O governo estadual e a prefeitura colocaram Curitiba no mapa da Copa do Mundo porque enxergaram benefícios promocionais e financeiros com o aporte de verbas do PAC para a ampliação do Aeroporto Afonso Penna, obras em avenidas por onde transitarão os visitantes e outras melhorias que continuam retardadas.
A Arena da Baixada foi escolhida para receber os jogos porque era o melhor estádio da cidade e, no entendimento das autoridades públicas, com poucos investimentos estaria concluído até a data estabelecida. Porém, no meio do caminho, a Fifa mudou os termos do caderno de encargos, acrescentando inúmeras exigências que não faziam parte do pacote inicial para a ampliação do estádio atleticano que, surpreendentemente, foi colocado abaixo para a edificação de outro totalmente novo. Daí em diante as coisas se complicaram para o governo, para a prefeitura e, obviamente, para o Atlético. Houve muito amadorismo por parte dos administradores públicos, que permitiram que o clube operasse o projeto sozinho conforme a liberação dos recursos.
Sem orçamento e cronograma definitivos, sofrendo os reajustes naturais de qualquer obra atrasada, o processo fugiu do controle, até que ontem, com a visita do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi dado mais um mês de tempo, com a criação de um grupo gestor integrado por governo e prefeitura ajudando e fiscalizando o clube, que assumiu a responsabilidade de terminar a obra no prazo estipulado.
A Copa do atraso
Escolhido para sediar o Mundial de futebol neste ano e a Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016, o governo brasileiro aceitou o desafio e assumiu todos os riscos perante a Fifa e o COI, respectivamente. A Copa do Mundo, com projetos em atraso e custos multiplicados, talvez seja o caso mais visível de um compromisso assumido de forma leviana e sem avaliação de prioridades para o país. Parte da herança recebida pela presidente Dilma Rousseff, esse gigantesco compromisso, além de impor despesas crescentes, desperdícios em cascata e graves constrangimentos ao governo, limita seu espaço de ação.
O Brasil vai continuar emperrado por muito tempo, se a aceleração do crescimento econômico depender das obras de infraestrutura tocadas pelo setor público ou entregues ao setor privado em regime de concessões ou de parceria. Atrasos nas obras de geração e a transmissão elevam o risco de apagão e racionamento de energia elétrica nos próximos anos; construções de aeroportos paradas, sendo emblemático o caso de Fortaleza, que simplesmente não ficará pronto para a Copa; condições precárias em todos os tipos de transporte e os projetos em andamento correm o sério risco de serem mal feitos, além de implicar enormes custos adicionais.
Lamentavelmente a ineficiência é a marca da Copa do atraso.
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