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Historicamente os resultados do futebol nunca influíram nos resultados das eleições presidenciais no Brasil. Basta dar uma olhada nos efeitos causados pela conquista do primeiro título mundial, em 1958, sobre o pleito que elegeu Jânio Quadros dois anos depois. O presidente Juscelino Kubitschek realizou um governo de profundas transformações conceituais e estruturais, era querido pelo povo, que o chamava de JK, e mesmo assim não conseguiu emplacar o seu candidato in pectore, o Marechal Henrique Teixeira Lott. Entre a espadinha e a vassourinha, venceu o objeto que varreria a corrupção nacional, até que Jânio exagerou na dose e renunciou ao cargo.

A conquista do bicampeonato em 1962 não ajudou em nada o presidente Jango Goulart, que foi derrubado dois anos depois diante do panorama de absoluta desorganização do seu governo, provocando a ida da população para as ruas das grandes capitais e culminando com a ascensão dos militares ao poder. Ganhando ou perdendo o tri, em 1970, o governo militar seguiria em frente, pois as passeatas, os protestos e os quebra-quebras de 1968 provocaram a edição do AI-5, que implantou oficialmente a ditadura no país.

Nem mesmo o penta influenciou o eleitorado nas eleições de 2002 com a vitória da oposição, mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso tendo recebido a delegação triunfante em Brasília, com direito as cambalhotas de Vampeta na rampa do Palácio. O Brasil perdeu os Mundiais de 2006 e 2010 e o governo ganhou as eleições.

A meu ver é prematuro vincular o resultado esportivo desta Copa com a sucessão presidencial alguns meses depois. Claro que por ser realizada aqui, com o aval do governo e com a quantidade de problemas verificados na construção das novas arenas e, sobretudo, no atraso da maioria das obras de infraestrutura, logística e mobilidade urbana com acentuada elevação dos preços, o povo saiu às ruas para protestar.

É o preço que os governantes estão pagando pela ousadia do ex-presidente Lula ao assumir todos os riscos de trazer a Copa do Mundo para um país atrasado em diversos setores, com expressiva população carente e com um custo excessivamente elevado para atender as exigências da Fifa.

Falou-se muito no legado que o evento deixaria para a população, entretanto, diante da avalanche de projetos modificados, edificações que tiveram de ser ajustadas com os trabalhos já iniciados, retardamentos para a entrega em todos os tipos de obras e as inevitáveis correções nos custos provocaram esse descontentamento generalizado. Tudo isso ajudou a diminuir o entusiasmo da torcida, tanto que pela grandiosidade da competição é modesta a movimentação popular. Talvez mude nas vésperas da estreia da seleção, mas apesar do empenho do governo na sua propaganda oficial, esta Copa esta longe de ser a "Copa das Copas".

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