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Bruno Furlan é atacante, mas entrou no jogo contra o Rio Branco como armador. Na coletiva, a pergunta sobre a improvisação era natural. E recebeu uma resposta que diz muito sobre o trabalho que está sendo feito no Atlético: "Durante a semana eu treinei também de lateral-esquerdo. Lateral, atacante, meia... A posição não importa. Eu quero é jogar".

Bruno Furlan tem 19 anos e sua última partida pelo Rubro-Negro havia sido em abril de 2010. Quan­­do ele interrompeu o jejum pessoal de quase dois anos ao substituir Marcinho, o Atlético passou a ter oito jogadores sub-23 em campo. Uma situação incomum para o torcedor atleticano, que ano passado acostumou-se a ver um time bem mais experiente. Uma situação corriqueira para Carrasco, que repete na Baixada a fórmula dos seus melhores trabalhos.

Para levar o nanico Fênix pela primeira vez à Libertadores, Car­­rasco apostou em garotos da base do próprio clube e de outras equipes. Jovens como Germán Hornos, Javier Cámpora e Martín Ligüera (hoje no Atlético), todos fundamentais para que a ciranda tática do treinador funcionasse. E para que ele pavimentasse seu caminho para comandar a Celeste Olímpica.

Depois JR passou quatro anos no River Plate de Montevidéu, que se tornou uma pedra no sapato de Peñarol e Nacional. Mais uma vez um time pequeno recheado de garotos promissores – Richard Porta, Jonathan Urretaviscaya e Bruno Montelongo – dispostos a jogar na função que seu treinador pedisse. À fórmula de apostar na juventude, foi acrescida uma novidade, a presença de um veterano meio-campista, Nelson Abeijón.

A predileção por garotos faz sentido. Jovens são mais receptivos a situações pouco convencionais, como atuar totalmente fora de posição ou ser titular em um jogo e nem pegar banco em outro – atitudes comuns de Carrasco. Assim, mais fácil pedir para Bruno Furlan e Pablo, atacantes de 19 anos, que eles joguem de lateral do que para um atleta mais rodado.

O próprio Carrasco sabe disso. No Nacional, seus métodos pouco ortodoxos enfureceram os atletas mais experientes, a ponto de alguns terem, segundo a imprensa uruguaia, condicionado sua permanência à saída do treinador. Não custa lembrar: o Nacional foi campeão.

As três primeiras rodadas mostraram que a garotada rubro-negra acha que, se for para jogar, vale a pena abrir mão da posição de origem. Eu também acharia. Paulo Baier entra como a referência técnica e de vestiário (algo reconhecido por Carrasco no Caranguejão), exatamente como era Abeijón no River uruguaio. O nó a ser desatado está na natureza das competições. Fênix e River Plate entram no Campeonato Uruguaio como forças intermediárias, zebras na disputa do título, exatamente como o Atlético na Série A.

No Paranaense e na Série B é diferente. O Atlético é time a ser batido nas duas competições. Um peso que talvez seja excessivo para um elenco tão jovem.

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