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No gol da vitória do Atlé­­tico-MG sobre o Vitória, Diego Tardelli mostrou, mais uma vez, seu talento. Tabelou com Coelho e, rápido como é, nos movimentos e no pensamento, recebeu a bola, livre, na entrada da área. Olhou para o goleiro, sem olhar para a bola, e, com a perna esquerda, a do chute, e a direita, a de apoio, nas posições corretas, finalizou rasteiro, com a força necessária e no canto.

Não foi um gol de placa, belíssimo, nem difícil de ser marcado. Foi um gol bem feito, uma aula de técnica, de como se fazer um gol com simplicidade e eficiência. "O talento é a arte de tornar simples o que é complexo".

Ao ver o gol de Tardelli, lembrei-me do técnico Leão. Onde ele está? Será que planeja, como Luxemburgo, sua candidatura ao senado?

Leão, com seus conhecimentos técnicos e sua prepotência, de quem tem um Deus na barriga, dizia, em sua última passagem pelo Atlético-MG, que Tardelli era o melhor atacante do Brasil. Ninguém concordava. Leão tinha razão.

Leão estufava o peito e falava que, com ele, Tardelli tinha outro comportamento, dentro e fora de campo. No São Paulo, Tardelli já ti­­nha jogado bem com Leão. Ago­­ra, Leão não pode mais se vangloriar disso. Com Celso Roth, Tar­­delli tem jogado melhor que jogava com Leão.

Tardelli é o melhor atacante do campeonato, mesmo se não fosse o artilheiro, com 16 gols, ao lado de Adriano. Além de fazer muitos gols, Tardelli se movimenta por todos os lados, participa do jogo coletivo e dá excelentes e decisivos passes. Esse é o grande atacante.

Reconheço a importância dos artilheiros, mas, se eles não tiverem outras virtudes, discordo do prestígio que possuem. Já escrevi, em mais um exagero de linguagem, que, se colocarem um zagueiro alto, forte e raçudo, de centroavante, parado, esperando a bola passar dentro da área, ele também vai ser artilheiro.

Outra diferença entre o artilheiro que joga muito e o fazedor de gols é que o primeiro está quase sempre livre para receber a bola. Ele sabe, antes dos zagueiros, aonde a bola vai chegar. Como ele sabe? Sabendo, sem pensar. Ele não precisa também de mais de um metro de distância do defensor para definir o lance.

Já o fazedor de gols adora colar nos zagueiros. Aonde vai o zagueiro, ele vai atrás. Não gosta de receber a bola livre. Atrapalha. Quer disputá-la no corpo, na trombada, e ser chamado de matador.

Há uma extensa graduação entre o artilheiro-artilheiro e o craque-artilheiro. Luís Fabiano é um excepcional finalizador, um dos melhores do mundo. É um craque para fazer gols, além de ter outras virtudes. Falta a ele o en­­canto, a jogada bonita, o drible desconcertante, o passe imprevisível dos grandes atacantes da história do futebol, como Romário, Ronaldo, Reinaldo, Coutinho, Van Basten e Gerd Müller. Hoje, o que mais encanta é Ibrahimovic.

Tardelli já teve, desde o início de sua carreira, momentos brilhantes, de craque. Não teve continuidade. Agora, podemos dizer que ele apenas passa por uma ótima fase mais prolongada ou ele já é, definitivamente, um excepcional atacante?

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