• Carregando...

Os mais pragmáticos certamente dirão que nada vale mais do que os três pontos, mas Levir Culpi obteve a grande vitória do futebol brasileiro no pós-Copa. E não me refiro à dupla de cortesia do Atlético — capaz de fazer Deivid ser criticado pelos motivos errados e de marcar um zagueiro de grande futuro como Léo Pereira. A decisão de abolir a concentração do Galo deveria ter repercutido mais.

Poucos mecanismos representam melhor o atraso do futebol brasileiro do que a concentração. Objetivamente, exceto para quem tem hotel próprio, concentração é caro. Equipes de primeira divisão se hospedam com luxo de chefe de estado. Gastam um dinheiro que definitivamente não têm. A lógica de trancafiar alguém para disciplinar seu comportamento, além de militaresca, é equivocada. Parte dos princípios de que: 1) Jogadores de futebol são incapazes de tratar a noite anterior a um jogo com a seriedade devida; 2) A privacidade de um hotel isola o jogador de qualquer tentação.

Se um jogador não leva a própria profissão a sério, ele demonstrará isso no treinamento diário, na relação de respeito com os demais funcionários do clube, no cumprimento do seu contrato. Há inúmeras histórias de verdadeiras orgias envolvendo jogadores em hotel na véspera de jogo. E mesmo que o sujeito fique enfiado no quarto, nada impede que ele não vá gastar a noite no celular ou no notebook.

Como em tudo no futebol brasileiro, opta-se pela proibição e pelo faz de conta, ao invés da confiança, do profissionalismo e da responsabilidade. Surpreende que seja Levir o sujeito a dar este soco na mesa. Na­­da contra a capacidade dele, altíssima. Mas Levir está no negócio há anos, tem uma carreira de sucesso, ganhou dinheiro. Não precisaria se opor ao sistema.

Durante a Copa e logo depois dela, Vanderlei Luxemburgo falou muito em abolir a concentração. Ainda não fez. Luxemburgo é o típico produto do futebol brasileiro. Preocupa-se mais em prometer a mudança do que em efetivamente prometê-la. Levir simplesmente fez.

Outro que simplesmente tem feito diferente é Claudinei Oliveira. Enquanto muitos professores falam em melhorar o nível do jogo, mas seguem agarrados a um, dois ou até três demolidores de jogada no meio de campo, ele simplesmente escala um ex-meia e um ex-atacante como volantes. Isso na Série B, enfiado na zona de rebaixamento. O manual indicaria escalar dois trombadores e apostar na vontade para sair do atoleiro. Vai pelo caminho aparentemente mais difícil. Quer sair do fundo da tabela ganhando e jogando bem, não apenas não perdendo brigando. Não foi isso que todos pedimos após a Copa?

Claudinei é um cara da nova geração. Levir está na praça há décadas. Mesmo diferentes, tomam atitudes para tirar o futebol da mesmice. Algo que tem nada a ver com idade, mas sim com manter-se atento a como o mundo se transforma constantemente.

Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]