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A Copa América, que co­­meçará na próxima sexta-feira com Ar­­gentina e Bolívia, está cercada de expectativa porque muitos acreditam que mudou o eixo criativo do futebol mundial.

Para muita gente, principalmente os europeus, extinguiu-se a escola sul-americana e tudo passou a girar em torno da incrível posse de bola do Bar­­ce­­lona. Bobagem. Como tudo na vida, o momento mágico experimentado pelo Barcelona e, por extensão, pela seleção espanhola, é passageiro.

Os europeus compram os astros, mas resistem em aceitar a riqueza do futebol sul-americano – especialmente brasileiro e argentino –, empenhados em valorizar o poder econômico e as políticas de gestão dos seus principais clubes.

É inegável a perfeição do sistema europeu de organizar as suas ligas e, sobretudo, os seus campeonatos. Mas todos os clubes, literalmente, todos os clubes do futebol europeu estão no vermelho. Inclusive os gi­­gan­­tes Manchester United e Barcelona, que decidiram o tí­­tu­­lo da última Liga dos Campeões.

Acontece que eles têm uma visão absolutamente cartesiana: o futebol não existe para dar lucro, mas sim para alavancar negócios e dar alegria e prazer ao torcedor. Portanto, os clubes são administrados no limite de suas possibilidades com a preocupação de formar os melhores elencos com o objetivo de atrair maior número de associados, patrocinadores, consumidores de produtos do clube e compradores dos pacotes dos jogos pela televisão. O balanço financeiro é apenas um detalhe, como diria a abominável ministra Zélia.

Por isso, mesmo devendo os tubos e operando prodígios para manter as contas em dia, Real Madrid, Milan, Interna­­zio­­nale, Chelsea e outros continuam mandando bala e reunindo as maiores estrelas mundiais em seus elencos.

Tecnicamente, o Barcelona é uma beleza e conseguiu remeter os amantes e puristas do futebol aos grandes espetáculos proporcionados pelo Feyenoord, Ajax e a seleção holandesa dos anos 1970. Rinus Michels, Cruyff, Rijkaard e outros influenciaram o estado de espírito e, principalmente, a forma de jogar do Barça. O carrossel catalão não gira em torno de Messi, mas conta com o craque argentino como precioso aditivo da máquina bem azeitada.

Agora, jogando a Copa Amé­­rica em casa, Messi e seus companheiros terão a oportunidade de mostrar que o futebol continental continua sendo o mais virtuoso do planeta e, para conseguir a prova final, es­­peram contar também com o talento da seleção brasileira.

Aí é que entra Mano Menezes e a sua proposta de trabalho. Ele não deve se iludir com as palavras do presidente Ricardo Teixeira de que será mantido com qualquer resultado, pois o tribunal que julga a figura do técnico da seleção é mais amplo e bem mais rigoroso: é o tribunal do povo. O mesmo que derrubou Luxemburgo, Leão e mais alguns por muito menos.

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