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O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, é rodeado por jornalistas na sala de imprensa do CT do Caju | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, é rodeado por jornalistas na sala de imprensa do CT do Caju| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Twitter

Discrição vai até a internet

Quem esperava descobrir alguma notícia quente sobre a seleção brasileira através do Twitter, esqueça. Desde a apresentação do elenco no CT do Caju, na sexta-feira, dos cinco jogadores da seleção que têm perfis na rede social, apenas Kaká e Luís Fabiano continuam postando. Mesmo assim, apenas futilidades. Já Júlio César, Grafite e Gilberto Silva simplesmente pararam de escrever desde que foram confirmados na lista de Dunga. O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, afirma que não houve reunião sobre o assunto, mas que há regras so­­bre postagens e que elas foram sendo criadas desde o surgimen­­to da ferramenta. É permitido todo o tipo de "tweet" que não seja noticioso. "Não houve nenhuma reunião. O que houve foi uma preparação nesses três últimos anos. Há restrição quanto a informações relevantes, que tem de partir da CBF", explica Paiva.

Por exemplo, Kaká chegou a Curitiba no dia 20 e de lá para cá fez 40 posts. Mas o mais próximo que o meia chegou dos bastidores no CT foi quando afirmou às 17 h de sábado: "Ro­­binho toca cavaquinho melhor que o JB !! Comprovado".

Já Luís Fabiano é só agradecimentos. Seu último post até ontem, era apenas para afirmar o que já havia saído na imprensa, que estava recuperado. "Gracas a Deus estou muito bem, obrigado a todos pelo carinho ...", escreveu.

Não é só o CT do Caju que está fechado para a imprensa, diminuindo a exposição da marca dos dez patrocinadores que despejam anualmente mais de R$ 200 milhões no cofre da CBF. O acesso aos jogadores tem sido controlado com mão de ferro. Dentro da cartilha de Dunga, a intenção é não beneficiar ninguém, acabando com os "privilégios midiáticos" que marcaram as duas últimas Copas do Mundo.

Em 2002, no Japão e na Coreia do Sul, os jornalistas se espremiam em busca de uma entrevista com Ronaldo e Rivaldo, os dois principais jogadores do time de Luiz Felipe Scolari – a dupla chegou ao Mundial em processo de recuperação física. Quatro anos depois, na Alemanha, o foco mais intenso ficou sobre Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká.

Os primeiros treinos pré-Copa da África do Sul no CT do Caju, em Curitiba, indicam o caminho a ser seguido. Desde sexta-feira, titulares (Michel Bastos, Gilberto Silva e Juan) e reservas (Daniel Alves, Kléberson e Thiago Silva) se revezaram igualitariamente ao microfone, divididos pela posição dentro de campo. Nenhum astro apareceu nem perto da sala reservada para os comunicadores.

O rito é sempre o mesmo. O diretor de comunicação da CBF Rodrigo Paiva escolhe os dois personagens do dia e colocá-os em uma van com vidros escuros que para em uma entrada secundária do centro de imprensa. Os jogadores descem e caminham por não mais que 15 metros até encontrarem seus assentos. Depois de uma apresentação informal, conduzida por Paiva, começa a sabatina – uma por vez.

"Não há critério. A ideia é que todos deem entrevista", justifica o diretor, peça-chave no organograma da entidade e braço direito do presidente Ricardo Teixeira. Na sequência, questionado por uma repórter local sobre a presença do paranaense Nilmar na coletiva de hoje, Paiva foi sucinto: "Uma boa sugestão, quem sabe?"

A autonomia do assessor, presença constante no banco de reservas em jogos amistosos e oficiais desde a conquista do pentacampeonato, desta vez esbarra nos conceitos de Dunga. A entrada da imprensa nos treinamentos depende do humor do treinador. Por isso, neste momento em que os trabalhos se resumem a atividades físicas, a opção foi por deixar os jornalistas do lado de fora.

"Lá (na África do Sul) vai ser diferente. Quando tiver bola vai ser diferente", promete Paiva, cercado por mais de 20 profissionais da imprensa. "Podendo a gente sempre ajuda. O que não dá é para ficar trazendo escada, trepar no muro... Se não daqui a pouco vira um evento midiático", emenda ele, numa clara tentativa de não repetir a conturbada preparação em Weggis (vilarejo suíço) para o torneio da Alemanha.

Quem tentou driblar as ordens ontem recebeu a ameaça de ficar proibido de entrar no CT até amanhã, quando a seleção se despede da capital paranaense.

Fiéis à orientação de Dunga, os jogadores evitam polemizar. Acatam as ordens, mesmo que grande parte do elenco tenha polpudos contratos publicitários para expor as marcas das chuteiras por exemplo. "Não existe blindagem", crava o veterano Gilberto Silva, remanescente dos dois últimos mundiais. "Respeito vocês [jornalistas], mas agora tem sido mais tranquilo para trabalhar", complementa o zagueiro Thiago Silva.

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