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A insensibilidade tornou-se marca registrada da humanidade. Não, não estou falando das ações de ditadores ou de regimes autoritários, mas do cotidiano das nossas vidas.

A banalidade do valor da vida humana assusta, pois a dramática sequência dos acontecimentos e a velocidade da informação tornaram tudo muito esquisito e até mesmo sufocante. A frase do ditador comunista Josef Stalin cada vez faz mais sentido: "A morte de uma pessoa conhecida é chocante, a morte de cem mil ou de um milhão de pessoas é apenas estatística".

A insensibilidade chegou a tal ponto que, se a ocorrência não for com sujeito ou com al­­guém da sua família, pouco im­­porta.

O mundo sempre viveu em ebulição, tanto que a história foi escrita com sangue, mas, a evolução natural das espécies, o aperfeiçoamento do ensino, a melhoria das condições gerais de vida, a aceitação dos regimes democráticos e a comunicação global indicavam uma possível transformação no comportamento das pessoas. Isso, tristemente, não acontece.

Milhões continuam agindo de forma personalista, com egoísmo que desrespeita os princípios comezinhos de convivência civilizada.

Sintomas das inquietações políticas derramaram-se sobre um estádio de futebol com o confronto entre as torcidas do Al-Masary, de Port Said, e o Al-Ahly, do Cairo. Após uma rara vitória do primeiro, que jogou em casa, seguiu-se um confronto no qual 74 pessoas morreram e mais de mil foram feridas. A Irmandade Muçul­­mana culpou os mubarakistas, ainda fiéis ao deposto ditador do Egito. Testemunhas afirmaram que a polícia cruzou os braços e permitiu o massacre para se vingar da participação da torcida organizada do Al-Ahly na rebelião contra Mubarak.

O campeonato foi suspenso e foram destituídos o governador de Port Said, seus chefes de segurança e a cúpula da federação de futebol, enquanto se investiga a briga que se tornou crise política.

Aqui, na aldeia sinistra em que se transformou o futebol paranaense, por conta da arrogância e da falta de bom senso de muitos dirigentes, nos encontramos à beira de um colapso de segurança.

A realização de jogos do Atlé­­tico, detentor de grande e fiel torcida, em um estádio com capacidade máxima para apenas quatro mil espectadores foi o estopim de ocorrências policiais e de tráfego em uma das rodovias mais importantes do estado. E a federação marcou o clássico Atletiba para uma Quar­­ta-Feira de Cinzas em princípio, pasmem, no Ecoestádio.

Claro que os problemas não se resumem ao futebol, já que a nossa amada Curitiba tornou-se uma das capitais mais violentas do país e os incidentes registrados no Largo da Ordem mostraram como a polícia encontra dificuldades para combater a agressividade dos jovens alcoolizados e drogados, misturados a inocentes foliões que se preparam para as festas do carnaval.

Tempos estranhos, sem dúvida.

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