diário de Maringá)

Maringá - O julgamento de Marcos Jesus da Silva, 31 anos, e Luiz Cavicchioli Forini, 24 anos, que começou por volta das 8h30 de ontem, deve se estender até a madrugada de hoje. Eles são acusados de disputar um racha que terminou com o atropelamento e morte da menina Fabíula Regina Coalio, 12 anos, em Maringá, em 2003. A acusação e defesa já foram ouvidas, mas ainda têm direito a réplica e tréplica.

Os advogados de defesa assumiram a palavra por volta das 17h30, alegando que não houve intenção por parte dos réus de atropelar e matar Fabíula. A alegação é contrária à argumentação da promotoria, que pede a condenação de ambos por dolo eventual. O advogado de defesa Laércio Nora Ribeiro afirma que Silva não saiu de casa com a intenção de matar a menina. O defensor também argumenta que o cliente estava trabalhando no momento do atropelamento, pois levava um carregamento de tomate para distribuir em barracas de cachorro quente. Ainda com a palavra, a defesa lembrou que não pode haver condenação por intenção, uma vez que não há previsão de dolo no Código Brasileiro de Trânsito. "A não ser no caso em que o motorista tenha uma desavença com alguém e atropele essa pessoa intencionalmente para matá-la", disse o advogado.

"A velocidade foi alterada nos boletins de ocorrência e as testemunhas disseram uma velocidade no dia do crime e depois mudaram o depoimento em juízo", afirmou ao júri o advogado de Forini, José Hermenegildo Baptista Raccanello. Ele alegou que a velocidade do carro que atingiu Fabíula não era de 130 quilômetros por hora.

O promotor do caso, Edson Aparecido Cemensati, que atua na acusação, afirmou que se trata de crime com dolo, uma vez que os acusados, na época, assumiram o risco de praticar o racha, pondo em perigo a vida deles e de outras pessoas. Ele lembrou a agravante de a menina não ter sido socorrida. "O Marcos ligou para um amigo para buscar o carro, que havia escondido num terreno, mas não prestou socorro à menina (...) e não pediu para buscar o corpo", lembrou.

"Queremos que eles sejam condenados porque o que cometeram foi um assassinato. Sequer pararam para socorrer minha filha. Não queremos indenização, não queremos nada, só que seja feita Justiça e eles paguem pelo que fizeram", disse a mãe de Fabíula, Márcia Regina Coalio.

O acidente

De acordo com Cemensati, às 19h30 do dia 13 de agosto de 2003, Fabíula estava na Avenida Colombo quando foi atropelada pelo carro de Silva. Forini estaria dirigindo um veículo modificado. Se­­gundo o promotor, um laudo pericial apontou que ambos estavam a uma velocidade de 130 km/h no momento do acidente.

Fabíula estava no meio fio, prestes a atravessar a avenida – sua mãe tinha uma lanchonete do outro lado da via. Cemensati afirmou que a jovem foi arremessada a uma altura de mais de cinco metros e caiu a 66 metros do local do atropelamento, tendo morte instantânea.

Os réus, ainda segundo a promotoria, teriam percorrido pelo menos 800 metros até o atropelamento. Eles estão respondendo por homicídio por dolo eventual, por "assumir o risco do resultado morte", segundo o promotor. A pena varia entre 6 e 20 anos de reclusão. Como a Vara Criminal representa a primeira instância da Justiça, cabe recurso ao resultado do julgamento.

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