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Policiais fazem vigília pelas ruas de Johannesburgo, uma das cidades mais violentas do  mundo e a principal sede do evento da Fifa | Alexander Joe/ AFP
Policiais fazem vigília pelas ruas de Johannesburgo, uma das cidades mais violentas do mundo e a principal sede do evento da Fifa| Foto: Alexander Joe/ AFP

Alvo

Holandeses temem ação de terroristas durante a Copa

Autoridades de segurança da Holanda disseram ontem que estão levando a sério as ameaças aos fãs de futebol de seu país, após um suspeito de terrorismo preso no Iraque dizer que considerava realizar ataques contra torcedores holandeses ou dinamarqueses durante a Copa do Mundo da África do Sul. Mas os responsáveis pelo combate ao terrorismo dos países afirmaram que eles ainda não estão planejando nenhuma nova medida de segurança como resposta.

Judith Sluiter, coordenadora do setor antiterrorismo do governo holandês, disse que os comentários feitos pelo saudita Abdullah Azam Saleh Al-Qahtani, preso pelo exército iraquiano, estavam em consonância com a percepção da sua agência sobre ameaças potenciais. "Os interesses holandeses fora do país estão mais em risco do que dentro do país no momento", disse Sluiter. "Aqui, eles são limitados, mas no exterior eles são importantes."

Al-Qahtani disse em uma entrevista na prisão, que ele considerou atacar as equipes holandesas e dinamarquesas ou torcedores para vingar supostos insultos ao Islã. "Nós discutimos a possibilidade de vingança para os insultos ao profeta [Maomé] ao atacar a Dinamarca e a Holanda", disse Al-Qahtani. "Se não fôssemos capazes de atingir as equipes, então nosso alvo seriam os torcedores."

Os holandeses seriam alvos de ataque por causa de filmes feitos por Geert Wilders, um político de direita. Já a publicação de caricaturas com o profeta muçulmano Maomé é o motivo da fúria contra os dinamarqueses.

  • Polícia de Johannesburgo escala prédio para ensaiar táticas de segurança. Todas as 32 equipes da Copa serão vigiadas por unidades especializadas

Há duas semanas, helicópteros deram voos rasantes sobre o estádio Greenpoint, na Cidade do Ca­­bo. Po­liciais armados, todos integrantes da força-tarefa especial criada especialmente para a Copa, usaram rapel para descer do teto do estádio, um dos cinco erguidos para o torneio da Fifa. Tudo em meio a muitos aplausos e festejos.

A encenação, batizada de "Dia de Exercícios", serviu para a África do Sul testar o seu arsenal de segurança. E, de certo modo, tentar acal­­­­mar o mundo, assustado com as variadas notícias de violência no país que pipocam na mídia.

O poder bélico é de assustar. O in­­vestimento em policiais, armamentos e tecnologia bateu na casa dos US$ 180 milhões (cerca de R$ 324 milhões). Considerando os qua­­dros da Marinha, Exército e Aeronáutica, deslocados de função entre os meses de junho e ju­­lho, mais de 140 mil homens foram destacados para trabalhar na Copa, sendo 46 mil policiais envolvidos diretamente no apoio aos torcedores.

"Esses homens estarão nas nove cidades-sede e em outras áreas estratégicas, que incluem portos de entrada, aeroportos e 54 pontos de fronteiras. A equipe de segurança tem dado prioridade ao estudo de trajetos, aos locais de con­­centração e treinamento, ho­­téis e estádios", explicou Bheko Celeo, comissário chefe do Serviço de Polícia Sul-Africano.

A tropa de choque contará com o que existe de mais moderno na área. Foram adquiridos pequenos aviões guiados por controle remoto, canhões aquáticos, carros im­­portados para patrulhar rodovias e helicópteros que acom­pa­nha­­rão as seleções pelo ar. Centenas de câmeras de vigilância foram espa­­lhadas por todas as cidades que re­­ceberão jogos. "Nós estamos prontos. Nós estávamos prontos desde ontem", cravou o general Bheki Cele.

Tudo para conter a fúria de uma nação marcada pela desigualdade. A África do Sul fechou 2009 com 24,3% de sua população desempregada. Apesar do investi­­men­­to recente, que implicou em uma diminuição consistente, são quase 50 assassinatos diários no país. A taxa é de 36,2 para um gru­­po de 100 mil habitantes. Esse ín­­dice em São Paulo, por exemplo, é de 10,8.

O bairro de Hillbrow, na área central de Johannesburgo, ficou marcado por 89 mortes violentas só em 2009. Não à toa, a região ga­­nhou o status de QG do crime e do tráfico de drogas na principal ci­­dade da África do Sul.

Há, ainda, dois outros tipos de distúrbios que incomodam o Co­­mitê Organizador Local (COL). As ameaças de grupos radicais brancos se intensificaram desde a mor­­te, em abril, de Eugene Ter­­re’Blan­­che, líder do Movi­­mento de Resis­­tência Afrikáner.

A rede terrorista Al-Qaeda também voltou a incomodar. O grupo já divulgou a intenção de plantar uma bomba no estádio de Rus­­tenburgo, na partida entre In­­glaterra e Estados Unidos, na pri­­meira fase – nesta semana o comando militar iraquiano anunciou a prisão de Abdullah Azzam Saleh Misfar Al-Qahtani, espécie de mentor da rede.

"Nós temos nos preparado pa­­ra tudo, desde o mais insignifican­­te dos atos criminosos à maior das ameaças de terrorismo", ressaltou Nathi Mthethwa, ministro da Polícia da África do Sul. "A África do Sul abrigará a mais segura e protegida da Copa do Mundo. Fracasso não faz parte do nosso vocabulário", emendou ele, em um recado direto ao resto do mundo.

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