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Quando as torcidas se enfrentaram com bombas, atingiu-se o clímax da violência na Arena da Baixada depois de cadeiras arrancadas e outras manifestações de ira com imagens chocantes na televisão.

Infelizmente não existem indicadores, por enquanto, de que se arrefeça a violência que tomou conta dos arredores e interiores dos estádios brasileiros. Já tivemos um episódio dramático há pouco tempo – o assassinato de um torcedor do Vasco quando a torcida aproximava-se do Pacaembu para acompanhar o jogo com o Corinthians, pela Co­­pa do Brasil – e ainda está fresca na cabeça dos torcedores a morte de um menino atingido por uma bomba, quando assistia a uma partida entre São Paulo e Co­­rin­­thians. Houve mais, muito mais cenas de horror, inclusive aquele mostrada exaustivamente pela televisão, de um adolescente sendo arrastado da arquibancada abaixo pela torcida inimiga, durante um jogo de basquete no Maracanãzinho.

É assim que a violência explode: não tem lugar nem hora para acontecer, e não pesa a importância dos jogos, dos times, ou o tamanho das torcidas.

Na carnificina do estádio de Hilsborough, em 1989, quando morreram 95 pessoas, pela fúria cega dos hooligans, o ministro do Interior britânico da época, David Waddington, disse que o futebol da Inglaterra estava "doente". Um sociólogo, por seu turno, relacionou a delinquência nos estádios a uma nostalgia da onipotência do império britânico, que o estilo da então primeira-ministra, Margaret Thatcher, faria florescer em algumas mentes jovens vocacionadas para a brutalidade no embalo da Guerra das Malvinas.

As autoridades britânicas, com rigor e grande eficiência, aliando um competente plano de ação policial com o investimento em alta tecnologia nos estádios e cercanias, acabaram com a era dos hooligans. Foram mais além, mudando a legislação, profissionalizando totalmente o futebol do país e criando a Liga dos Clubes, que resultou no esplendoroso patamar alcançado nos últimos anos. O futebol inglês é o mais rico, mais atraente e mais organizado do planeta.

No Brasil, fora o talento de algumas torcidas em macaquear os piores vícios estrangeiros, não existe uma explicação tão sofisticada para a "doença". Nossa última experiência em guerras foi contra o Paraguai, no século 19, e uma singela participação na Segunda Guerra Mundial, há mais de 60 anos.

A situação, que é assustadora, circunscreve-se nos limites estritos da irracionalidade e do sadismo. E por isso deve ser tratada com o rigor que a Fifa recomenda e que as autoridades esportivas européias acatam.

Para se evitar o pior é preciso repensar-se o plano de ação policial em grandes conflitos e todo o sistema de punições, que, como acontece em outros setores do Brasil, não são aplicadas como deveriam ou são tão brandas que é mesmo como se não existissem.

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