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A vida é movida a sonhos – não importa se pequenos ou grandes. Para o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare"somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos". Como o homem é um ser lúdico – talvez mais "ludens" do que "sapiens" – no sentido de cultivar o lazer, o jogo, a brincadeira, ele reage quando se tenta sufocar esta vocação. Esta atitude obscurantista pode partir de uma seita religiosa ou de uma ideologia política que assume o poder do país em forma de ditadura que, ao pregar a seriedade e a renúncia, censuram o riso e o prazer.

A ludicidade é fundamental para a manutenção do equilíbrio físico e mental do indivíduo.

Por isso o futebol tornou-se o esporte mais popular do planeta, proporcionando paixão, tensão, alegria e contrição, sensações que mexem com o torcedor.

Uma bela jogada, um drible desconcertante, um gol e uma vitória compõem o mosaico de emoções do futebol. Mas é o titulo de campeão o objeto de desejo.

Observem o êxtase do futebol mineiro com as conquistas do Cruzeiro e do Galo, coroando campanhas memoráveis. Os seus torcedores choraram, rezaram, riram, pularam e se abraçaram no Mineirão, domingo com as cores cruzeirenses e quarta-feira com tons atleticanos.

Questiona-se a construção de estádio, centro de treinamentos e outras vantagens patrimoniais, se o dirigente despreza o título de campeão. Temos aqui o exemplo do Atlético, que conta com um presidente visionário, expansionista e realizador. Todos os torcedores lhe rendem homenagens pelo que foi construído nesses quase 20 anos, porém não se conformam com a escassez de títulos enquanto se obrigam a assistir às comemorações do principal adversário, o Coritiba, que se sagrou recentemente tetracampeão estadual.

Como Atlético e Coritiba disputam o mesmo espaço e se assemelham em quase tudo, participando apenas como coadjuvantes das competições nacionais e internacionais – com as conhecidas exceções através dos tempos –, o título estadual acaba tendo, sim, uma relevância que o líder atleticano insiste em ignorar.

Talvez imaginando que é o alfa e o ômega do Furacão, ele ainda não percebeu que o torcedor, mesmo em sua santa ingenuidade, cansou de esperar o título de campeão para comemorar com filhos, netos, amigos, etc.. E milhares deles não se sensibilizaram com a nova Arena da Baixada e deixaram de adquirir cadeiras.

Devem estar aborrecidos de pagar para assistir a apresentações de times sub-23 ou outros tecnicamente insuficientes, sem perspectiva de festejar a conquista do campeonato.

A torcida coxa-branca, ao contrário, manteve-se fiel graças aos últimos títulos comemorados e as duas finais na Copa do Brasil. Não fossem esses eventos felizes e o embate político atual ganharia contornos de intensa dramaticidade. O título de campeão, seja qual for, faz bem à alma de todos que gostam de futebol.

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