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A semana de derrotas do Coritiba trouxe uma série de reações de Marquinhos Santos que precisam ser avaliadas em conjunto. A primeira foi bater no peito e dizer que assumia sua parcela de responsabilidade pela perda do título estadual para o Operário. A segunda, sacar Vaná do time titular. A terceira, cobrar publicamente Cáceres e Negueba. A última, cobrar reforços.

Um técnico assumir, no calor da derrota, a responsabilidade pela perda de um título dentro de casa tem uma forte carga de nobreza. Tão forte que, para os mais desatentos, até encobre o fato de Marquinhos simplesmente não ter especificado qual era sua culpa.

O que ele não demorou a fazer foi apontar com quem compartilha essa responsabilidade. Vaná sacado? Culpado. Cáceres e Negueba criticados? Culpados. Diretoria que demora a entregar um elenco melhor? Culpada.

É necessária uma condição profissional excepcional para conseguir criticar em público seus subordinados e chefes sem sair queimado... com seus subordinados e chefes. É assim no futebol, é assim no mundo empresarial real – como indica qualquer especialista em recursos humanos.

Por mais competente que seja, Marquinhos Santos ainda não tem pedigree para abrir dessa maneira a caixa de ferramentas. Mas talvez acredite – ou alguém o faça acreditar – que tem.

Uma diferença brutal do Marquinhos Santos da primeira para a segunda passagem pelo Alto da Glória é o isolamento. Como mostra o Fernando Rudnick, Marquinhos herdou a prática de Celso Roth de não falar antes do jogo. Após as partidas, evita muitas outras explicações com a “saída pela direita” de que precisa rever o jogo antes de fazer alguma análise.

Marquinhos é o tipo de treinador que – de tão estudioso – se entedia de falar com quem não tem um conhecimento tático elevado. Há dose de culpa nossa, de muitas vezes reproduzir ideias de um tempo em que era possível montar um time em uma mesa de pebolim. Mas há uma visão estreita do treinador, que tem obrigação de explicar ao torcedor que ajuda a pagar seu salário o que pretende do time dentro de campo. E a imprensa é um caminho para isso.

Marquinhos não explica o que vai fazer. Também não mostra – treinos fechados são tônica em qualquer clube. E depois do jogo, não explica. Vive em um mundo blindado, onde não é contestado diretamente por quem não é do seu convívio, não dá explicações.

Não surpreende que se sinta com envergadura suficiente para assumir uma culpa sem especificá-la e fazer críticas públicas em um tom acima do recomendado. Um choque de realidade lhe fará bem para se tornar o grande treinador que tem tudo para ser.

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