• Carregando...
Até os jogadores mais talentosos, como Kaká, aderiram ao discurso pragmático do resultado. “O espetáculo que a torcida quer ver é levantar a taça”, diz o camisa 10 da seleção brasileira | Fabrice Coffrini/AFP
Até os jogadores mais talentosos, como Kaká, aderiram ao discurso pragmático do resultado. “O espetáculo que a torcida quer ver é levantar a taça”, diz o camisa 10 da seleção brasileira| Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Espionagem

Taffarel verá rival da estreia

Olheiro da seleção brasileira, o ex-goleiro tetracampeão Taffarel é quem vai observar a Coreia do Norte, primeira adversária do Brasil no Mundial, no amistoso de hoje, às 11 horas (de Brasília), contra a Nigéria.

É a primeira oportunidade que a comissão técnica terá para ver os oponentes em ação no país da Copa. Fechadíssimos, os norte-coreanos não permitem imagens dos seus treinos e de sua delegação nos deslocamentos por Johannesburgo. Por esse motivo, a Fifa nem mesmo oficializou a partida de hoje.

A falta de informação sobre o rival da primeira rodada já fez jogadores canarinhos dizerem que, por terem poucas referências, a equipe do país do ditador King Jong-Il pode ser a mais complicada.

No entanto, não são apenas os adversários do grupo G (Portugal e Costa do Marfim completam a chave) que estão sendo analisados.

"Vou dormir tarde todos os dias porque fico assistindo jogos de diversas seleções na tevê", revelou o técnico Dunga, sem dizer quais equipes mais lhe chamaram a atenção até o momento. "Todas estão em fase de preparação", justificou.

  • No estilo Dunga, volantes como Gilberto Silva e Felipe Melo passam a ter quase o mesmo peso das estrelas Kaká e Robinho

O futebol espetáculo está em se­­gundo plano na seleção brasileira de Dunga. E essa posição é abertamente revelada por jogadores e membros da comissão técnica na África do Sul. Não há perspectiva nenhuma de mu­­dança no estilo. A forma pragmática e eficiente com que a equipe obteve resultados expressivos nos últimos três anos e meio será a tônica no Mundial.Até mesmo os jogadores mais talentosos do elenco canarinho admitem isso. Kaká e Robinho, principais guardiões da habilidade e da arte entre os 23 convocados do Brasil, não veem como uma equipe vencer apenas com o talento. A mistura com a força, tão vaticinada pelo treinador desde a conquista do Mundial de 1994, nos Estados Unidos – na qual era o capitão –, é padrão no time canarinho.Na luta pelo hexacampeonato, os atletas brasileiros têm valorizado muito mais o "futebol guerreiro", o "conjunto" e o "o que importa é ganhar", do que o show. "O espetáculo que a torcida quer ver é levantar a taça. É ganhar", afirmou Kaká, na mais concorrida entrevista coletiva de um jogador da seleção até o momento em solo africano.

Principal parceiro do camisa 10 na missão de dar talento ao time na Copa, Robinho ainda deixa um espaço para o "jogo bonito". Porém, não esquece o discurso de que a vitória está acima de qualquer discussão.

"Claro que o mais importante é vencer o jogo. Se der para ser com caneta e pedalada, melhor", diz ele, de quem todo torcedor espera algo a mais com a bola nos pés.

As declarações encontram eco nos resultados nos últimos Mundiais. Em 2006, uma defensiva, mas determinada, Itália levou o caneco. Quatro anos antes, o Brasil de Felipão apoiou-se no desempenho de Ronaldo e Rivaldo, mas, para muitos críticos, não foi espetacular na conquista do penta. A França de 1998 capengou até a final. E a equipe brasileira de Parreira, em 1994, se tornou símbolo do futebol de resultado.

"Hoje, muita eficiência e pe­­gada é o que vale. Se meu time tomar cinco gols, quero que faça seis. Se essa equipe se igualar na pegada às mais fortes, não vai ter para ninguém", prevê o goleiro Júlio César, adepto também da ideia de que a "evolução tática" e o "preparo físico" abafaram o futebol espetáculo.

A concepção é totalmente abraçada por Dunga. Desde a convocação, o treinador priorizou os jogadores com maior compromisso com a seleção, deixando de lado alguns com reconhecido talento. Casos de Ronaldinho Gaúcho e Adriano, por exemplo.

"A cobrança depois da Copa, no Brasil, será em cima do resultado", diz ele, não admitindo discursos em prol da beleza do jogo na sua equipe, que para ele não é apenas eficiente. "Um time que faz 108 gols não pode ter um ataque ineficiente e jogar feio", justificava, antes do amistoso contra o Zim­­bábue – agora já são 111.

Na continuidade da preparação para a Copa, a seleção viaja hoje à noite para Dar es Salaam, capital da Tanzânia, onde faz amanhã, contra os donos da ca­­sa, o último jo­­go preparatório antes da estreia marcada para o dia 15 de junho, diante da Coreia do Norte, no Estádio Ellis Park.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]