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Os quase 400 quilômetros que separam Curitiba de São Paulo se multiplicam quando o assunto é futebol. Acompanhar os nossos clubes durante o Estadual desafia a paciência e a sorte. No início do ano, tentei assinar o pague-pra-ver do Paranaense. Não consegui. E ainda me deparei com uma oferta para assinar o Gauchão, sob a justificativa – da atendente – de que os dois estaduais são, na verdade, um só. Respirei fundo, engoli os palavrões que me passaram pela cabeça e expliquei que não apenas são campeonatos diferentes como são estados diferentes. Minha vingança está guardada para os próximos dias, quando vou mudar de apartamento e dar um belo bico na operadora geograficamente incorreta.

Sem o pague-pra-ver à mão, me viro com videoteipes aleatórios, streamings pela internet e, quando a peleja é pela Copa do Brasil, a exibição pela tevê a cabo. Seja qual for a mídia, ao vivo, em vt ou com delay, sempre termino os jogos do Coritiba com a mesma conclusão: o time não jogaria tanto sem o Léo Gago.

É ele quem dá o ritmo à equipe alviverde. Quando a bola cai em seu pé ali pela intermediária coxa-branca, ele processa em milésimos de segundo todas as possibilidades de jogada e invariavelmente escolhe a melhor delas, com uma precisão celestial – ou diabólica. É hora de sair com calma? Então en­­trega para o Jonas ou Eltinho avançarem com a bola no pé. Precisa trocar passes? Chama o Davi, pois automaticamente o Rafinha e o Marcos Aurélio vão se posicionar para a triangulação. Não há tempo a perder? Então inverte o jogo, descobre um atacante a 30 metros de distância, como foi no gol do Rafinha contra o Caxias.

Há dezenas de explicações para o torcedor alviverde assistir aos jogos do clube neste ano. Os recordes, a certeza inabalável da vitória, a velocidade do ataque, a surpresa constante sempre que a bola cai no pé do Bill... Mas reserve um pouco da sua atenção para o Léo Gago. É muito graças a ele que o Coxa dá tão certo em 2011.

O bom teimoso

Uma das boas-novas trazidas por Adilson Batista é o reaproveitamento dos garotos da base rubro-negra. Com a mesma pressa com que foram pedidos no time principal, os garotos vice-campeões da Copinha em 2009 acabaram fritados e descartados. Erro duplo – ao antecipar a promoção e ao precipitar o descarte. Adilson tem dado novamente oportunidade a esses meninos, casos de Fransérgio e Bruno Costa. E apostado em outros, como Héracles, Deivid e Pimba.

O discurso é claro: todos terão tempo para jogar e, principalmente, terão direito de errar. Vindo de Adilson, é confortante. O treinador não costuma ceder a pressões externas, vide os anos de Cruzeiro, em que ganhou jogos vitais com o Mineirão inteiro o chamando de burro após uma substituição que contrariava a lógica, mas respeitava suas convicções. A boa teimosia de Adilson é o caminho pelo qual o Atlético atual voltará a ter um time de verdade.

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