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Copas fora da Europa são divertidas, sempre tem zebra na semifinal: Bélgica em 1986; Suécia e Bulgária em 1994; Coreia e Turquia em 2002. Agora, na África, Uruguai, Coreia do Sul, EUA ou Gana estará entre os quatro melhores.

Cresci respeitando o futebol uruguaio. Por aquilo que li e ouvi (Maracanazo, seleção semifinalista em 1970), mas também pelo que vi (Fran­­­­cescoli, Rubem Paz, Ruben Sosa). Entre as três gerações, a característica comum de derramar até a última gota de suor na marcação e o talento com a bola no pé. Quando substituiu categoria por vontade e confundiu pegada com pancadaria, a Celeste desbotou.

Oscar Tabarez só conseguiu romper este ciclo de trevas quando resgatou a velha tradição charrua. Com Forlan recuado, encontrou a ligação ideal entre o meio marcador e o ataque veloz, formado por Suarez e Cavani. Atrás, Lugano deixa claro a quem quiser ouvir: a Celeste voltou.

Um pouco por causa do emprego atual, tenho lido bastante sobre a súbita atração dos Estados Unidos pela Copa do Mundo. Embora ainda haja as cabeças coroadas da Fox News que teimam em chamar o futebol de jogo de pobre e socialista, o romance entre a América e o beautiful game é irreversível.

Um número cada vez maior de americanos acompanha sua seleção pelo mundo. Espe­cialistas de outras modalidades foram deslocados à África do Sul para traduzir a novidade aos seus fãs. As vuvuzelas invadiram os estádios de beisebol, a ponto de o New York Yankees proibi-las.

Bob Bradley montou um time de preparo físico acima da média, organizado e que sabe reverter em benefício coletivo a experiência adquirida nas ligas europeias. Vendo a situação por um lado pragmático, dar certo nos EUA é fundamental para o negócio futebol continuar crescendo.

Eu, que nunca fui fã do american way of life, me peguei socando a mesa e vibrando com o gol da classificação sobre a Argélia. Da mesma forma que me comovi com a dignidade do Uruguai diante do México. Não pelos americanos ou pelos uruguaios. Mas porque ver o sucesso de ambos, mesmo que por razões diferentes, faz bem ao futebol.

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Leonardo Mendes Júnior é editor-chefe da revista ESPN.

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