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Pouca gente sabe, mas o primeiro projeto para a construção de um estádio público para futebol e outros esportes foi concebido em 1956, pelo arquiteto Airton "Lolô" Cornelsen, no local onde é hoje a Praça Rui Barbosa. A capacidade seria para 180 mil torcedores, transformando-se no segundo maior estádio do mundo, atrás apenas do Maracanã. Não deu certo, ainda bem.

As ruas e as praças da cidade eram usadas para corridas de bicicletas e circuitos de automóveis – os irmão Fittipaldi disparavam na Mal. Floriano, dirigindo "Gordini" de competição. Adir de Lima era o grande ciclista da época. Lembro-me também do Elon Garcia e do José Kalkbrenner Filho – radialista e fotógrafo de profissão, respectivamente —, competindo no centro da cidade, e durante os intervalos de jogos, na pista do Durival Britto.

O Coritiba teve uma superequipe de basquete feminino, base da seleção, com Marta, Aglaé e outras rainhas das quadras. O ginásio do Atlético, o maior da cidade, lotava para as disputas regionais envolvendo Paraná, Rio e São Paulo. A corrida do facho, promovida pelo exército, parava a cidade. O futebol, claro, com mais intensidade, dividia o bolo de alternativas no esporte.

O chamado esporte amador foi se extinguindo com o tempo, ressuscitou com os clubes Curitibano e Golfinho (judô e natação), e deu os últimos suspiros na época do secretário de esportes Oswaldo Santos, com um projeto bem próximo da genética cubana, no atletismo, basquete, ciclismo e vôlei, com o Rexona de Bernardinho. E parou por aí.

Hoje, os jovens desportistas formam dois grupos: rolezinhos e torcidas organizadas. Curitiba e outras capitais brasileiras são parasitas olímpicas, e há um grau de hipocrisia sem tamanho, quando julgam atos de vandalismo – reprovável e criminoso sobre todos os aspectos, é claro –, sem aprofundar-se na causa.

O Brasil tem apenas quatro medalhas de ouro em 90 anos de atletismo olímpico, que é o esporte básico da humanidade, o mais importante dos Jogos, e de custo baixo. Não há país no mundo que tenha o biótipo tão variado quanto o nosso, apropriado para qualquer modalidade. Na Jamaica, de Usain Bolt, nação pequena e pobre, todos os colégios investem em pistas, e os alunos têm chances de treinar desde pequenos. Na consciência daqueles que ostentam o poder no Brasil, porém, atletismo é como saneamento básico: não dá voto.

Que bom seria se esses moços, pobres moços, soubessem que o estouro da boiada, a desembestada, a disparada dessa juventude, deveria ser nas raias, não nas ruas ou nos estádios! E que quebraría­mos mais recordes, e menos ônibus e vitrines!

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