Simone Pereira Machado (centro) com os sócios Roberto Machado (à dir) e Leonardo Freitas de Vasconcellos: software de gestão garantiu a saúde financeira da empresa. | Divulgação
Simone Pereira Machado (centro) com os sócios Roberto Machado (à dir) e Leonardo Freitas de Vasconcellos: software de gestão garantiu a saúde financeira da empresa.| Foto: Divulgação

Em um espaço de tempo curto, a maneira com que vários profissionais e ramos trabalham mudou radicalmente: os aplicativos de transporte modificaram a forma com que as pessoas se locomovem, as hospedagens nas férias passaram a ser em apartamentos compartilhados e a tecnologia influenciou várias profissões, que precisaram se reinventar para sobreviver. Porém, uma área que ainda resiste em mudar radicalmente o seu modelo é a contabilidade: a atuação do profissional continua muito restrita ao lado operacional, o que gera falta de tempo para que ele atue de maneira estratégica, ajudando as empresas, sobretudo as pequenas, a identificar seus erros e acertos e melhorar a sua gestão.

“Ainda é muito comum ver a relação entre o dono do pequeno negócio e do contador não ser tão harmônica. Ele não vê muito valor. O essencial para ele é ver as guias de impostos pagas e o contador acaba investindo boa parte do tempo nessa coleta de dados, que não gera muito valor para a empresa. Isso é algo que precisa mudar. Se olharmos para mercados desenvolvidos o contador é o maior parceiro do empreendedor, mas para isso acontecer é preciso que tecnologias ajudem os dois lados trabalharem juntos”, pontua o CEO da ContaAzul, Vinicius Roveda – a empresa brasileira, fundada em 2012, oferece uma plataforma de gestão em Nuvem para pequenas empresas e começou sua trajetória no Vale do Silício. A economia de tempo é considerável: os contadores reduzem cerca de 10 horas por cliente para fechamento contábil.

Segundo o mestre em Contabilidade e professor do curso de Ciências Contábeis da FAE Anderson Amâncio, essa modificação permitida pela tecnologia possibilita que o contador atue com mais análise de dados. “Os sistemas integrados de gestão, também conhecidos como ERP (Enterprise Resource Planning) estão cada vez mais populares nas organizações. E eles trazem consigo a automação de várias rotinas contábeis a partir dos eventos gerados nos processos operacionais que ele abrange”, explica. De operação, a palavra-chave na área passou para gestão. “O profissional deve ser um ator muito mais ativo no processo de administração do negócio, auxiliando a média e alta gestão na tomada de decisões”, salienta o professor.

Apesar de grande parte do mercado ainda atuar de maneira mais convencional, Roveda acredita que, nos últimos dois anos, houve uma grande mudança das empresas e empresários do ramo para prestação de um serviço mais completo. “Quem não está fazendo essa virada está atrasado, e pode passar por sérios problemas, porque daqui a dois anos a dinâmica já será diferente”, acredita.

Por isso, o CEO da ContaAzul aposta que o foco dos empresários contábeis que já se preocupam em atingir novos níveis de satisfação do cliente e produtividade será de serviços mais consultivos e estratégicos. A tecnologia será utilizada para trabalhar de forma integrada às pequenas empresas, permitindo acesso à mesma versão dos dados eliminando trabalhos repetitivos e os impactos da burocracia. “Quando a parte obrigatória é resolvida em menos tempo, o empresário contábil passa a ser um suporte para o cliente. Um contador especializado tem muitas informações e consegue oferecer um suporte analítico, dizendo ao cliente se uma decisão é viável e de quais recursos precisará. Quanto mais estratégico, mais o contador consegue atuar de forma consultiva, o que aumenta tanto a satisfação do cliente e quanto o crescimento da empresa contábil e a de seus clientes”.

Aprendizagem

Simone Pereira Machado, sócia da empresa de personalização Mundodiferente.com, viu a diferença que uma boa administração é capaz de provocar. A empreendedora, que teve outros dois negócios em áreas distintas antes da atual empresa, fechou as portas duas vezes e amargou prejuízos por problemas de gestão. “Por isso, quando fui montar a nova empresa, sabia que não podia errar. Então, eu e meus sócios fomos buscar soluções práticas. Hoje, se tenho 100% do meu controle financeiro, é pelo sistema que uso e sei alimentar de forma correta”, conta ela, que adotou a ferramenta de gestão em Nuvem. “Quando você consegue centralizar tudo em um espaço só, não precisa fazer mil planilhas. Cerca de 80% do meu trabalho administrativo e financeiro eu gerencio pela plataforma. Isso facilita o meu dia a dia”, conta.

Necessidades

O empresário contábil que deseja mudar sua forma e postura de trabalho precisa ficar atento para as competências técnicas, orienta Roveda. “Quanto mais ele for trabalhar com análise, mais conhecimento e relação interpessoal são exigidos. Além disso, pensar ações que são possíveis tomar hoje para atender clientes daqui a dois anos e enxergar o seu trabalho em um futuro próximo são reflexões essenciais”. Aumentar a presença digital para angariar clientes é outra medida importante – segundo o CEO, 60% dos clientes de escritórios contábeis nos Estados Unidos chegam por meio da internet, 51% em pesquisas feitas com celular.

A segmentação das atividades, diz Roveda, é outro caminho possível, sobretudo com o auxílio de ferramentas tecnológicas que otimizem as atividades. “Queremos agregar valor. O empresário contábil é um super-herói que pode aumentar a chance de sucesso de pequenas empresas. Essa é a nossa principal motivação”. O professor Anderson Amâncio lembra que a grande quantidade de dados gerados pela contabilidade permite gestão de risco, compliance e auditorias internas mais eficazes. “No futuro, vislumbro que os sistemas integrados de gestão vão evoluir ainda mais, integrando agentes internos e externos. A contabilidade passa a ser algo automático. E o profissional contábil, ou analista da informação contábil, monitora os registros buscando identificar novas informações que possam aprimorar a alocação de recursos nos negócios da empresa”, enfatiza.

Serviço

A ContaAzul realiza no próximo dia 17, em Curitiba, o Dia D ContaAzul, evento para contadores que buscam atualização por conta das mudanças de mercado. A programação inclui palestras com nomes como Nelson Boing, Luiz Corrêa e Anderson Hernandes, autor de 10 livros, como “Marketing Contábil 2.0” e “Estratégias de Marketing para Empresas Contábeis”. O evento discutirá temas como: transformação no mercado contábil; como melhorar a produtividade da empresa de contabilidade; satisfação do cliente e valorização do contador; aquisição de novos clientes; e programa de contadores parceiros. No dia 18 a ContaAzul abrirá três turmas destinadas a certificar os escritórios que tiveram representantes participando do evento no dia 17. A participação é gratuita. As inscrições podem ser feitas na página do evento.