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Sábado passado, folga deste cartunista, ligo para um amigo. Pensei em assistir ao jogo do Atlético, contra o Serrano. Há anos não vou a um estádio. Nem seria possível, pois as charges dos "muchachos de la pelota" têm de estar prontas para envio à Redação logo após o apito final. Quando um jogo só é definido nos últimos minutos, coisas complicam ainda mais; desenhar, escanear e pintar a charge sem piscar.

Portanto, jogos só pela tevê ou, quando não são transmitidos pela poderosa tela, rádio ou internet – ou ambos ao mesmo tempo.

– Alô, Polaco, vamos ao jogo na Arena?

– Jogo às 20h30 num sábado? Tô fora!

– Mas você é sócio, não perde jogo nem embaixo de chuva de sapo!

– Neste horário me recuso! É um desaforo. Neste horário estarei em casa assistindo um filminho com a patroa. Além do que, a cidade anda violenta demais para sair de um estádio perto das onze da noite.

– Ok, deixemos para uma próxima. Mas vai demorar; você sabe dos meus horários do jornal.

– Fazer o quê?... Vê aí quando puder e me liga.

– Valeu. Até.

– Abraço.

– Clic.

No domingo pensei em ir à Vila Capanema ver o Tricolor versus Paranavaí. Mas de novo em horário proibitivo para o cartunista: 19h30, o último jogo da terceira rodada. Antes do encerramento desta partida, as canetinhas de desenho já deveriam estar tintinando sobre o papel em branco. Fiquei apenas no jogo do sem-teto Engenheiro contra o outro sem-teto da capital. Um bom jogo.

A nostalgia de entrar em um estádio e ver uma partida ao vivo seguirá a espera de outra oportunidade.

Bem feito para o Polaco, que não viu o Atlético fazendo incomuns oito gols a zero na Arena da Baixada. Mas como conheço o humor ácido do branquelo, sei que diria, diante do fato aberrante:

– Contra um time como o Ser­­rano, sinto é vergonha, pois denuncia o quanto nossos adversários são fracos e patéticos. E sinto pena, também. A Federação deveria dar mais apoio aos times do interior, fortalecendo seu futebol. Ganharíamos adversários mais competitivos e jogos mais interessantes.

–Como o Operário, que fez 2 a 1 no CAP, na Arena?

– Isso foi uma assombração que passou pela Baixada. E eu não acredito em fantasmas. Foi um acidente.

Não adianta. O Polaco não gosta de perder em futebol e tampouco uma discussão. Chuta com a língua como ninguém. Goleia seus interlocutores mesmo seu time perdendo jogo.

Polaco é um grande artilheiro em futebol de mesa. De bar.

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