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Era uma tarde de junho bem curitibana. Céu azul e um sol ardido que, quando se põe, faz bater o arrependimento nos desavisados que deixaram a japona no armário e saíram de manga curta. A Arena da Baixada estava aberta para quem quisesse chegar. E muita gente chegou para ver o paranaense mais feliz de 2002. Kléberson já havia percorrido o trajeto do aeroporto até a Água Verde no caminhão dos bombeiros, com um sorriso que não cabia no rosto. E deu a volta olímpica mais anárquica da história do Caldeirão, com um troféu feito de papelão e silver tape que alguém jogou da arquibancada.

Ali pelo gramado, com um sorriso de pai orgulhoso, Ticão acompanhava a festa do piá que ele descobriu no Norte do Paraná. Após algumas questões triviais, perguntei a Ticão quem era o próximo Kléberson que ele ia levar do PSTC para o Atlético. Os olhos do olheiro brilharam e a voz rouca de cigarro respondeu: "Tem um moleque de 17 anos que acabou de chegar. Fernando. É um demônio. Vai ser melhor que o Kléberson."

No ano seguinte, Fernando fez suas primeiras diabruras no mundo dos adultos. Entrou em um jogo com o Criciúma, na Arena. Fez um golaço e comandou a virada para 5 a 2. Sentado na cabine da CBN, lembro do encantamento do Carneiro Neto, que não teve dúvida em dizer que Fernandinho seria um craque.

Fernandinho é um craque. Melhor que o Kléberson? Não dá para dizer. O Xaropinho foi o craque de um Brasileirão, ganhou uma Copa como titular, foi vendido para o Manchester United. Mas Fernandinho vai à Copa exatamente como Kléberson, após convencer Felipão em apenas uma convocação. E, não duvidem, pode acabar da mesma maneira, campeão e titular. Se isso acontecer, pena Ticão não estar mais aqui para se orgulhar de mais um craque endiabrado descoberto pelo seu olhar celestial.

100% política

A escolha do chefe de delegação da seleção brasileira em uma Copa é 100% política. Então, a indicação de Vilson Ribeiro de Andrade para o cargo só pode ser analisada sob esse aspecto. À frente da comissão de clubes, Vilson conseguiu apagar todo o foco de oposição à eleição de Marco Polo Del Nero – todos os times da Série A votaram nele – e tirou do projeto do Proforte o artigo que custaria R$ 30 milhões anuais à CBF.

O Coritiba já colhe frutos desse protagonismo do seu dirigente. Foi o único clube a conseguir mudar a data de um jogo do Brasileirão para fugir do período de cessão do seu estádio à Fifa. Em poucos dias, deve ter confirmada uma rara inversão no mando dos jogos com o Goiás, que evitará outro jogo com mando coxa-branca no período exclusivo e dará ao time 11 partidas em casa no returno. Vilson também recebeu seu prêmio pessoal, a indicação para chefiar a delegação na Copa. É preciso ter atenção e cuidado para o momento em que a CBF resolver cobrar a contrapartida.

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