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Quando, em 1982, Falcão, com um violento chute de fora da área, empatou em 2 a 2 o jogo Brasil e Itá­­lia – resultado que asseguraria a classificação da seleção brasileira para as semifinais da Copa na Espanha – o técnico Telê Santana ber­­rou do banco de reservas do acanhado Estádio Sarriá, em Barcelo­­na, para o time atacar em bloco.

E o poder de fogo brasileiro era dos maiores, com alas do calibre de Leandro e Júnior; médios requintados como Cerezzo, Falcão e Sócra­­tes; e atacantes realizadores como Zico, Serginho e Éder.

Telê acreditava que o selecionado acabaria por golear também a irregular "Squadra Azzurra", como ocorrera contra a Escócia, Nova Zelândia e Argentina.

Para tornar o time ainda mais ofensivo, ele ordenou a entrada no ataque do arisco Paulo Isidoro no lugar de Serginho. Pouco depois, em fulminante contra-ataque – idêntico aos outros dois que resultaram em gols para os italianos – os futuros campeões mundiais de­­sempataram com um gol de Paolo Rossi, derrotando a mais talentosa seleção brasileira desde 1970.

Foi um choque para todos, afinal o mundo do futebol estava encantado com aquela equipe mágica que fazia recordar as maravilhas de Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e outros nos Mundiais de 1958-1962 ou de Gérson, Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino na conquista do tricampeonato no México.

O tetra e o penta foram conquistados com estratégia comedida, privilegiando o sistema defensivo antes do ataque. Gol eiros seguros, zagueiros firmes, alas equilibrados, volantes combativos, armadores eficientes e, pelo menos um gênio no ataque: Romário, em 1994, e Ronaldo, em 2002.

No Mundial passado os principais jogadores apresentaram-se fora de forma e desinteressados.

Com Dunga, surgiu um time regularíssimo em eficiência defensiva e aproveitamento ofensivo. Fazia tempo que a seleção não vencia tanto, em situações tão diferentes, mostrando que havia sabedoria na maturidade do grupo, pois o time aprendeu que nem sempre a melhor defesa é o ataque.

As exibições podem não ter sido muito brilhantes ou empolgantes, mas com resultados satisfatórios no apito final dos árbitros.

Se o resultado da Inter de Milão no duelo com o Barcelona encorajou os apoiadores das teorias de Dunga, afinal, Júlio César, Maicon e Lúcio – seus titulares – deixaram o Camp Nou consagrados, muitos ainda acham que não se pode desprezar a juventude e a arte de jovens como Ganso e Neymar, que andam barbarizando com Robinho no Santos.

Pode ser que Dunga acabe convocado as espetaculares revelações santistas, nem que seja para evitar que alguns torcedores apedrejem o avião na hora do embarque, mas com certeza não abrirá mão de suas convicções defensivas.

O time de Dunga vai atacar, pois se não marcar gols não haverá título, mas jogará sempre com a consciência de que também é necessário recuar na hora certa.

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