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Os filósofos, através dos séculos, exercitam detalhado trabalho para dissecar o perfil do homem. Segundo diversos especialistas nesses estudos, com destaque ao filósofo italiano Mondin, o homem é um ser lúdico – talvez mais Ludens do que Sapiens – no sentido de cultivar o jogo, o lazer, a brincadeira.

Não obstante, às vezes, se tentar sufocar esta vocação do homem, podendo essa atitude obscurantista partir de uma seita religiosa fundamentalista ou de uma ideologia política que, ao pregar a seriedade e a renúncia, censura o lazer, o riso e o prazer.

A lucidez, no dizer do pensador Mondin, é importante para a manutenção do equilíbrio físico e psicológico do indivíduo, porém a dimensão lúdica é a garantia da alegria, do divertimento, da serenidade, da suspensão temporária de todo tormento, de toda responsabilidade e de toda preocupação inerentes à vida humana.

Assim como a criança quando brinca, o adulto se transporta para o mundo do imaginário esquecendo um pouco a dura realidade do dia a dia. Mas o jogo lúdico não é um privilégio dos humanos, pois no mundo animal a sua exteriorização é evidente através do gatinho que brinca com o novelo de lã ou dos cachorrinhos que se engalfinham numa luta de faz de conta.

Se na Roma antiga o lema era panem et circenses, no Brasil a atividade lúdica é representada pelo carnaval e pelo futebol. Se os romanos construíram o Coliseu, os brasileiros construíram o Maracanã e a seguir edificaram o Sambódromo, assegurando o divertimento das massas.

Hoje será aberto o novo Maracanã, marca maior da história do nosso futebol e cultuado templo de grandes acontecimentos. Na época da inauguração do antigo estádio o Brasil conheceu a sua mais dolorosa experiência no futebol, que foi a perda do título mundial, em 1950, batizado pelos uruguaios de Maracanazo.

Depois vieram a alegria das conquistas da seleção; os triunfos do Santos de Pelé que escolheu o grande templo para escrever a sua glória internacional; o milésimo gol do Rei e a sua despedida da seleção; os shows de Garrincha, Zico, Roberto Dinamite, Romário e muitas outras festividades, inclusive o título nacional do Coritiba, em 1985.

Para alguns privilegiados – artesãos, artistas, cientistas, esportistas – até mesmo a atividade profissional é um exercício lúdico; entretanto, para o povo, a espontaneidade do lazer se dá no estádio de futebol e, aí, o Maracanã é insuperável.

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