• Carregando...

Uma postagem do jornalista Cristian Toledo (da Rádio 98 e da ÓTV) no Facebook me chamou a atenção: "Algumas vezes eu posto fotos dos estádios, antes de transmissões, e aí tem gente que começa uma troca insana de ofensas. Será que o futebol hoje é isso?" – escreveu.

Ele só me alertou para o que eu já havia constatado nos últimos tempos – e palavra que tentei, mas não consegui determinar desde quando –, quando as conversas sobre futebol deixaram de ser apenas trocas de ideias ou de provocações leves e engraçadas para se tornarem ponto inicial de confrontos sérios, em boa parte deles levados para as vias de fato.

Isso não é torcer. E quem, como eu, está há mais de 40 anos na estrada, sabe muito bem avaliar a diferença. Hoje não há torcidas, há beligerantes. Não há mais gozações, há provocações. E uma paranoia de tal intensidade toma conta da cabeça das pessoas, que inimigos são detectados em todos os cantos, seja na arbitragem "facciosa", seja na imprensa "corrupta", seja no jogador "vendido", seja no dirigente "estelionatário". E por causa disso atiram para todos os lados, como se não houvesse mais a possibilidade de convivência entre as partes envolvidas pelo mesmo interesse, o futebol.

Fico muito triste com tudo isso, pois aprendi a gostar de futebol justamente pela possibilidade de confraternização nos estádios e fora dele. Claro que também achava que o juiz "roubava" quando Coritiba, Atlético e Ferroviário iam a Ponta Grossa e ganhavam do meu Guarani. Mas não a ponto de odiar coxas, atleticanos ou bocas que por lá apareciam e com quem até nos encontrávamos depois, em algum barzinho ou outro local público.

A agressividade já vinha crescendo nos últimos anos e tornou-se ainda mais aguda com a escora das redes sociais. É muito fácil e cômodo (e covarde, diga-se) sentar à frente do computador e dedilhar algumas palavras ofensivas contra esse ou aquele, pessoa física ou instituição. O pseudoanonimato revela uma faceta cruel e mal educada de pessoas que ali fora até se comportam de outra maneira e que provavelmente não conseguiriam sustentar verbalmente (e cara a cara) os mesmos argumentos (quando existem) jogados na internet, doa a quem doer.

E o que é pior: é assim, sob esse clima e tendo como base esse tipo de comportamento, que nossas crianças estão sendo iniciadas no futebol. Apren­­dendo que aquelas determinadas cores que não as nossas não representam apenas um rival de campo, de estádio, e sim um inimigo a ser combatido com todas as armas. E começar pelos fáceis atalhos das redes sociais, para desembocar em lamentáveis encontros pré-marcados em esquinas e cantos das cidades.

Será isso o que desejamos para nossos filhos e netos?

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]