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Provavelmente a maioria da torcida brasileira não tinha a mínima ideia de quem era Diego Costa até que Felipão resolveu convocá-lo. Aos 25 anos, o sergipano de Lagarto, atacante do Atlético de Madrid, mandou um comunicado à CBF agradecendo a lembrança tardia do selecionador nacional e reafirmando o desejo de atuar pela Espanha, dando cores futebolísticas ao velho ditado "minha pátria é onde me sinto bem".

Felipão, que anda preocupado com a carência de bons atacantes para a seleção e com a longa inatividade de Fred, arriscou chamar o irregular Robinho ao mesmo tempo em que demonstrou desilusão com Lucas e Pato. Everton Ribeiro, do Cruzeiro, faz por merecer uma chance tanto quanto o zagueiro Manoel, do Atlético, pelo que mostram nesta temporada.

O curioso na frustrada convocação de Diego Costa é que ele se apresenta apenas como um jogador em boa fase que se destaca no Campeonato Espanhol da mesma forma que o gorducho Walter, do Goiás, e o pequenino Éderson, do Atlético, encantam o público com seus gols.

O episódio reacendeu a discussão em torno do patriotismo dos atletas, amor à camisa, orgulho nacional, sonhos pessoais e outros argumentos conflitantes com o capitalismo selvagem do futebol mundial.

No passado os casos mais emblemáticos foram os de Julinho Botelho e Evaristo, não chamados para a Copa de 1958 porque atuavam na Europa – Fiorentina e Barcelona, respectivamente – e um ítalo-brasileiro que surgiu no XV de Piracicaba, estourou no Palmeiras foi para a seleção e acabou chamado de mercenário depois que perdeu o lugar de titular. Chamava-se José João Altafini, o famoso Mazzola, campeão mundial pelo Brasil que vestiu a camisa da Itália na Copa de 1962, como o argentino Alfredo Di Stéfano e o húngaro Ferenc Puskas, que jogaram pela Espanha.

O paranaense Paulo Rink, ídolo da torcida atleticana e vereador em Curitiba, sempre diz que ficou arrepiado quando tocou o hino nacional brasileiro na partida em que ele defendeu a Alemanha pela Copa das Confederações, em 1999.

Fica no ar a questão do patriotismo, principalmente se o jogador for bom de bola e decida as coisas para o país adotado. Patriotismo é uma questão individual e Diego Costa deve ter sentido a obrigação moral de agradecer a ajuda que recebeu na Espanha desde que deixou o Brasil com uma mão na frente e outra atrás.

Chuteira patriótica não combina com o moderno profissionalismo futebolístico e o conhecido substrato xenófobo no esporte deve ser arquivado. Chega de falso moralismo, de falsos profetas e dos problemas causados pelo lamentável nacionalismo sectário.Não podemos reforçar esses traços e devemos confiar na capacidade de Felipão em repetir as boas atuações da Copa das Confederações propiciando ao nosso povo a alegria da conquista do hexa no Maracanã.

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