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O retrocesso do futebol paranaense tem explicação. Várias, aliás. Um dos pontos cruciais para esse momento de grave crise técnica e financeira é a precária situação política dos clubes, in­­ten­­sificada pelo papel apático adotado pela Federação Para­­naense de Futebol.

Os clubes já se acostumaram com a ausência de apoio da entidade, que se resume atualmente a organizar as competições locais e a promover os trâmites burocráticos de clubes e jogadores – tudo devidamente cobrado, como um cartório da bola. Mas, com a queda à Segundona local, o Paraná passou a depender de uma força da FPF. A intenção do time era não disputar o torneio no mesmo período da Série B do Brasileirão, a partir de maio, o que dificultaria a volta à elite nos dois casos.

Ajudar significaria lutar não por uma torcida específica, mas pelo estado. Seria dar sua parcela de contribuição, pequena, po­­rém importante, para que o Paraná Clube tivesse mais condições de brigar pela volta à Série A do Nacional, assim como se espera que faça o Atlético. Prevaleceu o descaso. Nem mesmo uma palavra amiga veio do Tarumã. Não se buscou alternativas, soluções. Jeito estranho de representar toda uma sociedade.

A culpa pelo péssimo momento do futebol paranaense está dentro de casa também. A nova diretoria do Tricolor toma posse hoje. Rubens Bohlen, o presidente para 2012, está cercado das mesmas pessoas que transformaram o gigante no nanico. A falta de renovação dos dirigentes na Vila Capanema depõe contra a saúde do clube. Profissionalismo e criatividade são as palavras da salvação. Sem elas, a Gralha Azul vai fazer seu ninho definitivo no segundo escalão.

Quando caiu à Série B, em 2007, o Paraná vivia clima tenso dentro de suas fronteiras, com troca de acusações que envolviam o nome do então presidente José Carlos de Miranda. O tumulto político impediu qualquer chance de salvação em campo. A mesma fórmula da autodestruição se repetiu neste ano em outro ponto da Engenheiros Rebouças. Disputas políticas internas em­­purraram o Furacão para fazer companhia ao Tricolor.

A eleição desta quinta-feira na Baixada coloca em lados opostos ex-companheiros de um grupo que se partiu em três. O atual mandatário Marcos Malucelli, antes amigo do peito, agora é oposição para a chapa de Diogo Fadel Braz (Paixão pelo Furacão) e para a do ex-presidente Mario Celso Petraglia (CAPGigante).

A principal diferença entre os concorrentes ao pleito é o modelo de gestão: o grupo de Braz quer a volta de um colegiado para decidir os assuntos em conjunto, enfraquecendo o presidente do clube; já o de Petraglia, homem de negócios de extrema habilidade, defende plenos poderes para o mandatário no Furacão. A união de forças, num futuro próximo, é improvável.

A única exceção é o Coritiba, que curte uma temporada de paz interna. Vilson Ribeiro de Andra­­de levou competência administrativa ao clube e não tem oponentes no Alto da Glória. O problema é que também não tem substituto, deixando o Coxa re­­fém de sua habilidade gerencial.

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