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Quem habita o belo CT do Caju, joga no caldeirão da Arena e se orgulha do saldo rubro-negro positivo no banco acha que não precisa de mais nada. Só pode ser essa a explicação para o otimismo costumeiramente exalado pelo Atlético, só abalado por choques de realidade como os dois últimos resultados – derrota em casa para o Atlético-MG e goleada fora para o Grêmio, dois concorrentes diretos na luta contra o rebaixamento.

Vejam bem: luta contra o rebaixamento. Após passar longe de evitar o título do rival Cori­­tiba no Paranaense, estava na cara que seria mais uma vez esse o destino atleticano no Brasileiro caso nada fosse feito. Mas surpreendentemente o diretor de futebol Al­­fredo Ibiapina, que havia assumido recentemente o cargo, afirmou após a eliminação da Copa do Brasil pelo Vasco (no dia 12 de maio) que o elenco era bom e que, com alguns reforços, brigaria pelo título brasileiro.

Uma declaração que flertava com o absurdo, e que o desempenho do time tratou de tornar ainda mais irreal quando a Série A começou. Foram apenas dois pontos conquistados nas dez primeiras rodadas (oito derrotas e dois empates). Mas bastou o time dar uma esperança de reação, com alguns bons resultados sob o comando de Renato Gaúcho, para o otimismo exagerado voltar a atrapalhar. Ibiapina, mais de uma vez, disse que via chances de o Rubro-Negro brigar por vaga na Li­­bertadores.

O dirigente é um capítulo à parte. Novato na função, ficou des­­lumbrado com a possibilidade de contratar jogadores e ge­­renciar um elenco da Primeira Divisão. Porém era muito mais difícil do que ele imaginava, e falava.

Suas declarações mais do que otimistas se tornarão folclóricas de vez caso a equipe não reverta a tendência de rebaixamento. Assim como as promessas do presidente Marcos Malucelli no início do ano, de chegar na final da Copa do Brasil ou da Sul-Ame­­ri­­cana e de realizar a melhor campanha dos últimos tempos no Bra­­si­­leiro.

Mas o principal problema não está nas palavras. Está na morosidade que toma conta do clube há pelo menos seis anos. Ou seja, bem antes da gestão Malucelli, iniciada em 2009. Mesmo quando quem dava as cartas ainda era Mario Celso Petraglia – um dos maiores exemplos de ambição que conheço –, após o time ser vice do Brasileiro (2004) e da Libertadores (2005), a impressão passou a ser de que o Atlético acre­­ditava que o CT, a Arena e a estabilidade financeira eram capazes de resolver tudo.

Não é por acaso que o Furacão sempre começa mal o Brasileiro e depois precisa se recuperar. A estrutura ajuda, é claro. Imagi­­nem o time atual com os salários atrasados, treinando em um campo esburacado ou jogando em um estádio sem a pressão que a torcida faz sobre o adversário nos momentos decisivos. A chance de recuperação seria ainda menor.

Apesar de as previsões serem as mais sombrias, tempo ainda há para recuperação no Brasilei­­ro. Caso isso ocorra, seja qual for o grupo político no poder do clube, só não dá para começar 2012 otimista.

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