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A bancada da bola em Curitiba não será tão da bola assim. É notória a ligação do vereador reeleito Aladim Luciano (PV) e do novato Júlio César Sobota (PSC), o Julião da Caveira, com o futebol. Muitos dos votos deles vieram da fama adquirida como ex-jogador e chefe de torcida organizada, respectivamente. Mas a atuação na Câmara terá pouco ou nada a ver com os clubes. No dia seguinte à eleição, ambos se mostravam mais preocupados com benfeitorias nos bairros ou trabalhos de assistência social.

Cada um foi entrevistado no lugar onde se sente mais à vontade. O ídolo da torcida do Coritiba no fim dos anos 70 e início dos 80 estava na Panificadora Aladim, estabelecimento que mantém no bairro Bacacheri há 23 anos. Presidente da Os Fanáticos, Julião foi encontrado em um churrasquinho no Água Verde, na calçada em frente a um bar, que foi seu "comitê" de campanha.

Aladim aproveitou os jogos do Coxa para intensificar o corpo a corpo com possíveis eleitores, mas, com quatro anos de experiência, entende que as prioridades são outras. "O futebol profissional não precisa de ajuda. A CBF e o governo federal fazem esse papel. Temos de trabalhar sim com o esporte amador e os colégios", diz.

A expressiva marca de 6.315 votos – superando com folga os 4.143 de 2004 – foi alcançada principalmente pelo trabalho como líder comunitário da região do Bacacheri. "Pesou o trabalho na educação e no esporte. Mais na educação, com reformas e benfeitorias em quatro colégios, canchas esportivas também. Sem contar a pavimentação de oito ruas", listou Aladim, deixando clara a linha de atuação. "Trabalhar nesses projetos menores é melhor. Também conseguimos as verbas com mais facilidade. Os grandes a prefeitura faz", acrescenta.

Ele pretende manter o estilo, mas é sincero ao admitir que não há planos traçados por enquanto. "Ainda não tenho nada em vista. Preciso descansar um pouco primeiro, porque essa reta final foi puxada."

Julião, ao contrário, não se mostrava nada cansado. Copo de cerveja sempre cheio na mão, ele estava é bem relaxado. Afinal, sua campanha fugiu totalmente do convencional. "Eu não gastei um tostão. Aliás, até achei um pecado gastar R$ 3.400 que juntamos. Os camaradas foram dando vintão cinqüentão, deizão... Fizemos adesivos, santinhos e oito banners. Não prometi e nem pedi nada. Só chegava nos caras, dava o santinho e falava: "Tem moral de entregar?’".

Ele atribui 50% dos 4.041 votos à organizada e diz que "o restante veio do pessoal das vilas, inclusive camaradas coxas e paranistas." Para moradores do Água Verde, era freqüente vê-lo todos os dias no mesmo local de ontem.

A principal idéia é ampliar o trabalho social realizado pela Os Fanáticos. "Às vezes o cara mora numa quebrada e vem contar que tem uma instituição lá precisando de alimentos, material de construção ou limpeza... Fazemos uma vaquinha ou rifa para ajudar. Na Câmara quero primeiro ver como funciona, me adequar às regras, saber como a prefeitura pode financiar coisas para ajudar os bairros", diz o presidente da organizada, visto por pessoas próximas como "um cara do bem, que às vezes se envolve em confusões".

Confusão, pelo menos, ele promete evitar. "Não posso chegar tocando o horror, mas também não vou ser nenhuma vaquinha de presépio. E é bom frisar bem: não sou vereador da torcida do Atlético somente."

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